Opinião
Call Center: insatisfações e doenças
POSTADO ÀS 07:40 EM 17 DE Julho DE 2008
Por Sérgio Goiana
O setor de telemarketing emprega 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos e 1,5 milhão na Europa. Na Inglaterra, existe mais gente empregada nesse setor do que nas indústrias de carvão, aço e automóveis juntas.
No Brasil, o telemarketing já absorve cerca de 400 mil trabalhadores e a expectativa é de crescimento e geração de novos empregos. Estima-se que essa atividade movimente em torno de R$ 65 bilhões por ano no mercado nacional.
No entanto, é preciso ter atenção: tanto dinheiro favorável ao telemarketing pode esconder problemas relacionados a esse trabalho, como baixos salários e doenças ocupacionais, tanto físicas como psicossociais. Há muito tempo lutamos pela melhoria na qualidade no atendimento à população dos usuários da Previdência Social. Sempre defendemos a realização de concurso público, melhoria nas condições de trabalho, de saúde, de segurança e, acima de tudo, de um atendimento aos usuários dos serviços públicos. Todavia, ainda estamos muito distante desse objetivo.
Na tentativa de melhorar o atendimento dos usuários da Previdência que passavam longas horas em filas, foi criado o serviço de atendimento chamado Call Center cujo principal tarefa seria de resgatar a dignidade do atendimento à população.
Porém, o serviço que era para minimizar a situação do trabalhador/a passou a ser um’‘verdadeiro terror’, uma vez nos últimos surgiram problemas relacionados às doenças ocupacionais que começaram a prevalecer no cotidiano dos trabalhadores/as, trazendo como conseqüência o elevado número de casos de Lesão por Esforço Repetitivo (LER).
Os operadores do Call Center executam tarefas muito repetitivas. Alem disso, são submetidos à forte pressão e vivem sob a constante ameaça de perder o emprego, já que a rotatividade de funcionários no setor costuma ser em larga escala. Em se tratando de relações trabalhistas, sofrer não deve ser condição, nem muito menos conseqüência, ainda mais quando é resultado de situações de humilhação, constrangimento e submissão. Salientamos que o assédio moral no trabalho é um fenômeno antigo, mas que vem recebendo destaque pela mídia nos últimos tempos devido à tendência de tornar as relações de trabalho mais transparentes e justas. Basicamente, consiste em degradar as condições de trabalho por meio de ofensas, pressão e críticas excessivas dos chefes sobre seus subordinados.
O assédio moral acontece devido ao abuso do poder, provocando um cenário de discriminação dentro da empresa. O medo desemprego é uma das principais causas desse fenômeno. Para garantir seu emprego, o funcionário sujeita-se a atitudes antiprofissionais; o chefe, por seu lado, transfere toda a insegurança para sua equipe mediante atitudes autoritárias
Ao falarem pelo telefone, eles têm que seguir em muitos casos um script predeterminado e são rigidamente supervisionados, já que toda a conversa é gravada.
A conseqüência dessa pressão já pode ser observado nos índices de doenças ocupacionais. Dentro desse contexto, a pior solução foi dada pelos proprietários desses serviços: demitir funcionários, repor a mão-de-obra, constantemente, e deixar para Previdência Social o grande prejuízo de funcionários afastados de suas funções, trazendo mais ônus para o combalido caixa previdenciário.
Muitas dessas empresas agem com “mão de ferro” contra os homens e mulheres, desrespeitando inclusive as Leis Trabalhistas vigentes. O Governo Federal precisa intervir contra esses abusos e desmandos.
Reivindicamos que os trabalhadores/as exercem mais esse serviço para população com condições de trabalho, qualidade de vida e salários justos. O excesso da jornada, a falta de intervalo adequado e, sobretudo, o desrespeito ao ser humano, são fatores prejudiciais para uma relação harmoniosa entre o capital e o trabalho.
Precisamos avançar na construção de um a relação consistente, transparente e objetiva que contribuam na melhoria efetiva do atendimento à população motivo da existência do planeta terra.
PS:Os governos do PT apoiam a chegada de Call Centers em suas cidades e oferecem inúmeras vantagens a esses empresários sem escrúpulos
quinta-feira, 17 de julho de 2008
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