sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Que vergonha Pc do B...

Está no Diário Oficial. Viva a festa!!!
Nº 206, quinta-feira, 23 de outubro de 2008


MINISTÉRIO DO ESPORTE
SECRETARIA EXECUTIVA

EXTRATO DE INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO Nº 4/2008



Nº Processo: 58701001326200801 . Objeto: Contratação de serviços
de produção para participação deste Ministério no Grande Prêmio do
Brasil de Fórmula 1, visando a disponibilização de espaço personalizado
e exclusivo, para a divulgação e promoção do projeto de
candidatura Rio 2016, a ser realizada nos dias 31 de outubro, 01 e 02
de novembro de 2008. Total de Itens Licitados: 00001 . Fundamento
Legal: Artigo 25, inciso I, da Lei 8.666/93 . Justificativa: Para atender
solicitação da Secretaria Executiva deste Ministério Declaração de
Inexigibilidade em 21/10/2008 . JOSÉ LINCOLN DAEMON . Subsecretário
de Planejamento, Orçamento e Administração . Ratificação
em 22/10/2008 . WADSON NATHANIEL RIBEIRO . Secretário Executivo
. Valor: R$ 595.000,00 . Contratada :INTERPRO - INTERNATIONAL
PROMOTIONS LTDA . Valor: R$ 595.000,00

(SIDEC - 22/10/2008) 180002-00001-2008NE900035
Ministério do Esporte
.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

NA BOLÍVIA...

BOLÍVIA 400 GRAUSO que falar sobre a situação na Bolivia?
por Paula Paschoalick
Não querendo ceder aos meus apelos íntimos de ir logo falando mal dos rebelados bolivianos, os que explodem gasodutos, que promovem arruaças, que não enfiaram o rabo entre as pernas depois do referendo que reafirmou a posição do presidente Evo Morales, fiquei puxando pela memória as matérias jornalísticas sobre a vitória de Evo no referendo, tentando contemporizar a questão.
Em uma pesquisa rápida na internet sobre a votação comprovei algo de que já suspeitava. A vitória não foi tão badalada por aqui. Dentre os dez primeiros resultados nenhum trazia a categórica lavada de Evo, que, não só reafirmou a certeza popular de que deve continuar presidente, como aumentou sua aprovação. Os 53,7% de eleitores saltaram para mais de 60% no referendo. Tudo dentro da mais absoluta democracia.
A ameaça do racionamento de gás para o Brasil é a grande vedete do noticiário, seguido pelo fantasma da guerra civil a ameaçar as regiões fronteiriças... aliás elas têm sido desculpa para tudo, que o digam os índios da reserva Raposa do Sol.
É incrível como o tom das reportagens consegue desfocar os verdadeiros responsáveis por essa ameaça, os rebelados, para a política boliviana. Não! Não é o Evo que ameaça o abastecimento, não é Evo que desrespeitou a vontade democrática, são os rebelados das classes abastadas, que em outras situações já teriam sido tachados de terroristas pela mídia gorda.
Para pontuar melhor a atual situação da Bolívia, o jornalista Marco Aurélio Weissheimer escreveu uma ilustrativa matéria, desenrolando de vez a história da expulsão do embaixador norteamericano da Bolívia, nos dando bons sinais dos porquês das notícias que nos chegam por aqui serem tão nebulosas. Confira:
A Política dos EUA na Bolívia
Os movimentos de um embaixador especialista em conflitos separatistas
Deputados bolivianos divulgam documento denunciando as articulações promovidas pelo embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, Philip Goldberg, contra o governo de Evo Morales. Considerado um especialista em conflitos separatistas, Goldberg foi enviado a La Paz depois de chefiar a missão dos EUA no Kosovo, onde trabalhou para consolidar a separação e a independência dessa região, depois da Guerra dos Balcãs.
Quatro deputados do Movimento ao Socialismo, partido do presidente da Bolívia, Evo Morales, divulgaram um comunicado denunciando ações do governo dos Estados Unidos, por meio de seu embaixador em La Paz, Philip Goldberg, para derrubar o governo eleito do país. César Navarro, Gustavo Torrico, Gabriel Herbas e René Martinez relacionam um conjunto de fatos ocorridos nos departamentos da região leste do país que obedeceriam a uma estratégia fixada pela oposição em conjunto com o embaixador Goldberg.
Os fatos apontados pelos parlamentares bolivianos são os seguintes:
No dia 13 de outubro de 2006, os Estados Unidos enviam a Bolívia, como embaixador, Philip Goldberg, um especialista em fomentar conflitosm separatistas. Entre 1994 e 1996, foi chefe da secretaria do Departamento de Estado para assuntos da Bósnia (durante a guerra separatista dos Bálcãs).
Entre 2004 e 2006, Goldberg foi chefe da missão dos EUA em Pristina (Kosovo), onde trabalhou para consolidar a separação e a independência dessa região, marcada por uma luta que deixou milhares de mortos.
Segundo os deputados, Philip Goldberg foi enviado a Bolívia com a missão de desestabilizar o governo de Evo Morales, principalmente incentivando o separatismo das regiões orientais. Na Bolívia, depois do triunfo de Evo Morales na eleição de 18 de dezembro de 2005, os partidos tradicionais e as elites sofreram um duro golpe, Goldberg se encarregou de reorganizá-los e de construir um caminho conspirativo para desgastar o novo governo.
Plano midiático de desinformação
Goldberg organizou uma grande coordenação com empresários do leste, com donos de meios de comunicação e políticos do movimento Podemos para colocar em marcha um grande plano de desinformação com respeito à gestão de Evo Morales, tudo isso dentro do marco de uma intensificação das lutas regionais contra o Estado boliviano. Esse plano de desinformação era constituído pelos seguintes passos:
a) Mostrar que o narcotráfico estava crescendo na Bolívia;
b) Os meios de comunicação precisavam mostrar que Evo estava governando mal e que a inflação, a corrupção e o desgoverno estavam crescendo;
c) Os meios de comunicação também deviam imputar ao governo a responsabilidade pela violência no país. Começou a ser difundido aí o conceito de que "Evo dividia a Bolívia". Consolidados esses passos, Goldberg reúne-se, na primeira semana de maio,ncom Jorge Quiroga e acertam a aprovação, no Senado, do referendo revogatório.
Eles estavam convencidos que Evo Morales não conseguiria obter mais de 50% dos votos e, uma vez deslegitimado nas urnas, a oposição e os prefeitos da chamada "Meia Lua" pediriam a renúncia do presidente por "ilegítimo, mau governante e por dividir a Bolívia". No entanto, os prefeitos dos departamentos (equivalentes a governadores) não foram consultados sobre este plano e acabaram se opondo a ele, por achar que não daria certo. No dia 23 de junho, reúnem-se em Tarija e elaboram um pronunciamento escrito para rechaçar o referendo revogatório. Dias antes, em 17 de junho, Philip Goldberg viajou para os EUA, alegando uma suposta crise diplomática.
O objetivo real de sua viagem, dizem os deputados, foi definir um plano, junto a agências publicitárias, para desenvolver uma guerra suja que pudesse causar a derrota de Evo no referendo. No dia 2 de julho, Goldberg regressou a La Paz e, imediatamente, reuniu-se com cada um dos prefeitos opositores para convencê-los a aceitar o referendo. No dia 5 de julho, os prefeitos opositores anunciam que aceitam disputar o referendo.
Os donos das grandes empresas de comunicação também participaram deste plano, denunciam os parlamentares. Isso explicaria, por exemplo, porque nos principais programas políticos destes meios as pesquisas sempre apontavam Evo Morales com cerca de 49% dos votos. A tentativa de derrubada do governo pelo voto estava em marcha. Além desta campanha nos programas políticos, também foi executada uma outra no terreno da publicidade. A oposição contratou uma agência de publicidade para elaborar os primeiros spots contra Evo Morales. Ao dar-se conta que os roteiros e o dinheiro vinham dos EUA, esta agência decidiu não produzir mais os comerciais.

O Plano B do embaixador
O plano para tirar Evo do governo acabou sendo frustrado pelo resultado do referendo. O presidente se legitimou com mais de 67% dos votos e Goldberg passou então a colocar em marcha um Plano B, que incluem greves, bloqueios e ações violentas que buscariam dois resultados alternativos.
1) O conflito se generaliza e obre o leste e parte do oeste do país. A população começa a se cansar, as forças da ordem entram em ação, com muitas mortes. Neste caso, Evo teria que convocar eleições ou deixar o governo depois dos conflitos com mortes. A insistente provocação para que as forças policiais e as forças armadas atuem se encaixa neste plano.
2) Caso não ocorra o cenário anterior, a oposição contaria ainda com uma segunda possibilidade: uma vez desalojada a polícia e o Estado Nacional das regiões, em meio à violência, Goldberg oferece aos prefeitos opositores a vinda de mediadores internacionais, inclusive tropas da ONU para concretizar o separatismo dos quatro departamentos rebeldes, como fez no Kosovo.
Seguindo esse plano, Goldberg viajou a Sucre e se reuniu com a prefeita Savina Cuellar, que pediu a renúncia do presidente. No dia 21 de agosto, o embaixador encontrou-se clandestinamente com o prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas, e com quatro congressistas norte-americanos. No dia 25 de agosto, mais uma reunião com Rubén Costas. Paralelamente, a oposição rejeitou o chamado de diálogo feito pelo governo e, no dia 24 de agosto, convocou uma greve geral. Seguindo a linha proposta por Goldberg, denunciam ainda os parlamentares do MAS, os prefeitos impuseram um plano de desgaste de médio prazo, incluindo destruição de instituições públicas e provocações à polícia e às forças armadas.
Na mesma linha golpista, em Santa Cruz e em Tarija começou-se a falar de federalismo e até de independência. Como o empresariado cruceño estava mais interessado na Feira de Santa Cruz (que deve iniciar no dia 19 de setembro) que nas greves e bloqueios, o Departamento de Estado convocou Branco Marinkovic para uma conversa nos EUA. No dia 1° de setembro, em um pequeno avião Beechcraft, matrícula C-90A, Marinkovic viajou aos Estados Unidos onde o convenceram de que o plano estava em sua trama final e que era preciso jogar-se todo nele. No dia 9 de setembro, horas depois do regresso de Marinkovic a Santa Cruz, iniciam protestos violentos, com invasão e queima de instituições públicas e novas agressões às forças armadas e à polícia.
Este é o plano golpista que está em marcha com o apoio da embaixada dos EUA, dizem os deputados. Foram essas razões, asseguram, que levaram o governo boliviano a pedir sua saída do país. Eles manifestam confiança que esse plano fracassará porque o governo de Evo Morales segue controlando o conflito, com paciência e dentro da legalidade, mantendo-o em sua dimensão regional. "A violência gerada por grupos impulsionados por este plano golpista é a forma pela qual os setores conservadores mostram sua decisão de acabar com a democracia, já que ela não serve mais aos seus interesses", concluem.
Marco Aurélio Weissheimer
Originalmente postado no site Carta Maior

terça-feira, 30 de setembro de 2008

ELEIÇÕES 2008

O autor deste blog humildemente recomenda:

Em Recife, vote kátia Telles (16) e Cláudia Ribeiro (16123)

Em Olinda marque 50 pra prefeito e vereador

Em Jaboatão vote Sóstenes (50) e Maria (16123)

e é só...

O FUTEBOL DE MACHADO DE ASSIS

O futebol de Machado de Assis

Há 100 anos morria o maior escritor brasileiro: Joaquim Maria Machado de Assis.
Machado que não chegou a conhecer o futebol como fenômeno social.
Conheceu apenas uma brincadeira de bola entre ingleses e seus simpatizantes.
Uma sátira aos jogos de salão.
Porém, algumas frases e personagens de Machado são puro futebol brasileiro.
Uma antecipação das crônicas de Mário Filho.
Eternas e contemporâneas.
Basta imaginar o instante da penalidade máxima.
O batedor de pênalti com olhos de Capitu. O goleiro Bento na dúvida infame. A intenção do chute dissimulada até o momento final.
Ou quem sabe, a fina ironia na paixão do jogador profissional pelos seus clubes:
"... amou o Vasco da Gama durante quinze meses e onze milhões de reais: nada mais."
Machado escreveria biblicamente sobre os clubes que lutam para não serem rebaixados:
"Bem-aventurados os que não descem."
E se lhe fosse dado conhecer o Maracanã, talvez modificasse o texto sobre a Rua do Ouvidor:
"Uma cidade é um corpo de pedra com um rosto. O rosto da cidade fluminense é este estádio, rosto eloqüente que exprime todos os sentimentos e todas as idéias."
Um zagueiro chora e esperneia quando da marcação de uma falta, ou quando da sua expulsão?
O Bruxo sentencia: "Lágrimas não são argumentos."
Machado de Assis, que sabia ser insidioso como Nelson Rodrigues: "Eu sinto a nostalgia da imoralidade."
Por vezes irônico e cruel. Como durante os funerais de um craque cercado pela lágrima dos torcedores que lhe vaiaram até o descanso final:
"Está morto? Podem elogiá-lo à vontade."
O mesmo torcedor que no instante seguinte chora uma derrota. Uma batalha perdida. Um frango incomensurável? Machado surge, conselheiro:
"Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem."
Machado, gênio e mulato como Friedenreich. Incomparável como Pelé. Astucioso como Leônidas. Imarcável como Garrincha. Múltiplo como Zizinho.
Machado descendente de escravos. Machado, mestre do xadrez.
Porque o coração é o território do inesperado.
Porque a vida é uma enorme loteria.
Contam seus biógrafos que um amigo de Machado de Assis o procurou em 1906. Triste e amargurado. O seu Botafogo havia perdido para o Fluminense por 8 x 0.
Machado, velho e cansado, amargurado com o vazio da morte de sua Carolina, mesmo assim Machado ficou meditando sobre aquele estranho jogo, sobre aquela interminável tristeza do amigo. Não querendo deixar o colega sem uma palavra de consolo, lembra então de Rubião e de Quincas Borba.
Encarando o rosto sofrido do amigo, não pode deixar de sussurrar-lhe uma advertência. Aparentemente óbvia. Enigmaticamente simples:
"Ao vencedor, as batatas!"

sábado, 23 de agosto de 2008

TROTSKY

• No dia 20 de agosto, completam-se 68 anos do atentado que tiraria a vida de Leon Trotsky por um agente do stalinismo. O assassinato não foi algo inesperado. Era parte de um esforço em eliminar qualquer ligação entre os dirigentes da Revolução de Outubro e as gerações mais jovensLeon Trotsky lia atentamente um texto entregue a ele por seu assassino. De repente, um golpe violento na cabeça dado pelas costas com uma picareta de alpinista o jogou ao chão.Mesmo ferido mortalmente, ele se agarrou ao assassino enquanto seus guarda-costas chegavam. Gritou para que não o matassem, para que se descobrisse o mandante do crime.Era o dia 20 de agosto de 1940. Trotsky foi levado ao hospital ainda lúcido. Em suas últimas palavras, deixou a mensagem de otimismo a seus camaradas em todo o mundo: “Estou próximo da morte, devido ao golpe de assassino político... Por favor, digam aos nossos amigos... Estou certo... da vitória da IV Internacional... continuem”.Antes de entrar na sala de cirurgia, se despediu carinhosamente de Natasha, sua companheira de muitos anos. Entrou em coma logo depois e morreu no dia seguinte.O assassino Ramon Mercader, o nome verdadeiro do assassino, era um agente da GPU, serviço de segurança russo antecessor da KGB. Foi um crime longamente planejado pelo stalinismo. Mercader viajou para a URSS em 1937, lá permanecendo por seis meses. Depois, no México, conseguiu se aproximar pessoalmente de uma secretária de Trotsky, Silvia Ageloff.A partir daí, se apresentou ao velho revolucionário como um simpatizante de suas idéias. No dia do assassinato, entregou um texto a Trotsky para que ele opinasse. Aproveitando-se de sua distração, assassinou-o pelas costas.Depois de sair da prisão, em 1961, Mercader foi para URSS, onde foi condecorado com a medalha de “Herói da União Soviética”.Stalin tenta cortar o fio de continuidade do marxismoO assassinato de Trotsky não foi algo inesperado. Era parte de uma política consciente do stalinismo de eliminar qualquer ligação entre os velhos dirigentes da Revolução Russa de 1917 com as gerações mais jovens. Era a tentativa de cortar o fio de continuidade do marxismo revolucionário num momento em que se preparava, novamente, uma guerra mundial, com suas conseqüências revolucionárias. Existia a possibilidade de se construir uma alternativa de direção revolucionária ao redor do velho bolchevique russo.Trotsky pertenceu a uma geração de revolucionários sem precedentes na história. Uma geração que deu respostas teóricas e políticas desde questões relacionadas à organização do partido revolucionário até a construção do poder de Estado pela classe operária.Ele não foi apenas um dos principais dirigentes da Revolução Russa ou o organizador do Exército Vermelho, como é costumeiramente lembrado. Foi o primeiro a identificar o perigo da crescente burocratização do partido e do Estado operário soviético, que ameaçava as conquistas da Revolução de Outubro.Dedicou sua vida, a partir da morte de Lenin, a uma luta prática e teórica para libertar o movimento operário internacional da dominação stalinista. Lançou-se numa batalha sem tréguas contra a burocratização e em oposição à desastrosa política da burocracia dirigida por Stalin.Logo após a ascensão do stalinismo, o revolucionário russo organizou a Oposição de Esquerda e se opôs radicalmente à teoria do “socialismo num só país” defendida por Stalin. Trotsky sustentava que era impossível construir o socialismo limitado às fronteiras nacionais de um país economicamente atrasado como a Rússia. Como Lenin, acreditava que a Revolução Russa era só o princípio da revolução socialista mundial.Trotsky dedicou os últimos anos de sua vida a construir uma alternativa à desastrosa política dos partidos comunistas, intervindo nos processos revolucionários. Realizou o que em sua própria opinião era “o trabalho mais importante” de sua vida: a construção da IV Internacional.A perseguição implacável do stalinismoEm 1927, Trotsky foi expulso do partido, destituído de suas funções no Estado Soviético e, no início de 1928, deportado para o Cazaquistão. No ano seguinte, Trotsky foi banido da URSS e sua condição de cidadão soviético foi cassada.Trotsky era um homem sem nacionalidade ou cidadania. Começava, assim, uma longa jornada de exílios e expulsões que iniciou na Turquia, passou pela Noruega e pela França, até chegar, finalmente, ao México, em 1937, único país que aceitou o exílio do revolucionário russo.Quatro anos antes do assassinato, tiveram início os famosos Processos de Moscou contra dirigentes bolcheviques. Neles, foram fuzilados velhos colaboradores de Lenin, como Zinoviev, Kamenev, Bukharin, Antonov-Ovseenko, entre outros. Durante os processos, o próprio Trotsky foi condenado à morte por ser considerado um suposto “agente sabotador do imperialismo”. Nesse período, milhares de ativistas da Oposição de Esquerda já haviam sido atacados, assassinados, presos ou deportados.A campanha de terror tinha o objetivo de suprimir toda oposição genuinamente socialista contra a usurpação do poder feita pelo stalinismo. O alvo maior do stalinismo era atacar os que estavam junto com Trotsky. Em fevereiro de 1937, Leon Sedov, filho de Trotsky, foi morto em Paris. Às vésperas da fundação da IV, Rudolf Klement, secretário de organização da nova Internacional, foi assassinado, e o projeto de estatutos foi roubado.Em 24 de maio de 1940, se deu a primeira tentativa de assassinato de Trotsky. Um bando de assassinos stalinistas, liderados pelo pintor David Siqueiros disparou rajadas de balas contra a casa do revolucionário que escapou do atentado.Na segunda tentativa, conseguiram seu objetivo. Stalin havia, finalmente, liquidado o último dos grandes dirigentes bolcheviques da Revolução de Outubro.O stalinismo foi julgado pela históriaO stalinismo procurava desarticular a recém-fundada IV Internacional. Possui um grande significado o fato de Stalin, que naquele momento dirigia um Estado operário e tinha influência em partidos de massas de todo o mundo, ter de recorrer a um assassinato pelas costas de um velho de 61 anos.Hoje, o aparato stalinista desabou. Mesmo o que resta dos partidos stalinistas rejeita a vinculação com Stalin. Por outro lado, a IV Internacional sobreviveu e está sendo reconstruída. Obviamente, o assassinato do principal dirigente da Internacional foi uma perda colossal.Mesmo assim, o stalinismo não conseguiu suprimir o legado teórico e político do revolucionário russo. Suas obras constituem uma extraordinária contribuição para a teoria marxista. Um legado para as novas gerações de revolucionários que mantêm viva a sua luta em defesa do socialismo e da IV Internacional.

domingo, 17 de agosto de 2008

DE CUBA...

ENTREVISTA / YOANI SÁNCHEZ"Cuba me dói"
Por Mauro Malin em 12/8/2008
Interessado em coisas de Cuba, fui capturado pela magia do blog de Yoani Sánchez, Generacion Y. Sem saber que ela é uma celebridade internacional, mandei-lhe uma mensagem eletrônica pedindo que desse entrevista ao Museu da Pessoa para contar sua história de vida.
Foi Heci Candiani, a editora de conteúdo do portal do Museu, que me falou da notoriedade de Yoani. Quando lhe mandei cópia da mensagem para Yoani, devolveu: "Boa sorte, acho que você consegue", mas havia uma certa ironia subjacente na continuação do texto: "O blog dela é genial e ela foi eleita uma das 100 personalidades do ano pela Time, depois de ganhar um prêmio de literatura na Espanha". Depois, abri uma edição da revista Claudia e lá estava Yoani, com o maior destaque. Mas não desanimei.
Inspirei-me esotericamente no pianista cubano Chucho Valdés. Na segunda mensagem que mandei a Yoani, eu disse que escrevia ao som de Chucho executando Delirio, filin, de Portillo de la Luz, e que isso me dava saudades de Havana. Não sei se foi por isso, mas a resposta veio rápida, com um número de telefone. Grande Chucho. Grande Yoani. Grande Cuba.
Fiz por telefone uma entrevista de 40 minutos com Yoani Sánchez, depois de ler todos os tópicos de seu blog. A conversa foi gravada, com autorização dela (íntegra da entrevista e os áudios disponíveis aqui).
O segredo do blog de Yoani Sánchez é que ela tem muito tempo para pensar e pouco tempo para colocar na internet o que escreve. Ou seja, muito tempo para pensar no que publica. Resultado: escreve pouco e bem.
Depois que se ouve essa jovem dizer que tem como premissa avançar a cada dia um pouco mais no caminho da tolerância, não será temerário prever que, seja qual for o desenlace da etapa castrista, Yoani Sánchez terá um papel relevante na sociedade cubana. Boa sorte.
Assim fala Yoani Sánchez:
** "No bairro muito humilde chamado Centro Havana, com uma mistura de marginalidade e gente do povo, onde nasci, cresci até os 15 anos. Tive uma adolescência feliz, tranqüila. Mas o fundamental de minha adolescência foram as aflições materiais, produto da crise econômica cubana."
** "A faculdade foi um período ao mesmo tempo difícil e lindo. Conheci meu marido, Reinaldo Escobar, e nasceu meu filho, Teo."
** "Na minha vida não tenho muitos paradigmas de pessoas importantes ou gente famosa. Ao contrário, sou permanentemente influenciada pelas pequenas pessoas – meus amigos, alguém que compõe uma canção, alguém que me conta algo na rua. E tenho também algumas premissas na vida. Uma delas é cada dia avançar um pouco mais na tolerância. A sociedade cubana necessita que os indivíduos aprendam a tolerar a diferença, as opiniões que não são similares às suas."
** "Em Cuba, respiramos política, comemos política. Eu me considero uma pessoa que é da sociedade civil, tratando de descrever como vive e de conectar-se com outras pessoas da sociedade civil. Claro, para o governo isso é oposição. Mas eu mesma não me defino como uma opositora."
***
Leitura, de pai para filha
Fale de seu nascimento.
Yoani Sánchez – Me chamo Yoani Sánchez, tenho 32 anos, nasci na cidade de Havana de uma família muito humilde. Meu pai se chama Willy e é ferroviário. Foi maquinista em estrada de ferro até a crise econômica dos anos 90, quando todo o sistema ferroviário em Cuba entrou em colapso, e agora ele conserta bicicletas. Minha mãe, Maria, também trabalha nos transportes, táxis. Tenho uma família pequena, com uma irmã um ano mais velha.
Qual foi sua escola primária?
Y.S. – Eu estudei numa escola primária, regular, normal, que se chamava "República Popular Chinesa", num bairro relativamente marginal. Mas fui feliz. No meu primário tive muitos amigos e bons professores. Depois passei a uma escola secundária que se chama "Protesta (Protesto) de Baragua(á)". O nome vem de uma data histórica importante da Guerra de Independência de Cuba. Depois fiz o pré-universitário numa escola chamada "Romênia", num momento em que a Romênia já não era uma república socialista.
A escola deu a você uma base de alfabetização e de interesse pela leitura?
Y.S. – O gosto pela leitura me vem fundamentalmente de meu pai. Na escola aprendi muitas coisas, mas creio que em geral a educação em Cuba é um pouco mais passiva. As pessoas tomam o conhecimento dos livros que o professor dá, mas tem muita importância a orientação que os pais dão em casa. E graças a meu pai, que me interessou muito no mundo na literatura, li muito em menina. Isso me ajudou também a passar longas horas de aborrecimento na infância. A literatura me ajudou a sair desse aborrecimento.
Por que seu pai gosta tanto de ler?
Y.S. – Penso que meu pai gostava de ler também por uma questão de trabalho. Tinha que ficar muito tempo fora de casa, quando trabalhava na ferrovia, talvez longas horas esperando dentro da locomotiva para partir em viagem, e adotou a literatura como divertimento, como compensação para as horas de espera de sua profissão. E tinha uma boa coleção de livros em casa, sobretudo muitos clássicos. Minha literatura da infância não era uma literatura moderna. Era a literatura dos clássicos – Dostoiévski, Victor Hugo, os clássicos gregos. E era uma época em que a produção de livros em Cuba era maciça. Imprimiam-se muitos exemplares de cada título e também se traziam muitos títulos impressos na União Soviética. Isso fazia com que o preço dos livros fosse acessível para qualquer pessoa. Não é mais assim. Agora os livros são bastante caros, e as pessoas talvez não comprem tantos livros como nos anos 1970 e 80.
Adolescência com gosto de privação
Como foi sua adolescência?
Y.S. – Tive uma adolescência feliz, tranqüila. Vivi em Havana, nessa época. Mas o fundamental de minha adolescência foram as aflições materiais, produto da crise econômica cubana. Em 1990 eu tinha 15 anos. Um ano antes havia caído o Muro de Berlim e uns meses depois se desmembrava a União Soviética. E isso marcou toda a minha geração. A mim, particularmente, porque me marcou muito materialmente. Meu pai perdeu seu trabalho. O trabalho de minha mãe, que era vinculado ao transporte, também sofreu muito devido à questão do petróleo e da ausência de gasolina. Assim, recordo minha adolescência mesclada com as limitações materiais. Saber que não havia muitas coisas, justo no momento em que um adolescente quer começar a exibir a moda, a música, os penteados. As pessoas de minha geração passamos por momentos muito extremos de carestia e de ausência de produtos.
Mãe aos 20 anos, na faculdade
Como foi a sua faculdade?
Y.S. – Foi um período ao mesmo tempo difícil e lindo. Aos 17 anos conheci aquele que até hoje é meu marido, o jornalista Reinaldo Escobar, e comecei na faculdade de pedagogia para ser professora de literatura, mas não gostei do método de estudo: pedagogia em excesso e muito pouco de espanhol e literatura. Então decidi mudar para a especialidade de filologia. E bem nesse momento fui mãe, o que complicou muito as coisas, porque a crise econômica em Cuba permanecia forte, eu tinha um bebê, e tive que fazer um pouco de mágica para poder estudar na universidade e criar meu filho.
Para voltar a morar em Cuba, passaporte destruído
Fale de suas viagens dentro e fora de Cuba.
Y.S. – Gosto muito de viajar dentro de Cuba, mas nós, cubanos, temos muitas limitações para viajar dentro do nosso país. Primeiro porque viajar dentro de Cuba implica longas filas para comprar passagem de ônibus, avião ou trem. O transporte em Cuba está atualmente num estado catastrófico e passou por anos muito difíceis. Por isso viajamos pouco dentro do nosso país, devido a todas essas limitações de transporte. De todo modo, tenho amigos no Oeste, em Pinar del Río, onde vou freqüentemente. Também gosto muito do Centro da Ilha, as montanhas de Escambray, acampei aí com amigos. Em geral, gosto muito da natureza do meu país, das pessoas.Para fora de Cuba viajei em 2000, para a Alemanha. Tenho muitos amigos na Alemanha, porque sempre gostei da língua alemã, graças a minhas leituras de adolescência, quando li Thomas Mann, Hermann Hesse. Me veio daí muito prazer com o alemão e continuei estudando alemão. Isso fez com que eu tenha muitos amigos em países de língua alemã, como Alemanha, Suíça e Áustria. Meus amigos, quando terminei a universidade, em 2000, me convidaram para um mês de férias na Alemanha. Foi uma viagem muito importante para minha vida. Estive também na França.
Em 2002, a asfixia econômica em Cuba e também a sensação de asfixia pela falta de liberdade me levaram a emigrar para a Suíça, graças, igualmente, a amigos que me ajudaram nesse projeto. Lá vivi dois anos. No último ano, com meu filho, que pude levar comigo. Mas depois de dois anos, por problemas familiares, tive que regressar a Cuba.
Voltei em 2004 de uma maneira muito louca. Quando nós, cubanos, vivemos mais de onze meses fora do país, já não podemos voltar a residir em nosso próprio país. Por isso, em 2004, tive que entrar como turista em Cuba e destruir meu passaporte para poder ficar. É algo muito raro. Não conheço muitos casos em que se tenha feito algo similar. Normalmente os cubanos fazem ações desse tipo para emigrar, não para imigrar. Mas não estou arrependida do que fiz. Aqui tenho meus amigos, minha pequena família e muitos projetos. Então, no momento, sou feliz aqui. Queria viajar em maio, à Espanha, para receber o Prêmio Ortega y Gasset de Jornalismo, mas não me deram a permissão para sair. Para viajar para fora de Cuba, nós, cubanos, necessitamos de uma carta que nos autoriza a viajar, e o governo cubano negou essa solicitação de viagem.
Universidade da tolerância
Pode falar um pouco de sua filosofia de vida?
Y.S. – Eu me considero uma pessoa feliz. Tenho uma família creio que muito harmônica. Não gosto muito dos paradigmas, isto é, na minha vida não tenho grandes paradigmas de pessoas importantes ou gente famosa. Ao contrário, sou permanentemente influenciada pelas pequenas pessoas – meus amigos, alguém que compõe uma canção, alguém que me conta algo na rua –, não a influência dos grandes nomes da história ou da literatura, mas a das pessoas anônimas. Essas me influenciam muito mais.
E tenho também algumas premissas na minha vida. Uma delas é cada dia avançar um pouco mais na tolerância. Creio que a sociedade cubana necessita que os indivíduos aprendam a tolerar a diferença, as opiniões que não são similares às suas. Estou nesse aprendizado. Estou agora na universidade da tolerância. É um longo caminho, longo caminho de respeitar o que diz o outro, e acho que falta muito para que me forme e tenha um diploma... Acho que pelo menos estou no caminho.
A filosofia da minha vida é sobretudo tratar de ser feliz cada dia, com harmonia, com tolerância. Rir. Rio muito. Minha família é muito importante para mim, mas também meu país.
Não me agradam os apáticos e os indolentes. Meu país me dói. Tudo que acontece me dói, e creio que esse é também o combustível para fazer meu blog. Se nada me importasse, se eu me alienasse de minha realidade, não escreveria as coisas que escrevo. Eu as escrevo precisamente porque Cuba me importa. E me importa porque quero que meu filho e meus netos não tenham que emigrar para poder realizar seus sonhos, ou para realizar seus projetos profissionais e pessoais. Nessa direção emprego minha energia. Em fazer de Cuba um país onde se possam realizar os sonhos.
Ideologia e política
O que você me diz de ideologia?
Y.S. – Nunca militei numa organização política, nunca, e não creio ter uma direção, uma linha política clara. Isso é algo que a pós-modernidade trouxe, também. Antes, era muito fácil definir as pessoas, os processos, como de esquerda ou de direita. Hoje, já não está tão claro.
Acho que uma das características deste momento é que já não é tão fácil dizer se alguém é de esquerda ou de direita. Eu, pessoalmente, não defino politicamente a mim mesma. Creio ter muita tendência para a questão social, mas fundamentalmente me considero uma cidadã, que emite opiniões, que faz perguntas, que questiona ou reivindica. Mas eu mesma não me defino com uma coloração política.
De todo modo, os temas sociais, a questão das minorias, dos mais discriminados, me interessam sempre muito. Mas a direita e a esquerda já não estão tão claras, já não é tão fácil defini-las. Penso que sou tão pós-moderna como a situação atual.
E a política? Ideologia é uma coisa, filosofia é outra coisa. Mesmo sem ser militante, existe política na sua vida.
Y.S. – Em Cuba, ninguém pode se manter à margem da política. Respiramos política, comemos política. Por quê? Porque a sociedade cubana está muito politizada. Eu nunca pertenci a uma organização política, mas isso não significa que não tenha uma projeção política. Muito bem. Essa projeção política não implica ter uma posição alinhada com o governo, ou contra o governo. Eu me considero – e nisso me defino como um elétron livre – uma pessoa que é da sociedade civil, tratando de descrever como vive e tratando de conectar-se com outras pessoas da sociedade civil.
Claro, para o governo isso é oposição. Mas eu mesma não me defino como uma opositora. O que acontece é que o espectro de classificação que o governo usa para as pessoas independentes, alternativas, cidadãos com voz própria, ou com critérios próprios, como eu, é muito esquemático. Tudo é branco ou preto. E, para o governo, as pessoas que não aplaudem são opositoras.
Penso que essa saturação política da sociedade cubana, sobretudo nos meios de imprensa, de informação, criou nas pessoas o efeito contrário. Criou apatia, desinteresse. Fez com que muitas pessoas se fechem numa bolha, em suas casas, e não queiram ter contato com o mundo exterior, de tão politizado que está.
Ainda que eu me sinta uma pessoa com muito envolvimento político – gosto de ler as notícias, estar a par do que acontece –, creio que também tenho minhas zonas pessoais onde a política não entra, onde me refugio desse mundo político que normalmente se torna tão incompreensível para o cidadão. E essas grandes zonas onde me refugio da política são a literatura, minha família, meu lar, meus hobbies – a botânica, a jardinagem –, e assim me desligo dessa realidade tão excessivamente politizada.
A mágica de botar comida na mesa
O tema agora é alimentos.
Y.S. – Esse capítulo, em Cuba, repousa fundamentalmente sobre os ombros das mulheres. Depois de 50 anos de projeto de emancipação feminina, na realidade em Cuba continuamos tendo uma estrutura machista da família e da sociedade. Então, as mulheres cubanas têm que fazer cada dia muita mágica, são umas verdadeiras magas, para poder colocar um prato de comida para os filhos, para os maridos, para a família. No meu caso particular não é assim, porque tenho um marido muito emancipado (riso). Fazemos juntos todas as coisas da casa. Mas muitas mulheres têm uma verdadeira dupla jornada de trabalho. Uma fora de casa, em sua profissão, e outra quando chegam em casa.
A questão da comida é, no momento, uma preocupação geral dos cubanos. Primeiro, porque a maioria dos alimentos necessários para sobreviver não tem um preço correspondente aos salários. Os salários são em pesos cubanos; a maioria dos produtos que se vendem é em pesos conversíveis [pesos conversíveis valem 27 vezes mais do que pesos cubanos]. Essa esquizofrenia econômica, essa contradição monetária faz com que, para as mulheres, seja uma verdadeira angústia diária achar o que colocar na mesa.Eu não me considero uma pessoa consumista. A crise econômica dos 1990 me fez saber que posso viver com muito pouco. Isso é importante. Porque me parece que essa mesma crise econômica criou em muitas outras pessoas um apetite voraz, uma falta de medida na hora de consumir. No meu caso particular, criou o efeito contrário: saber que necessito de muito pouco para sobreviver. Meu marido brinca comigo e diz que eu tenho "alma de faquir", porque sou uma pessoa que, se tem comida, perfeito, se não tem, não importa, tenho outras coisas que também me dão gosto e me divertem, entretêm.
Mas acho que a angústia principal que passo a cada dia é alimentar meu filho. Acredito que isto gera muita tensão para as mães: ter um filho adolescente, que precisa alimentar-se, porque é magro e pequeno, e saber que materialmente não conseguimos lhe dar tudo de que necessita. De toda forma, como aprendi essa mágica, como todas as mulheres cubanas, quase todo dia posso resolver a questão alimentar com muita, muita criatividade, muita imaginação e muito tempo fazendo fila, muito tempo inventando, muito tempo preparando os alimentos.
Tênue fronteira da legalidade
Você nunca teve a tentação de fazer alguma coisa ilegal?
Y.S. – Nós, cubanos, necessitamos cada dia fazer muitas coisas ilegais para sobreviver. Quase a cada minuto temos que transpor a linha entre a legalidade e a ilegalidade, para tudo. Porque em Cuba o mercado negro é muito importante para sobreviver. Sem o mercado negro, sem os produtos que nos são trazidos à porta de casa, sem os vendedores ilegais, muitas famílias estariam muito mal. Por isso acredito que faço, sim, coisas ilegais, como 99% dos cubanos têm que fazer para sobreviver.
Você nunca teve vontade de ser, vamos dizer, mais rica do que seus vizinhos, ou com a vida melhor, fazendo permanentemente uma atividade ilegal?
Y.S. – O que acontece é que em Cuba há muitas coisas proibidas. Por exemplo, talvez a maioria pense que fazer um blog, escrever opiniões na internet, pode ser proibido. Portanto, pode ser que sim, que eu faça coisas proibidas e ilegais. Mas não me dedico a nenhuma atividade ilegal que fira minha consciência. Todas as vezes que passo a linha da ilegalidade é para sobreviver, para alimentar minha família. Não estou vinculada a nenhum tipo de negócio ilegal. Acho que me considero impedida de fazer essas coisas também por uma questão de educação e de ética. De todo modo, na sociedade cubana todas as limitações legais e as proibições fomentam muito a ilegalidade. Por isso, de alguma maneira todos somos um pouco delinqüentes.
Estantes solidárias
E os alimentos para a mente? Quando eu estive em Havana, não tinha muito livro para comprar, era difícil.
Y.S. – Eu tenho uma magnífica coleção de livros em casa, uma biblioteca muito boa. Em parte são livros meus que arrasto desde a infância e outros são livros de meu marido, que também foi acumulando muita literatura em toda a sua vida. Mas paralelamente a isso há uma espécie de rede de distribuição de livros entre amigos. Decidi há anos que o mais importante para mim é ler os livros. E, uma vez lidos, já não me importa tanto conservá-los. Por isso leio os livros e os passo a outras pessoas.
E assim acontece com muita literatura que em Cuba não é vendida em lugar nenhum ou está proibida. Penso, por exemplo, nos romances de Milan Kundera, que jamais foram vendidos em Cuba. Penso nessa literatura de exilados cubanos pelo mundo, Cabrera Infante, Jesus Diaz, Eliseo Alberto Diego, que nunca se vendem nas livrarias cubanas – e posso ter um problema, ficar malvista se tiver um livro desses na mão e alguém me vir.
Mas graças aos amigos, a essa rede alternativa e subterrânea que muitas pessoas se dispõem a fazer, trocando livros, estou muito atualizada em matéria de literatura internacional. Funciona assim. Os alimentos para a alma também implicam transpor a linha da legalidade.
Informática abafou a lingüística
O que diz da tecnologia? Você disse que montou seu próprio computador.
Y.S. – A informática e a computação são hobbies meus há mais de 14 anos. É um hobby que pouco a pouco foi deslocando minha profissão de filóloga. Hoje me considero mais informática do que filóloga, porque passo mais tempo programando, desenhando páginas web, consertando códigos HTML do que fazendo um trabalho de lingüística. Faz 14 anos, tive meu primeiro computador, montado com peças do mercado negro, e a partir de então eu, e muitos jovens como eu, soubemos substituir com peças do mercado negro, com invenções, com verdadeiros Frankensteins a ausência dessa tecnologia nas lojas e a impossibilidade material de ter acesso a um computador novo, legal, com nota de compra.
Isso caminhou assim até mais um menos dois meses atrás, quando o governo de Raúl Castro autorizou a venda de computadores legalmente. Graças a essa inventiva, a essa criatividade, e à ousadia que nós, cubanos, temos para fabricar engenhos tecnológicos, pude desenvolver essa segunda profissão, que é a informática.
Anonimato e protagonismo
Fale agora de duas coisas contraditórias: o anonimato e o protagonismo. Primeiro, o anonimato. Você é anônima para os seus vizinhos, você anda no seu bairro pelas ruas e ninguém sabe direito quem você é?
Y.S. – O processo de passar do anonimato em que eu vivia para estar no centro dos meios de imprensa de muitas partes do mundo foi muito rápido para mim. Eu, particularmente, sempre fui alguém que gostava da privacidade, da intimidade e do anonimato. Acho que não há adjetivo que um cidadão receba com mais felicidade do que o ser anônimo. Um cidadão normalmente é anônimo, desconhecido, pequeno. Essa questão do estrelato, de estar nos jornais e na televisão de quase todo o mundo trouxe algumas mudanças para minha vida. Os jornalistas me perguntam mais, recebo mais telefonemas. Mas creio que na essência sigo mantendo um mundo privado, íntimo, muito fechado.
Eu prefiro o anonimato. O anonimato me permite criar com mais tranqüilidade, observar com mais objetividade. E penso que se os políticos tivessem a intenção de ser mais anônimos, menos espetaculares, os problemas que temos se resolveriam melhor. Quando a política deixar de ser um palco onde se procura brilhar e exibir-se e se converter num grupo de pessoas anônimas que tentam resolver os problemas e administrar um país, acho que muitos dos problemas que temos agora começarão a ser solucionados.
Diante da dicotomia entre anonimato e estrelato ou publicidade, fico com o anonimato, que é sempre muito mais real, mais autêntico, mais espontâneo. E mais duradouro. Porque os palcos, a imprensa, tudo isso passa, e no final cada pessoa fica com si mesma, e ela mesma é o ente mais privado, mais íntimo que possa encontrar.
Sonho: viver numa Cuba plural
Quais são seus sonhos?
Y.S. – Tenho muitos sonhos. Acho que se alguma coisa me caracteriza é que estou constantemente sonhando. Tenho sonhos de viver numa Cuba plural, inclusiva, onde caibamos todos.
Tenho o sonho de escrever um livro, publicá-lo, ver meu nome na capa, isso me agrada muito. Como toda filóloga, toda apaixonada pela literatura, creio que a máxima realização seria começar a publicar meus textos, a escrever, e que os outros leiam o que escrevo.
E os sonhos têm relação, sobretudo, com meu filho. Quero que meu filho encontre um espaço nesta Cuba onde hoje tantos jovens emigram, que ele não tenha que emigrar para ter uma profissão, para poder ter um teto próprio, para poder manter sua família. E também seguir junto a meu marido e ao grupo com que trabalho no portal Desde Cuba, fomentando e alimentando a sociedade civil cubana. Sonho que essa sociedade civil desperte, que não se deixe guiar por ideologias nem por líderes carismáticos, e que sinta que o país pertence à sociedade civil, que somos nós os responsáveis pelo que aqui se passa.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Da 'Folha' de domingo

JUCA KFOURI
Os Jogos da hipocrisia
-------------------------------------------------'-------------------------------Não é de hoje que o Movimento Olímpico perdeu seu idealismo. Mas Pequim passa de todos os limites --------------------------------------------------------------------------------
"POR QUE você não foi para Pequim?", perguntam.
"Porque não quis", respondo. Mais: estou entrando em férias e só volto aqui no dia 21. (Nota do blog: o "aqui" se refere apenas ao jornal...).
Claro que verei a Olimpíada e até comentarei no blog, mas ando cheio de tanta hipocrisia, a começar pela caça aos que são pegos no antidoping por hábitos que só fazem mal e pioram o rendimento.
Não aceito ver essa cartolagem imunda da família olímpica no papel de fiscal dos hábitos da juventude e, ainda por cima, expondo jovens à execração pública, como acabam de fazer com um jogador do handebol brasileiro.
Como não suporto o ufanismo da maior parte das narrações, com as exceções de praxe para os felizardos que podem assinar um canal de televisão fechada, razão pela qual darei uma fugidinha do país para acompanhar Pequim de uma cidadezinha colonial mexicana apaixonante chamada Guanajuato.
Porque passa do limite ver um Carlos Nuzman fazer quase o elogio da poluição ou se jactar pela maior delegação brasileira da história, quando só 12% de nossa rede escolar tem quadras de esporte. Aliás, quanto mais medalhas o Brasil ganhar, mais ficará demonstrado o desvio de sua não-política esportiva, porque privilegia o alto rendimento em vez da inclusão social ou a saúde pública por meio da prática de esportes.
Dá engulhos ver a cartolagem em hotéis de até sete estrelas enchendo a boca para dizer que esporte e política não se misturam, quando nada foi mais político do que escolher Pequim para receber os Jogos, cidade que, além de poluída, é uma capital que se notabiliza por cercear direitos básicos da cidadania.
Tudo por dinheiro, tão simples assim.
Porque a China talvez seja o melhor exemplo, com todas as suas contradições, de como ainda não se achou um sistema razoável, tão óbvias são as mazelas do comunismo e do capitalismo reais.
É claro que verei tudo, é claro que me emocionarei com as vitórias brasileiras, como com a festa de abertura.
É evidente que torcerei para que aconteçam triunfos como nunca, porque tenho a surpreendente capacidade (surpreende a mim mesmo, diga-se) de voltar a ser criança a cada competição em seu apito inicial.
E não é de hoje.
Faço assim com os jogos de futebol lá se vão bem uns 26 anos, depois que se revelou a existência da chamada "Máfia da Loteria Esportiva".
Porque paixão é paixão e não se explica, não se racionaliza, se sente.
E se curte.
Sim, eu sei que serei capaz de me comover às lágrimas até com a superação de um atleta que não seja conterrâneo, como já me aconteceu inúmeras vezes.
Mas é preciso que se diga que mais que em Atlanta, quando os Jogos Olímpicos modernos comemoraram cem anos e a Coca-Cola alijou Atenas de recebê-los num crime contra a história, esta edição chinesa é um soco em quem associa o esporte à saúde e à liberdade.
Lamento sentir assim, mas quem viveu a inesquecível festa de Barcelona-1992, cujos equipamentos até hoje são utilizados por quem os pagou, os catalães, além da hospitalidade que recebeu o mundo tão bem, não pode engolir Pequim-2008.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

DOIS FATOS DUAS RESOLUÇÕES

Recife,05 de agosto de 2008.

No Jornal do Commercio a mancete anuncia o escândalo das notas "frias" emitidas pela maior parte dos vereadores do Recife.Gráficas inexistentes,Almoços exorbitantes,tudo isso usado pelos que dizem "representar o povo".Representantes que ficaram indignados com a divulgação do escândalo que juntou o "oposicionista" Daniel Coelho com o vereador da situação Osmar Ricardo.Do Pc do B ao PFL,passando pelo PT ,várias siglas estão incluidas.

No mesmo dia ambulantes expulsos pelos mesmos governos que têm parlamenares implicados no escândalo fazem um monumental protesto pelo direito de trabalhar.Pouco mais de 70 ambulantes que foram expulsos pela EMTU dirigida pelo PT sob a acusação de "organizar o terminal".

Para os vereadores que lesaram o dinheiro dos recifenses: O direito garantido a reeleição!Será que alguém será punido?aposto que não,o presidente da casa(PT),que já defendeu aumento de salários para os mesmos colocou logo "panos quentes" na situação.

Para os ambulantes a certeza de ficarem sem um parco rendimento e só!

P.S: Uma congratulação ao comandante da PM que buscou o diálogo durante a manifestação contrariando as orientações da EMTU -PT(que queria o fim do protesto a todo custo) .

domingo, 3 de agosto de 2008

Uma interessante entrevista...

Chico de Oliveira: A esquerda não chegará nunca ao poderPublicado em 03.08.2008, às 19h07
Um dos fundadores do PT, o sociólogo Chico de Oliveira, hoje no PSOL, não vê a eleição deste ano como termômetro para 2010
Sérgio Montenegro Filhoe Paulo Sérgio ScarpaDo JC
Utilizar a disputa municipal de 2008 como termômetro para avaliar as chances do governo de fazer o sucessor em 2010 é um lance arriscado do Palácio do Planalto. A advertência é feita pelo cientista político Chico de Oliveira. Fundador do PT - com quem rompeu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar ao poder -, e hoje filiado ao PSOL, ele defende uma tese diametralmente oposta à do governo quanto à associação da imagem dos candidatos petistas à de Lula. Acredita que em alguns municípios isso pode trazer mais prejuízo que lucro eleitoral. Mas também desaconselha candidatos de oposição a baterem no presidente, por conta da boa avaliação da sua popularidade. Professor de sociologia da Universidade de São Paulo e um dos maiores especialistas em estudos políticos do País, Chico de Oliveira é considerado um dos últimos intelectuais da "esquerda pura", embora afirme sem meias palavras que essa esquerda jamais chegará ao poder. Ele esteve no Recife e concedeu esta entrevista exclusiva ao JC OnLine, na qual diz que, no Brasil, ser governista tornou-se uma tradição e afirma ser improvável uma aliança PT/PSDB para 2010, embora admita que os partidos têm perfis muito semelhantes, centrados na social-democracia.
Como o senhor vê essa tese de que a eleição este ano seria um plebiscito para 2010?CHICO DE OLIVEIRA - Engana-se quem fizer da eleição municipal um termômetro, porque uma eleição majoritária nacional ganha outro caráter, e tanto as pequenezas como as grandezas de uma eleição municipal, na eleição nacional podem mudar de sentido. E o político que faz isso revela um grande desconhecimento dos mecanismos da política. Lula não será exceção, por mais que ele se vanglorie de fazer o que faz, não sabe, não. Sobretudo nas grandes capitais, esse é um lance arriscado. Em São Paulo, Marta Suplicy está muito bem. Surpreendentemente, porque ela teve uma erosão de credibilidade muito forte, mas se ela se associar muito a Lula, a candidatura pode naufragar.
Essa associação com Lula já está no Recife, com João da Costa dizendo-se o candidato do presidente. Isso não muda conforme o perfil sócio-econômico do eleitor?CHICO - Sim. Nas cidades mais ricas, essa associação não tem causalidade positiva nenhuma, digamos. Pré-eleitoralmente, pode até se revelar a tempo, mas será uma surpresa. Ela não reforça a candidatura. Nas eleições passadas, para prefeito de São Paulo, quando Marta tentou associar muito seu nome a Lula ela foi derrotada precisamente por isso, porque Lula estava na época com péssima avaliação por causa dos escândalos. Na época, eu ainda tinha contatos com gente do PT e dizia para não fazer isso porque iriam se arrebentar. Os humores eleitorais de São Paulo não estavam para isso. Eles fizeram, Lula foi lá e foi pior para Marta.
Tem uma estratégia dos candidatos de oposição ao PT de não bater em Lula temendo uma queda. Isso está acontecendo aqui...CHICO - Anti-Lula não é bom em nenhum lugar. Mesmo em eleitorados que são majoritariamente anti-Lula, não é bom bater, porque a avaliação do governo dele não é ruim, você perde votos em vez de ganhar. Mas os candidatos que fazem estratégia de criticar o governo, mas não Lula. É melhor criticar só a administração porque a popularidade do Lula está desassociada de seu governo em muitas partes do País, como no Nordeste.
Como o senhor avalia a popularidade alta de Lula, após os escândalos do primeiro mandato?CHICO - A avaliação positiva tem vários fatores, como o relativo êxito econômico. O principal, é que é relativo, porque não é nenhuma maravilha um crescimento que, para as condições brasileiras, é medíocre. Ele não tem muito do que se vangloriar. Em segundo lugar, dizem, que o Bolsa Família exerce um fator positivo na avaliação, mas não em todas as regiões. exerce, sobretudo, nos Estados mais pobres, como os do Nordeste. Em São Paulo, por exemplo, o programa não tem maior relevância.
Ninguem quer mais ser oposição nesse País? Todos querem se beneficiar com alguma fatia do governo Lula?CHICO - Isso é uma tradição brasileira, não é parte do sistema partidário não. Faça o que quiser, reforme o que quiser, isso faz parte da formação da política, que você não anula de um dia para o outro. Uma coisa importante é que os dois partidos que surgiram tentando modificar essa cultura política, o PT e o PSDB, se aliaram aos demais. Não é fácil desfazer-se de uma velha cultura política patrimonialista. Depois, percorra toda a história política passada e verá que pouca gente ficava na oposição. Mesmo Getúlio Vargas, que foi um governo muito marcante com uma oposição muito definida, coptava membros da UDN. Em Pernambuco, Vargas coptou o udenista João Cleófas, que acabou ministro da Agricultura dele. Isso porque o Estado brasileiro tem um peso muito grande. A caneta de um presidente no Brasil pode mexer em 20 mil postos do Estado. Na França, o presidente mexe em 300, assim como na Inglaterra, Canadá e Estados Unidos. A França tem uma velha burocracia estatal muito bem estabelecida, onde não existe cargo de confiança, mas cargo de carreira. E ninguém pode mexer naquilo. A França que é um país com um PIB três vezes superior ao do Brasil. Quem é que não quer então estar no governo? É muito mais fácil manejar verbas, fazer coalizões locais, isso faz parte da mais antiga história poltica brasileira. Lendo a biografia de Joaquim Nabuco, que foi um estadista, você vê que em Pernambuco não se elegia ninguém sem o apoio de um cacique.
O PT e o PSDB tentaram uma aproximação aberta em Belo Horizonte (MG) e, depois, Lula mandou um recado a FHC, para conversar. Haverá, enfim, essa aproximação?CHICO - Não haverá, porque cada partido tem seu eleitorado, aos quais ele dirige especialmente a sua fala. Não são mais interesses de classe, uma velha divisão de interesses que a esquerda sempre pensou que fosse o ponto de equilíbrio da política e que, na verdade, foi o marxismo que inventou. Isso de que a política tem a ver com o interesse de classe. A esquerda sempre orientou sua ação por aí, mas não é bem assim. São particularidades da política que têm outras conotações. Então, PT e PSDB criaram eleitorados aos quais a mensagem deles é mais receptiva, embora se você examinar desse ponto de vista, os interesses de classe que eles defendem são muito parecidos.
Como o próximo presidente poderá desaparelhar a máquina administrativa federal?CHICO - Terá dificuldades. Não são intransponiveis mas, ao nomear cargos como esses, o governante cria a sua subclientela, e vai formando uma rede muito entranhada, criando dificuldades. O que é bem possível que ocorra, e as tendências indicam, é que o próximo presidente será um tucano, e ele terá muitas dificuldades.
Chega a ser visível a queda de qualidade dos serviços federais por causa desse aparelhamento...CHICO - Não chega a ser visível por causa disso, mas porque o investimento social é pouco, mesmo que se proclame o Bolsa Família. O investimento social é pouco em relação ao nosso PIB. Há um dado que diz que todo investimento social do governo federal no penúltimo ano foi de R$ 20 bilhões. O lucro dos cinco maiores bancos brasileiros foi isso. Logo, o Bolsa Família é irrisório se comparado com o serviço da dívida pública. É de 20 por um.
Seríamos muito severos ao dizer que o governo Lula está voltado para os juros altos dos empresários, bolsa para os pobres e mensalão para os corruptos?CHICO - Não, não estariam equivocados. Só que essa não é uma característica do governo Lula. Os dois elementos anteriores estavam no governo FHC, não estava o terceiro elemento porque a social-democracia brasileira não tem nenhuma raiz com trabalhadores e sindicatos, caso único no mundo. Não sei como eles conseguem chamar o PSDB de social-democrata. Corrupção e mensalão havia no governo FHC, e havia até mais por causa das privatizações.
A esquerda, hoje, no País, é o PSOL e o PSTU? Eles conseguem atingir a sociedade?CHICO - Muito pouco. Participei da fundação do PSOL por uma questão estratégia, não por uma questão eleitoral e pragmática. Participei para que a crítica de esquerda não desaparecesse, e entendo ser essa a função. Só que o pessoal que compõe o PSOL não entende assim, tem projeto de poder político. Eu não tenho. Não tenho porque acho que esse ciclo da ascensão da esquerda no Brasil para funções de governo está encerrado. Não vai reaparecer nas mesmas formas. Não que o ciclo da esquerda esteja encerrado.
Como seria a esquerda no poder?CHICO - A esquerda não chegará nunca ao poder. Não chegará pelo menos nos proximos 30 anos, numa avaliação muito vaga. As bases comas quais a esquerda se ergueu durante o século 20, sobretudo a esquerda brasileira, que se reergueu a partir da experiência da ditadura militar - com o movimento de redemocratização forte e com os sindicatos praticamente liberados para ações - essas bases sociais não existem mais. Com uma confluência extraordinaria de forças do sindicalismo que não era de esquerda, foi puxado para a esquerda por duas forças importantes: o movimento de redemocratização, do antigo MDB, e a esquerda desvalorizada pelo reformismo. Alguns dizem que sou reformista, mas eu costumo dizer que sou reformista desde criancinha e, prestem atenção, todo grande revolucionário foi antes um reformista. É na luta pela reforma que você aprende os limites do sistema. E aí, alguns tentam se virar contra ele ou não.
Assim como ocorreu entre o PCB e o PCdoB, no racha entre os defensores do combate institucional e da luta armada?CHICO - Uma parte do PCdoB. Mas aquilo era um grande desconhecimento, que, para um marxista, não se permite.
Não o irrita, como marxista, o uso indiscriminado e eleitoreiro da palavra "esquerda"?CHICO - O PT foi de esquerda, as forças que formaram o partido na década de 80 eram de esquerda, os sindicalistas, fora um ou outro, nunca foram de esquerda. A grande força de esquerda que entrou no PT veio de outras matrizes, veio da luta armada urbana fracassada e destruída, veio da academia em parte, veio da Igreja Católica, com a teologia da libertação, no seu auge, com forte conteúdo da esquerda. Daí ser combatida pelo Vaticano por ser um evangelho marxista. Uma grande contribuição da Igreja Católica, não das demais igrejas, que nao tiveram uma teologia voltada para os pobres. E aquela igreja trouxe um forte conteudo ético pra a esquerda brasileira, que não tinha. Fui militante da esquerda aqui no Recife desde os anos 50. Os socialistas tinham um forte sentido ético, mas o Partidão (PCB) não. O Partidão fazia qualquer coisa, até porque estava na clandestinidade.
Tem algum candidato hoje, não sendo do PSTU ou do PSOL, com condições de se declarar de esquerda? Ou é um grande descaramento?CHICO - Não tem e não comove. Não seria descaramento, mas comove só algumas parcelas românticas do eleitorado. Qual é a mensagem de esquerda diferente hoje? Até a direita é a favor da questão social no Brasil.
Essa igreja mais libertária poderá um dia retornar ao PT, ou o casamento foi dissolvido?CHICO - Acho que o casamento foi dissolvido, não por causa da ética, mas de um lado por causa da prática do poder, e de outro por causa da repressão do Vaticano, que atuou muito fortemente contra. Ali onde a Igreja da Libertação era mais infiltrada nas bases, como no Recife e Olinda, e em São Paulo, o Vaticano fez a velha técnica de reinar para dividir: esquartejou a arquidiocese de São Paulo em cinco bispados e o cardeal de São Paulo não quer dizer mais nada. Dom Paulo Evaristo Arns, que foi um grande bispo, teve um peso extraordinário, e a sua arquidiocese também. Quando a gente saía da cadeia, ia falar com dom Paulo. Quando eu saí da cadeia pela segunda vez, fui falar com ele e, surpreendentemente, também fui falar com o ministro Severo Gomes.
Mas Severo Gomes era um político diferente dos demais, não é?CHICO - Ele era surpreendente, porque era um liberal. depois ficou meio reacionário quando foi ministro do Castello Branco e do Ernesto Geisel, e depois converteu-se ao nacionalismo, uma coisa extraordinária. Saí da cadeia e ele mandou um recado que queria uma declaração minha e de dois outros companheiros de cela. Olhe bem como é difícil, de um populista macro-sociológico, avaliar as pessoas. De longe, Severo Gomes era um liberal. Ele nos colocou, a mim e a dois amigos meus, na casa dele, defronte da PUC-SP, e escreveu a declaração com uma caneta, porque iria entregar ao Geisel pessoalmente. Só tirou uma cópia daquilo, porque a outra foi para o Golbery, e ele ficou com uma terceira via. Nós descrevíamos como era a prisão sob o regime no relatório ao Geisel. Era um relatório sobre as condições das prisões, justificando que não daria a uma datilógrafa. Dizia que o SNI (Serviço Nacional de Informações) estava em todas as partes. E que entregaria ao Golbery ele mesmo, porque o julgava um bandido.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Imperdível...

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terça-feira, 29 de julho de 2008

IRAQUE: "É O PETRÓLEO, ESTÚPIDO"

Publicado em 29 de julho de 2008 às 13:02
Por Noam Chomsky* O acordo que se desenha entre o ministério iraquiano do Petróleo e quatro companhias petrolíferas ocidentais levanta questões delicadas quanto aos motivos da invasão e da ocupação do Iraque pelos Estados Unidos. Estas questões deviam ser levantadas pelos candidatos às eleições presidenciais e discutidas seriamente nos Estados Unidos, assim como no Iraque ocupado. A análise é de Noam Chomsky.O acordo que se perfila entre o ministério iraquiano do petróleo e quatro companhias petrolíferas ocidentais levanta questões delicadas quanto aos motivos da invasão e da ocupação do Iraque pelos Estados Unidos. Estas questões deviam ser levantadas pelos candidatos às eleições presidenciais e discutidas seriamente nos Estados Unidos, assim como no Iraque ocupado, onde parece que a população desempenha apenas um papel menor - se é que desempenha - na definição do futuro do país.As negociações relativas à renovação das concessões petrolíferas, perdidas aquando das nacionalizações que permitiram aos países produtores recuperar o controle dos seus próprios recursos, estão bem encaminhadas para serem entregues à Exxon Mobil, Shell, Total e BP. Estes parceiros originais da Companhia Petrolífera Iraquiana são acompanhados agora pela Chevron e por outras companhias petrolíferas de menor dimensão. Estes contratos negociados sem concorrência, aparentemente redigidos pelas companhias petrolíferas com a ajuda dos oficiais americanos, foram preferidos às ofertas formuladas por mais de 40 outras companhias, especialmente chinesas, indianas e russas."O mundo árabe e parte das população americana suspeitavam que os Estados Unidos tinham entrado em guerra precisamente para proteger a riqueza petrolífera que estes contratos procuram garantir" escreveu Andrew E. Kramer no New York Times. A referência de Kramer a uma suspeita é um eufemismo. É além disso mais provável que a ocupação militar tenha ela própria impulsionado a restauração de uma odiada Companhia Petrolífera Iraquiana, instalada na época da dominação britânica afim de "se alimentar com a riqueza do Iraque no quadro de um acordo notoriamente desequilibrado", como escreveu Seamus Milne no Guardian.Os últimos relatórios evocam atrasos na apreciação das ofertas. O essencial desenrola-se sob o signo do segredo e não seria surpreendente que surgissem novos escândalos.A necessidade dificilmente poderia ser mais premente. O Iraque possui provavelmente a segunda reserva mundial de petróleo, que se caracteriza além disso por baixos custos de extracção: sem permafrost [1], nem areias betuminosas a transpor, nem perfuração em águas profundas para empreender. Para os planificadores americanos, é imperioso que o Iraque permaneça, na medida do possível, sob o controlo dos Estados Unidos, como um Estado cliente dócil apropriado para acolher bases militares em pleno coração da primeira reserva energética mundial. Que esses eram os objetivos fundamentais da invasão foi sempre claro, apesar da cortina de fumaça de sucessivos pretextos: Armas de destruição maciça, ligações de Saddam com a Al-Qaeda, promoção da democracia e da guerra contra o terrorismo - o qual se desenvolveu radicalmente com a própria invasão, como era previsível.Em novembro último, estas preocupações tornaram-se explícitas quando o Presidente Bush e o Primeiro ministro iraquiano, Nouri Al-Maliki, assinaram uma "Declaração de princípio", com total desprezo pelas prerrogativas do Congresso americano e do Parlamento iraquiano, assim como da opinião das respectivas populações.Esta Declaração permite uma presença militar indefinida no Iraque, em coerência com a edificação em curso de gigantescas bases aéreas em todo o país, e da "embaixada" em Bagdade, uma cidade na cidade, sem qualquer semelhança em todo o mundo. Tudo isto não é construído para ser em seguida abandonado.A declaração encobre igualmente uma descarada afirmação quanto à exploração dos recursos do Iraque. Nela se afirma que a economia iraquiana, isto é os seus recursos petrolíferos, deve ser aberta aos investimentos estrangeiros, "especialmente americanos". Isto é quase como um anúncio de que vos invadimos para controlar o vosso país e dispor de um acesso privilegiado aos vossos recursos.A seriedade destas intenções foi sublinhada pelo "signing statement"[2] do Presidente Bush declarando que rejeitará qualquer texto do Congresso suscetível de restringir o financiamento necessário para permitir "o estabelecimento de qualquer instalação ou base militar necessária para o abastecimento das Forças Americanas que estão permanentemente estacionadas no Iraque" ou o "controle dos recursos petrolíferos iraquianos pelos Estados Unidos".O recurso extensivo aos "signing statements", que permitem ao poder executivo estender o seu poder, constitui outra das inovações práticas da administração Bush, condenada pela American Bar Association (Associação de advogados americanos) como contrária ao Estado de direito e à separação constitucional dos poderes".Sem surpresa, a declaração provocou imediatos protestos no Iraque, entre os quais dos sindicatos iraquianos, que sobrevivem apesar das duras leis anti-sindicais, instituídas por Saddam e mantidas pelo ocupante.Segundo a propaganda de Washington, é o Irã que ameaça a dominação americana no Iraque. Os problemas americanos no Iraque são todos imputados ao Irã. A Secretária de Estado Condoleeza Rice sugere uma solução simples: "as forças estrangeiras" e os "exércitos estrangeiros" deveriam ser retirados do Iraque - os do Irã, não os nossos.O confronto quanto ao programa nuclear iraniano reforça ainda as tensões. A política de "mudança do regime" conduzida pela administração Bush a respeito do Irã é acompanhada da ameaça do recurso à força (neste ponto Bush não é contraditado por qualquer dos dois candidatos à sua sucessão). Esta política igualmente legitima o terrorismo em território iraniano. A maioria dos americanos prefere a via diplomática e opõe-se ao uso da força, mas a opinião pública é em grande parte irrelevante, e não só neste caso.Uma ironia é que o Iraque está se transformando pouco a pouco num condomínio americano-iraniano. O governo de Maliki é a componente da sociedade iraquiana sustentada ativamente pelo Irã. O chamado exército iraquiano - exactamente uma milícia entre outras - é largamente constituído pela brigada Badr, treinada no Irã e que foi constituída do lado iraniano durante a guerra Irã-Iraque.Nir Rosen, um dos correspondentes mais astuciosos lá presentes e profundo conhecedor da região, salienta que o alvo principal das operações militares conduzidas conjuntamente pelos Estados Unidos e por Maliki, Moqtada Al-Sadr, já não recolhe os favores do Irã: independente e beneficiando de apoio popular, esta facção é perigosa para este país.O Irã, segundo Rosen, "apoiou claramente o Primeiro ministro Maliki e o governo iraquiano, na altura do recente conflito em Bassra, contra o que eles descrevem como 'os grupos armados ilegais' (do exército Mahdi de Moqtada)", "o que não é surpreendente tendo em conta que o seu principal testa de ferro no Iraque, o Conselho Supremo Islâmico Iraquiano, apoio essencial do governo Maliki, domina o Estado iraquiano.""Não há guerra por procuração no Iraque", conclui Rosen, "porque os Estados Unidos e o Irã partilham o mesmo testa de ferro".Podemos presumir que Teerã gosta de ver os Estados Unidos instalarem-se e apoiarem um governo iraquiano receptivo à sua influência. Para o povo iraquiano porém este governo constitui um verdadeiro desastre e vai provavelmente prejudicá-lo mais.Em termos de relações externas, Steven Simon sublinha que a estratégia contra-insurrecional atual dos Estados Unidos "alimenta as três ameaças que pesam tradicionalmente na estabilidade dos Estados do Médio Oriente: o tribalismo, os senhores da guerra e o sectarismo." Isto poderia desembocar no surgimento de um "Estado forte e centralizado, dirigido por uma junta militar que poderia assemelhar-se" ao regime de Saddam. Se Washington conseguir os seus fins, então as suas ações estão justificadas. Os atos de Vladimir Putin, quando conseguiu pacificar a Tchechênia de uma maneira bem mais convincente que o general David Petraeus no Iraque, suscitam contudo comentários de outra natureza. Mas isto são eles, nós somos os Estados Unidos. Os critérios são portanto totalmente diferentes.Nos Estados Unidos, os Democratas são reduzidos ao silêncio pelo pretenso sucesso da ofensiva militar americana no Iraque. Mas o seu silêncio trai a ausência de oposição de princípio à guerra. Segundo a sua forma de ver o mundo, o fato de se alcançarem os fins justifica a guerra e a ocupação. Os apetitosos contratos petrolíferos são obtidos com a conquista do território.De fato, a invasão no seu conjunto constitui um crime de guerra - crime internacional supremo, que difere dos outros crimes de guerra porque gera, segundo os próprios termos do julgamento de Nuremberg, todo o mal causado em seguida. Isto está entre os assuntos impossíveis de abordar na campanha presidencial ou em qualquer outro quadro. Porque estamos no Iraque? Qual é a nossa dívida para com os iraquianos por ter destruído o seu país? A maioria do povo americano deseja a retirada das tropas americanas do Iraque. A sua voz tem importância?* Publicado em Khaleej Times a 8 de Julho de 2008, disponível em chomsky.info. Tradução de Carlos Santos (esquerda.net)[1] Permafrost - tipo de solo das regiões árticas, permanentemente congelado.[2] Ato pelo qual o Presidente dos Estados Unidos modifica o significado de um texto de lei.(Envolverde/Agência Carta Maior)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Deu no 'Correio Braziliense' de ontem

Por JOSÉ CRUZO primeiro aniversário da realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, que ocorre hoje, será comemorado amanhã com o lançamento do livro Rio 2007 — Viva essa energia, registro com fotos e textos dos principais momentos da competição, que teve a participação de 5.633 atletas de 42 países.
Durante os jogos, foram batidos 123 recordes pan-americanos, e o evento classificou diretamente 10 modalidades para as Olimpíadas de Pequim.
Além do livro, o Comitê Organizador do Pan 2007 apresentará o relatório oficial dos jogos, com resultados de todas as provas e a classificação final, em que o Brasil aparece em terceiro lugar — atrás das tradicionais delegações dos Estados Unidos e Cuba —, seu melhor desempenho nas 15 edições do Pan.
Euforias à parte e fora das áreas de competições, a principal expectativa sobre o Pan 2007, que colocou o Brasil na geografia internacional de competições de nível olímpico, é para a apresentação do relatório financeiro, com análise de gastos públicos que chegaram a R$ 3,5 bilhões.
O orçamento original previa investimento de R$ 400 milhões.
O trabalho preliminar, realizado pela Secretaria de Controle Externo (Secex) do Tribunal de Contas da União (TCU), no Rio de Janeiro, foi encerrado na sexta-feira.
Na próxima semana, deverá chegar à mesa do ministro Marcos Vilaça, relator do documento, em Brasília.
Segundo a assessoria de imprensa do TCU, "o ministro pretende levar o relatório final a julgamento o mais breve possível".
Até agora, a atuação do TCU resultou na abertura de mais de 30 processos.
O mais recente (nº9.255/2007-8) deverá ouvir explicações de Ricardo Layser Gonçalves, representante do Ministério do Esporte no Comitê Organizador do Pan, e José Pedro Varlotta, assessor de tecnologia do evento.
Eles determinaram a realização de serviços de informática e de obras civis sem licitação.
Esse ato "configura gestão antieconômica e ilegal", atestam os auditores do TCU.
Superfaturamento
Esse não é o único projeto que envolve a dupla Layser-Varlotta, militantes do PCdoB, do qual o ministro do Esporte, Orlando Silva, é um dos expoentes.
Uma das mais escandalosas denúncias que Layser e Varlotta estão envolvidos exibe indícios de superfaturamento de 16.000%, na aquisição de um sistema para credenciamento de atletas e autoridades.
Nessa compra, feita à empresa Atos Origin, o governo federal desembolsou R$ 106,2 milhões, equivalente a 75% do valor do contrato, conforme o repórter Ugo Braga, do Correio Braziliense, divulgou em 27 de abril deste ano.
A falta de licitações foi um dos mais graves problemas na fase preparatória do Jogos Pan e Parapan-Americanos do Rio de Janeiro.
O serviço de segurança, por exemplo, envolvendo verbas da União e da Prefeitura do Rio, num total de R$ 290 milhões, não foi licitado.
O mesmo ocorreu com as cerimônias de abertura, encerramento e premiações, comandadas pela empresa Mondo Entretenimento.
Em resposta ao TCU, os responsáveis pelo evento tinham explicações comuns:
"Falta de tempo hábil para realizar as licitações" ou "falta de pessoal qualificado para desenvolver projetos específicos".
Enquanto o relatório final do TCU não é apresentado, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador do Pan 2007, Carlos Arthur Nuzman, festeja, conforme comunicado que divulgou na sexta-feira:
"Até hoje ouvimos comentários elogiosos ao Rio 2007, seja nas reuniões das quais participo mundo afora como membro do Comitê Olímpico Internacional, seja aqui no Brasil. Isso nos dá um orgulho muito grande. Os Jogos Pan-Americanos foram realizados com padrões olímpicos de instalações e serviços, o que garantiu o sucesso do evento. É muito gratificante perceber o orgulho das pessoas com relação a tudo o que o Rio 2007 representou", afirmou Nuzman.
Ficaram na promessa
Há um ano, os olhares das Américas se voltavam para o Rio de Janeiro.
Num Maracanã rejuvenescido e lotado, a cidade celebrava a abertura dos Jogos Pan-Americanos com uma festa inesquecível.
Nas semanas seguintes, as modernas instalações construídas ou remodeladas para o evento foram palco de ferrenhas disputas e recordes continentais, prenúncios de um legado esportivo fundamental na campanha para sediar os Jogos de 2016.
Entretanto, as promessas de utilização maciça de estádios e arenas para formação de novos talentos, feitas à época, chegam ao primeiro aniversário do Pan ainda longe de serem cumpridas.
O piso azul emborrachado do Estádio Olímpico João Havelange simboliza a ociosidade.
Pelas raias da única pista da América Latina credenciada a receber um Mundial de Atletismo, atualmente só circulam jogadores de futebol a caminho do gramado.
Cedido pela Prefeitura do Rio ao Botafogo, o Engenhão hoje é palco exclusivo de partidas do Campeonato Brasileiro e não recebe uma bateria sequer de atletismo desde 19 de agosto de 2007, quando Terezinha Guilhermino ganhou a medalha de ouro na final dos 200m feminino T11 do Parapan.
Quando recebeu as chaves do Engenhão, em outubro do ano passado, o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, notou que não tinha a cópia de um dos depósitos.
Ainda em 2007, o presidente da Federação de Atletismo do Rio, Carlos Alberto Lancetta, esteve no Engenhão com a chave para retirar o que estava guardado no depósito.
Foram R$ 2,5 milhões em materiais usados nas provas do Pan e do Parapan (barreiras, blocos de partidas, cronômetros, dardos, discos, etc).
Sem um documento oficial da prefeitura ou do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Bebeto se negou a autorizar a retirada, que só foi feita em fevereiro, depois que a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) enviou ofício comunicando que o material lhe fora cedido, por comodato, pelo Ministério do Esporte.
O Rio de Janeiro, no entanto, só ficou com um quarto do total, hoje guardado no Estádio Célio de Barros.
O restante foi distribuído pela CBAt para centros em Uberlândia (MG), Bragança Paulista e Ibirapuera (ambos em São Paulo).
No Engenhão, resta apenas uma gaiola de lançamento, desmontada e sem uso.
Na Arena Multiuso, a vocação esportiva ficou em segundo plano.
Cedida para o grupo francês GL Eventos até o fim de 2016, o espaço ganhou nome de banco privado e passou a receber shows e eventos corporativos.
Já o Velódromo e o Parque Aquático Maria Lenk têm recebido poucas competições.
No Centro Esportivo Miécimo da Silva, nada ficou do piso especial para patinação artística nem dos equipamentos de squash e karatê.
E há problemas até nos locais que mais sediaram competições nos últimos 12 meses.
O complexo da Vila Militar de Deodoro, por exemplo, recebeu mais de 30 eventos esportivos.
A intenção de criar ali um centro de formação de pentatletas, no entanto, esbarra numa limitação básica.
Só há equipamentos para a prática de quatro das cinco modalidades que compõem o esporte: hipismo, tiro, natação e corrida.
Falta a esgrima.
"Em 2009, será iniciada a construção de um ginásio para a esgrima", diz o ex-nadador Djan Madruga, secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte.
Em dezembro, também deve ser inaugurado no complexo um centro de treinamento de judô.

sábado, 26 de julho de 2008

VEJA QUE MENTIRA!

"A Budweiser é nossa"
Atualizado em 24 de julho de 2008 às 17:06 Publicado em 24 de julho de 2008 às 17:06
Do Observatório da Imprensa
LEITURAS DE VEJA"A Budweiser é nossa". Nossa quem, cara-pálida?Por Luiz Antonio Magalhães em 22/7/2008A revista Veja está mesmo perdendo o senso do ridículo. Na edição desta semana (nº 2070, de 23/7/2008), deu capa para a compra da companhia Anheuser-Busch pela Inbev. Na matéria principal, a revista sapecou o título acima, entre aspas. Sim, foi isto mesmo que o leitor leu: "A Budweiser é nossa". E só faltou o inefável locutor Galvão Bueno para completar: "É do Brasiu, iu iu iu...".Seria bonito, se fosse verdade. Só que não é. A leitura das publicações especializadas em economia e negócios ajuda um pouco. Abaixo, no original, trecho de matéria publicada pelo Wall Street Journal (15/7/20078) sobre a polêmica aberta pelo pré-candidato democrata Barack Obama, que antes do negócio se concretizar afirmou que seria uma vergonha (shame, no original) para os Estados Unidos que a Anheuser-Busch pudesse se tornar uma empresa controlada por estrangeiros. Pelo que se pode discernir da leitura do Wall Street Journal, os estrangeiros em questão são os belgas e não "nós", como orgulhosamente apregoa a Veja:"‘... Beer Is Belgian’Unlike such countries as the U.S., Russia and France, Inbev´s home nation isn´t protective about its biggest corporations. With a population of 10 million, Belgians have always had to share their toys – they shrug when the French say that they, not Belgians, invented the fry. Most of Inbev´s board members are Brazilian, even if the controlling shareholders are aristocratic Belgian families.Nonetheless, politicians in this beer-loving land raise their glasses every time InBev, with the families blessing, launches international expansions. In less than 20 years, the many acquisitions have turned Interbrew from a midsize Belgian brewer into the King of Beer Companies. "There is pride today, because beer is Belgian," said Vincent Van Quickenborne, the country´s economy minister.Mr. Van Quickenborne, however, declared himself "shocked" at Sen. Barack Obama´s comment that it would be a shame if Anheuser-Busch became foreign-owned. "In the end, the Belgians were stronger than Obama, and we´re not going to call the beer ´Belweiser,´ " he joked. "Seriously, we´re not trying to ´buy American,´ " he added. "This is about business, restructuring, cost-cutting and positioning ourselves in a global market."Not all Belgians were cracking open cases of Stella to celebrate the news.The unions that represent InBev employees in Belgium are worried that they could bear the brunt of InBev´s attempts to cut costs. InBev is eager to avoid cutting jobs in the U.S. to avoid negative publicity, so it could fall back on Europe, the unions say. "All mergers lead to restructuring, and that´s never good," union spokesman Luc Gysemberg told Belgian wire service Belga."Belgium will remain central to the company," responds InBev spokeswoman Marianne Amssoms, dismissing the unions` claims.As for beer drinkers, they already regard InBev with the kind of suspicion techies levy at Microsoft. To gain market share, InBev has standardized brews to always taste the same, says Christian Lejeune, director of the Museum of Belgian Beers in Lustin, in the south of Belgium. He bemoans the days before high-tech brewing, when bottles of the same brand might taste different.InBev, said Mr. Lejeune, "won´t lose anything now because they don´t make real Belgian beer in the first place."Ok, é verdade que alguns brasileirinhos da gema, como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira têm participação acionária na Inbev (cerca de 25% do total, segundo reportagem da IstoÉ Dinheiro). Também é verdade que o principal executivo da Inbev é outro brazuca, Carlos Brito. O problema todo, porém, é que nenhuma publicação séria fora do Brasil escreve a barbaridade que Veja perpetrou ao qualificar a Inbev de "cervejaria belgo-brasileira", logo no lide da reportagem desta semana. Ao contrário. O New York Times, por exemplo, noticiou a compra assim:Anheuser-Busch Agrees to Be Sold to InBevBy MICHAEL J. DE LA MERCED, Published: July 15, 2008"Anheuser-Busch agreed on Sunday night to sell itself to the Belgian brewer InBev for about $52 billion, putting control of the nation’s largest beer maker and a fixture of American culture into a European rival’s hands. InBev confirmed details of the sale Monday in Brussels."Belgian Brewer significa cervejaria belga. Brussels, Bruxelas, fica bem longe do Rio de Janeiro ou São Paulo. É lá que são tomadas as decisões relevantes da Inbev. O resto é conversa para animar a patriotada dos néscios que acreditam em tudo que a revista Veja publica.No fundo, talvez o semanário da Abril esteja preparando terreno para anunciar que a editora responsável pela publicação de Veja "comprou" a News Corp. do magnata Rupert Murdoch. E poderá então dar com destaque, quem sabe em página dupla, a grande manchete: "O Wall Street Journal é nosso!" Do Brasiu iu iu iu...

PRECONCEITO...

O colunista Robsom Sampaio da folha de PE em sua coluna deste sábado expõe duas teses bastante preconceituosas em sua coluna:Primeiramente ao comentar sobre garotas que foram detidas em Boa Viagem após supostos assaltos diz que "faz falta o tempo das palmatórias e das chibatadas".Depois o referido "jornalista" diz que "vários cheira-cola andam amedrontando as pessoas nas redondezas do parque 13 de maio".Note que ele opõe "cheira-cola" a "pessoas" (o que eles são?bichos??).Preconceito?ignorãncia?Tudo junto!!!!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Enquanto o "ladrão de queijo " tá na cadeia...

Em Recife foi preso um pai de família por roubar dois queijos que iria vender para alimentar a família.
O aluguel estava vencido há meses,não havia praticamente comida em casa...O caso foi tão triste que os agentes da delegacia fizeram uma "cotinha" para ajudar a família do preso!
Enquanto isso...
Entenda o caso do banco Marka e de Salvatore Cacciola
(da Folha Online da Folha de S.Paulo)
Salvatore Cacciola, ex-dono do Banco Marka, foi protagonista de um dos maiores escândalos do país. O caso atingiu diretamente o então presidente do BC (Banco Central), Francisco Lopes.
Em janeiro de 1999, o BC elevou o teto da cotação do dólar de R$ 1,22 a R$ 1,32. Essa era a saída para evitar estragos piores à economia brasileira, fragilizada pela crise financeira da Rússia, que se espalhou pelo mundo a partir do final de 1998.
Naquele momento, o banco de Cacciola tinha 20 vezes seu patrimônio líquido aplicado em contratos de venda no mercado futuro de dólar. Com o revés, Cacciola não teve como honrar os compromissos e pediu ajuda ao BC.
Salvatore Cacciola, ex-dono do banco Marka, durante depoimento no Senado em 1999
Sob a alegação de evitar uma quebradeira no mercado --que acabou ocorrendo--, o BC vendeu dólar mais barato ao Marka e ao FonteCindam, ajuda que causou um prejuízo bilionário aos cofres públicos.
Dois meses depois, cinco testemunhas vazaram o caso alegando que Cacciola comprava informações privilegiadas do próprio BC. Sem explicações, Lopes pediu demissão em fevereiro.
A chefe interina do Departamento de Fiscalização do BC era Tereza Grossi, que mediou as negociações e pediu à Bolsa de Mercadorias & Futuros uma carta para justificar o socorro. O caso foi alvo de uma CPI, que concluiu que houve prejuízo de cerca de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
A CPI acusou a alta cúpula do Banco Central de tráfico de influência, gestão temerária e vários outros crimes. Durante depoimento na comissão, Lopes se recusou a assinar termo de compromisso de falar só a verdade e recebeu ordem de prisão.
Em 2000, o Ministério Público pediu a prisão preventiva de Cacciola com receio de que o ex-banqueiro deixasse o país. Ele ficou na cadeia 37 dias, mas fugiu no mesmo ano, após receber liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello --revogada em seguida. Pouco tempo depois de se descobrir o paradeiro do ex-banqueiro, o governo brasileiro teve o pedido negado pela Itália, que alegou o fato de ele ter a cidadania italiana.
No livro "Eu, Alberto Cacciola, Confesso: o Escândalo do Banco Marka" (Record, 2001), o ex-banqueiro declarou ter ido, com passaporte brasileiro, do Brasil ao Paraguai de carro, pego um avião para a Argentina e, de lá, para a Itália.
Em 2005, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, condenou Salvatore Cacciola, à revelia, a 13 anos de prisão pelos crimes de peculato (utilizar-se do cargo exercido para apropriação ilegal de dinheiro) e gestão fraudulenta.
O então presidente do BC, Francisco Lopes, recebeu pena de dez anos em regime fechado e a diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi, pegou seis anos. Os dois entraram com recurso e respondem o processo em liberdade.
Também foram condenados na mesma sentença outros dirigentes do BC: Cláudio Mauch, Demosthenes Madureira de Pinho Neto, Luiz Augusto Bragança (cinco anos em regime semi-aberto), Luiz Antonio Gonçalves (dez anos) e Roberto José Steinfeld (dez anos).

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Opinião
Call Center: insatisfações e doenças
POSTADO ÀS 07:40 EM 17 DE Julho DE 2008
Por Sérgio Goiana
O setor de telemarketing emprega 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos e 1,5 milhão na Europa. Na Inglaterra, existe mais gente empregada nesse setor do que nas indústrias de carvão, aço e automóveis juntas.
No Brasil, o telemarketing já absorve cerca de 400 mil trabalhadores e a expectativa é de crescimento e geração de novos empregos. Estima-se que essa atividade movimente em torno de R$ 65 bilhões por ano no mercado nacional.
No entanto, é preciso ter atenção: tanto dinheiro favorável ao telemarketing pode esconder problemas relacionados a esse trabalho, como baixos salários e doenças ocupacionais, tanto físicas como psicossociais. Há muito tempo lutamos pela melhoria na qualidade no atendimento à população dos usuários da Previdência Social. Sempre defendemos a realização de concurso público, melhoria nas condições de trabalho, de saúde, de segurança e, acima de tudo, de um atendimento aos usuários dos serviços públicos. Todavia, ainda estamos muito distante desse objetivo.
Na tentativa de melhorar o atendimento dos usuários da Previdência que passavam longas horas em filas, foi criado o serviço de atendimento chamado Call Center cujo principal tarefa seria de resgatar a dignidade do atendimento à população.
Porém, o serviço que era para minimizar a situação do trabalhador/a passou a ser um’‘verdadeiro terror’, uma vez nos últimos surgiram problemas relacionados às doenças ocupacionais que começaram a prevalecer no cotidiano dos trabalhadores/as, trazendo como conseqüência o elevado número de casos de Lesão por Esforço Repetitivo (LER).
Os operadores do Call Center executam tarefas muito repetitivas. Alem disso, são submetidos à forte pressão e vivem sob a constante ameaça de perder o emprego, já que a rotatividade de funcionários no setor costuma ser em larga escala. Em se tratando de relações trabalhistas, sofrer não deve ser condição, nem muito menos conseqüência, ainda mais quando é resultado de situações de humilhação, constrangimento e submissão. Salientamos que o assédio moral no trabalho é um fenômeno antigo, mas que vem recebendo destaque pela mídia nos últimos tempos devido à tendência de tornar as relações de trabalho mais transparentes e justas. Basicamente, consiste em degradar as condições de trabalho por meio de ofensas, pressão e críticas excessivas dos chefes sobre seus subordinados.
O assédio moral acontece devido ao abuso do poder, provocando um cenário de discriminação dentro da empresa. O medo desemprego é uma das principais causas desse fenômeno. Para garantir seu emprego, o funcionário sujeita-se a atitudes antiprofissionais; o chefe, por seu lado, transfere toda a insegurança para sua equipe mediante atitudes autoritárias
Ao falarem pelo telefone, eles têm que seguir em muitos casos um script predeterminado e são rigidamente supervisionados, já que toda a conversa é gravada.
A conseqüência dessa pressão já pode ser observado nos índices de doenças ocupacionais. Dentro desse contexto, a pior solução foi dada pelos proprietários desses serviços: demitir funcionários, repor a mão-de-obra, constantemente, e deixar para Previdência Social o grande prejuízo de funcionários afastados de suas funções, trazendo mais ônus para o combalido caixa previdenciário.
Muitas dessas empresas agem com “mão de ferro” contra os homens e mulheres, desrespeitando inclusive as Leis Trabalhistas vigentes. O Governo Federal precisa intervir contra esses abusos e desmandos.
Reivindicamos que os trabalhadores/as exercem mais esse serviço para população com condições de trabalho, qualidade de vida e salários justos. O excesso da jornada, a falta de intervalo adequado e, sobretudo, o desrespeito ao ser humano, são fatores prejudiciais para uma relação harmoniosa entre o capital e o trabalho.
Precisamos avançar na construção de um a relação consistente, transparente e objetiva que contribuam na melhoria efetiva do atendimento à população motivo da existência do planeta terra.
PS:Os governos do PT apoiam a chegada de Call Centers em suas cidades e oferecem inúmeras vantagens a esses empresários sem escrúpulos

domingo, 13 de julho de 2008

MUY BIEN...

Dominios argentinos aceptarán caracteres españoles Por Mariano de Vedia, La Nación

A partir de un trámite en la cancillería argentina, miles de usuarios de Internet podrán registrar en ese país sitios que lleven en el dominio la letra ñ, acentos o diéresis, características propias del idioma españl que no se utilizan en inglés. Así, la lengua de Cervantes, hablada por 400 millones de personas en el mundo, fortalece su presencia e influencia en la Red. Unos 119.000 dominios, "el 7% de los 1,7 millones que existen en el país" estarán en condiciones de cambiar su registro a partir de septiembre, después de la resolución firmada por el canciller Jorge Taiana, que favorece la inclusión de los caracteres multilingües del españl y del portugués. La medida comprende, además, el cambio del subdominio .gov.ar, reservado para las entidades del gobierno a nivel nacional, provincial y municipal, que pasará a escribirse .gob.ar , como corresponde a la referencia de gobierno y no de la palabra government , del idioma inglés. Todo apunta a "fortalecer el uso de nuestro idioma y defender nuestra identidad", informó el Ministerio de Relaciones Exteriores al difundir la novedad. Entre los fundamentos de la resolución, se indica que se quiere evitar "que los jóvenes, activos usuarios de Internet, se alejen del buen uso del idioma". En la Argentina, hay más de 16 millones de usuarios de Internet, la mitad de los cuales (8 millones) son menores de 24 años. Además, la Cancillería estima que unos 9 millones de personas realizaron alguna vez compras por la Red. La incorporación de los signos característicos de la lengua españla en las nuevas tecnologíos de la información y las comunicaciones es un reclamo permanente de las instituciones culturales y defensoras del idioma. También el recordado periodista Germán Sopeña, secretario general de Redacción de LA NACION y de cuya muerte se cumplirán siete años el lunes próximo, abogó insistentemente a lo largo de su trayectoria por la "modesta batalla" en favor del uso de la letra eñe en Internet, que fue tomada después por otros medios (ver aparte). "En la Argentina, hay más de 1,7 millones de dominios de Internet y cada añ se crean unos 150.000", dijo a LA NACION Gustavo Soliño, coordinador del programa NIC Argentina (Network Information Center), el organismo de la Cancillerí que administra los nombres de dominio en nuestro país. La cantidad sorprende, si se lo compara con los dominios registrados en Brasil (1.100.000) y México (250.000), países que superan con creces la población argentina. Los cambios, que incluyen la posibilidad de incluir en el nombre del dominio el uso de la cedilla, propia del idioma portugués, entre otros, apunta a consolidar el acercamiento cultural en el Mercosur. Los pasos para registrar los cambios aprobados por Taiana en la resolución 616/08 serán progresivos. Primero, la Cancillería se tomará 120 dís para desarrollar y testear el nuevo sistema de registros. Luego, habrá un período de 30 días para promocionar la incorporación de los caracteres multilingües. Vencido ese plazo, a comienzos de septiembre, se abrirá un registro para aceptar solicitudes de cambios para los dominios ya existentes. "Los que ya están registrados tendrán prioridad", explicó Soliño. Y lo justificó, argumentando que "seguramente muchos en su momento habrán querido inscribir su dominio con algún acento o con la eñe y no se lo permitieron". Se puede dar el caso de que dos usuarios pugnen por el mismo dominio. Poniendo su apellido como ejemplo, Soliño explicó: "A lo mejor, uno tiene el dominio solinho y otros solinyo o soligno , entre distintas variantes, y todos ahora querrán soliño. Tendrá prioridad el que tenga la solicitud de dominio original más antigua". Para eso, explicó, habrá que esperar que se complete el período de 100 días en que estará abierto el registro. En España, según dijo, las coincidencias se resolvían por sorteo. "Es más justo mantener el criterio del registro más antiguo. De todos modos, los casos que fueron a sorteo en España fueron muy pocos: fueron 26", explicó el funcionario de la Cancillería. Luego de ese período de 100 días, a mediados de diciembre, el registro de dominios se abrirá a todo el mundo, sin restricciones. "Si un dominio que ya existe no cambió el acento, perderá la prioridad y cualquiera lo podrá registrar", precisó Soliño. Qué pasa con los mails -¿Todos estos cambios se extenderán a los mails? El funcionario, en ese aspecto fue cauto. "Eso dependerá de los propios servidores y del avance de la tecnología. Cuanta más demanda haya por incorporar los signos propios del español y del portugués, más rápidamente el mercado ofrecerá la posibilidad de incluirlos", respondió. Actualmente, de 1,7 millones de dominios registrados en el país, 1.572.895 tienen el subdominio .com.ar , establecidos para personas físicas o jurídicas. Hay registrados. además, 163.393 .org.ar (entidades sin fines de lucro), 7976 .net.ar (empresas proveedoras de servicios de Internet), 2964 .gov.ar (organismos de gobierno), 52 .mil.ar (fuerzas armadas) y apenas 30 .int.ar (representaciones extranjeras u organismos internacionales). La Cancillería habilitó, a partir del próximo 31 de mayo, el subdominio .tur.ar , reservado a las empresas de viajes y turismo habilitadas por la Secretaría de Turismo de la Nación. A diferencia de otros países, el registro del dominio en la Argentina es gratis. Soliñ estimó que en Brasil cuesta unos 15 dólares, y en España, entre 10 y 15 euros. Por ese motivo, la expectativa es que se sumen al cambio entre el 4 y el 7% de los dominios existentes, cuando el porcentaje en todo el mundo ronda el 2 por ciento.

sábado, 12 de julho de 2008

Veja que vergonha...Minardi e suas m...

PF acusa Mainardi e Veja
O relatório do delegado Protógenes Queiroz, encaminhado ao Juiz Fausto Martin de Sanctis - que serviu de base para o pedido de prisão de Daniel Dantas e outros réus – acusa diretamente as revistas IstoÉ Dinheiro e Veja e os jornalistas Leonardo Attuch, Lauro Jardim e Diogo Mainardi de colaborarem com uma organização criminosa. Mainardi é explicitamente apontado como “jornalista colaborador da organização criminosa”.
O nome do documento é “Relatório Encaminhado ao Juiz Federal Fausto Martin de Sanctis". É o Inquérito Policial 12-0233/2008. Nele consta Procedimento Criminal Diverso no. 2007.61.81.010.20817.
Foi preparado pela Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros do Departamento da Polícia Federal
O capítulo 13 tem por título “Do papel da mídia no processo investigatório”.
Diz o seguinte:Evidentemente com maior assiduidade na programação quase que diária dos meios de comunicação disponíveis, o grupo comandado por Dantas se serve com maior freqüência do que o grupo comandado por Naji Nahas. Ambos são convergentes quanto ao interesse comum e divergentes quanto às matérias publicadas, como forma de ludibriar para atingir seus objetivos. Com vantagens no final da falsa discussão pública.
Curiosamente, (...) o volume de dados analisados a respeito do material publicado ao longo da existência dessa organização criminosa usando a mídia, ora em proveito próprio ora em outros propósitos chantagistas
Neste momento trazemos à luz algumas matérias de fomento ao acordo recentemente efetivada pela BrT, Oi, Citigroup, Opportunity, aqui Daniel Valente Dantas, referente a alguns “conceituados” órgãos da imprensa escrita, tais como revista IstoÉ Dinheiro e Veja, ambos veículos a serviço do relevante grupo.
Apontamos a revista Veja, data de 16/01/2008, matéria “Rumo à supertele”, três folhas dedicadas exclusivamente aos interesses escusos da organização pelo jornalista Lauro Jardim.
Nesse mesmo dia 16.01.2008, matéria de capa da revista IstoÉ, “Os Vencedores da Telefonia”, como Carlos Jereissati e Sérgio Andrade, sócios da Oi, foram escolhidos pelo governo para comprar a BrT e, com o auxílio generoso do BNDES, formar um gigante das telecomunicações”, do jornalista Leonardo Attuch.
E aqui nesse momento, eu vou me servir do recente artigo publicado no dia 12.04.2008, edição 2054, da própria revista Veja, elaborado por um dos jornalistas colaboradores dessa organização criminosa, Diogo Mainardi, sob o título
“Entendeu, Tabatha”.
“Eles retomaram algumas das práticas mais antigas e mais imundas do jornalismo, como a chantagem, a mentira, a propaganda do poder e a matéria paga".
Ao lembrar essa assertiva ele talvez tenha revelado e audaciosamente expressado a vertente resumida de como funcionava a mídia para o grupo Opportunity, comandado por Daniel Valente Dantas, o que reforça e confirma todo o material coletado através de interceptações de dados telefônicos e telemáticos.
Em uma avaliação bem literal das condutas e comportamentos de alguns jornalistas que hoje estão no bojo do trabalhos coletados, é de se considerar como participantes da organização criminosa liderada por Daniel Valente Dantas especialmente aqueles que têm indícios de remuneração direta ou indireta de recursos originados do referido investigado ou de seus colaboradores.
No relatório de análises constou no dia 13/01/2007 que o investigado Daniel Dantas mantém diálogos com Verônica Dantas e Danielle Silbergleid afirmando textualmente da necessidade de utilizar a conexão direta entre ele e a imprensa como instrumento para plantar informações a fim de confundir a opinião de autoridades públicas nacionais e internacionais na disputa do grupo Opportunity, Citigroup, Telecom Italia pelo controle da BrT
Embora esse tema não seja foco inicial da presente investigação,é necessário conhecermos os meios ardilosos na divulgação das informações plantadas.
A voracidade em lançar informações falsas e até com cunho difamatório, e menciona o nome Moreira Alves (...) na empreitada suja de baixo nível.
E aqui vai a indagação: a mídia é um veículo independente comprometido com a verdade imparcial. Certo? Errado. O que estamos assistindo, o desmascaramento por meio do Judiciário Federal com a atenção auspiciosa do Ministério Público Federal é repugante !!! sob o ponto de vista ético e moral do papel da imprensa.
E aqui reproduzimos ipsis literis a mensagem interceptada de conteúdo sem o mínimo escrúpulo que possa nortear regras de boa conduta e convivência social.Assunto: PendênciasDe; Cristina Caetano 18/02/2008Para Alberto Pavi
Pavi,
Obrigado. Outro dia retomaremos a conversa com Moreira Alves. Nosso prazo para entrar com a campanha difamatória é no começo de março. E se não formos fazer com ele temos que achar outra pessoa. Nós preferimos que você redigisse. Achamos que nesse caso tem muitos fatos, seria melhor ser redigido por um civilista do que por um criminalista. Vamos focar nisso?
Beijos
Conclusões
Depois, fala de contatos de Nahas com jornalistas, mas sem envolvimento com o a organização criminosa. Menciona jornalistas que tiveram reuniões com Nahas, no plano jornalístico apenas. Quando menciona Attuch, o relatório diz que
seria também responsável pela publicação de artigos jornalísticos “encomendados” pela organização criminosa com o objetivo de facilitar o tráfiuco de influência perante autoridade são públicas.
Para esse seleto grupo jornalístico Naji Najas ora se posiciona falsamente como opositor e inimigo de Daniel Dantas.É comum jornalistas acima citados (acrescentamos o colunista Diogo Mainardi, na revista Veja) assinarem matérias favoráveis ao interesse do grupo Opportunity, principalmente à pessoa de Daniel Valente Dantas.A contextualização e os tópicos de análise do papel da mídia na presente investigação, por questão didática, preferimos fazer referência aqui na forma de anexo digitalizado.
O relatório tem menção a vários links com gravações de conversas telefônicas.