quinta-feira, 26 de junho de 2008

Para o pan...e para o povo?


ORÇAMENTO 25/06/2008 20:38Governo anuncia corte adicional de R$ 8,2 bilhõespara aumentar superávit e Bolsa-Família
O governo fará um corte adicional de R$ 8,2 bilhões no orçamento deste ano para compensar o aumento no superávit primário e atender o aumento no benefício do Bolsa Família. Desse total, R$ 5,2 bilhões virão de despesas obrigatórias e mais R$ 3 bilhões de despesas discricionárias (não-obrigatórias) do Poder Executivo. Os números foram anunciados pelo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. O contingenciamento extra tem como objetivo destinar R$ 14,2 bilhões, equivalentes a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), para o Fundo Soberano, que será constituído inicialmente como uma poupança para combater a inflação. Segundo Paulo Bernardo, o reajuste do benefício do Bolsa Família ficará entre 7% e 8%. Mais cedo, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, tinha dito que o índice é de 8%. Além dos cortes, o fundo será viabilizado pelo aumento de receita no valor de R$ 6,6 bilhões. Desse total, R$ 5 bilhões virão de dividendos de estatais, R$ 1 bilhão, de compensações financeiras (na maior parte royalties da Petrobras reajustados por causa do aumento do preço do petróleo) e R$ 600 milhões de outras receitas. Originalmente, o corte necessário no orçamento seria de R$ 7,6 bilhões, mas o valor teve que ser aumentado em R$ 600 milhões por causa do reajuste no Bolsa Família, que começa a valer em julho, e de outras despesas consideradas prioritárias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a aplicação de R$ 85 milhões na campanha de apoio à realização da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro.
Da Agência Brasil

QUEM É O VÂNDALO?QUEM É?????

O outrora sindicalista Dilson Peixoto acaba de chamar os rodoviários de recife de vândalos(JC on line) por estarem pedindo um aumento de 12% (os patrões até ontem ofereciam 4% divididos em duas vezes).
Que classificação ele daria a um presidente da EMTU e a um governo que diminuiu a frota de coletivos em quase 10% (na surdina,claro...)
Pois o presidente da EMTU é ele,e o governo é o que ele serve como capacho!!!!!!!!!!!!
Que vergonha...

P.S. Ontem o presidente do sindicato das empresas disse que iria demitir os trabalhadores que aderissem a greve (DP). O que Dilson acha disso?Ele é um vândalo?

QUEM É O VÂNDALO?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

MORRO DA PROVIDÊNCIA, RIO

Eles não têm assessores de imprensa
Por Sylvia Moretzsohn em 19/6/2008
O Rio do lado sem beira desceu à sua maneira – como diz a canção – e enfrentou o Batalhão de Choque na sede do Comando Militar do Leste, ao lado da Central do Brasil, em seguida ao enterro de três jovens moradores do Morro da Providência, ocupado desde dezembro do ano passado por forças do Exército, alegadamente para dar apoio a obras de reforma de centenas de casas da comunidade.
Segundo o noticiário, os rapazes voltavam de um baile funk quando foram abordados por militares, que os revistaram; presos por desacato e levados a um quartel, acabaram torturados e assassinados, supostamente depois de terem sido entregues por esses mesmos militares a traficantes de um morro próximo, dominado por uma facção rival. Seus corpos foram encontrados num lixão, num município da Baixada Fluminense.
Assim que a notícia correu, no sábado (14/6) à noite, a revolta explodiu: vários ônibus foram incendiados ou depredados nas imediações da favela, os operários que trabalhavam nas obras decidiram parar em sinal de protesto, moradores tentaram bloquear o viaduto que passa ao lado do morro e é vital para o trânsito na cidade.
O ápice foi na segunda-feira (16): primeiro a tensão no enterro, depois a passeata até a sede do Comando, finalmente o confronto. Bombas de efeito moral, spray de pimenta, tiros de balas de borracha, cães e golpes de cassetete contra as pedras e o alarido da multidão enfurecida, que promovia estragos a esmo em meio a outra multidão apavorada, que tentava fugir daquilo e voltar para casa.
Cidadãos inteiramente loucos com carradas de razão – exatamente como diz a canção.
Perguntas tardias
O Globo deu amplo destaque ao conflito e relacionou na primeira página dez "perguntas sem resposta", que poderiam ser resumidas essencialmente em duas: por que o Exército Brasileiro foi mobilizado para um trabalho que inevitavelmente incluiria a função de polícia se não há deliberação do Congresso Nacional nesse sentido? Por que o Exército Brasileiro foi destacado para atuar num reduto eleitoral particularmente vistoso de um senador evangélico de grande influência, candidato a prefeito e colega de partido do vice-presidente da República? Por quê? Porque...
Por que O Globo apenas agora se lembra de fazer essas perguntas? Por que não as fez há seis meses, quando começou a ocupação do morro? Naquela época – um 13 de dezembro, data marcante na memória nacional – o jornal registrava singelamente que "as obras do projeto Cimento Social, uma parceira do Ministério das Cidades com o Exército, começam hoje no Morro da Providência, no Centro. A proposta é reformar as fachadas e os telhados de 780 casas da favela". (Na verdade, 782, pois para um projeto como esse é preciso mesmo contar nos dedos e anotar bem o nome dos beneficiários). No dia seguinte, no mesmo tom, informava que o "Exército ocupa vários pontos do Morro da Providência".
O Exército sobe o morro, não encontra qualquer resistência, e ninguém desconfia de nada? Ainda mais que naquele mesmo morro, cerca de um ano e meio antes, no episódio ainda hoje nebuloso do sumiço de armas de um quartel, houve intensa troca de tiros com os traficantes locais, resultando inclusive na morte de um rapaz, no meio do fogo cruzado a que se costuma dar o nome de "bala perdida".
Só quatro meses depois, em 6 de abril, manchete do diário Extra investiria na explicação para tamanha calmaria: "Tráfico propôs trégua para Exército trabalhar em paz na Providência". (Se a iniciativa partiu mesmo dessa entidade chamada "tráfico", ou se teve outra origem, é coisa de menor importância agora). O Globo, um mês e meio antes (em 20 de fevereiro), preferiu acreditar na fantasia de que "Providência não tem mais venda de droga". A informação era atribuída ao Exército e repetia matéria publicada na véspera pelo jornal O Dia, que afirmava: "Exército expulsou tráfico do Morro da Providência", e que abria de maneira triunfal e inequívoca:
"A presença diária de 200 homens do Exército no Morro da Providência, no centro da cidade do Rio, foi suficiente para expulsar os traficantes que dominavam a comunidade. O que restou do grupo se resume a poucas pichações nas paredes das casas ou às iniciais da facção gravadas nas escadarias. A expulsão dos criminosos é reconhecida pelos militares e pode ser constatada em uma caminhada pelos becos da comunidade, que não apresentam olheiros ou soldados armados do tráfico."
Surpreendentemente, menos de um mês depois, em 11 de março, a Folha de S.Paulo faz a gentileza de informar exatamente o contrário: "Exército admite que tráfico ainda atua em morro ocupado por militares no Rio". E aponta a origem do equívoco:
"O Exército admitiu pela primeira vez que o tráfico ainda opera no morro da Providência, na Gamboa (zona portuária do Rio), ocupado há quase três meses pelos militares para a realização de reformas em casas da população de baixa renda. Em 18 de fevereiro, o Comando Militar do Leste levou a imprensa à favela para anunciar publicamente que havia expulsado os traficantes." [Destaque meu.]
O Comando Militar do Leste levou a imprensa à favela para dar uma notícia do seu interesse e a imprensa acreditou. E fez o alarde correspondente à suposta grande vitória do Bem contra o Mal.
Da mesma forma, a imprensa achou perfeitamente normal algo que estranha agora: o acordo do Ministério das Cidades com o Exército para a tal obra do "Cimento Social" que privilegiava escandalosamente um projeto eleitoreiro do "bispo" candidato a prefeito do Rio de Janeiro, à revelia do debate público que obrigatoriamente precisaria ser travado para a adoção de uma medida como essa.
É preciso estar atento e forte...
Ler jornal, ouvir o noticiário radiofônico, assistir a telejornais, são tarefas muito difíceis. É preciso estar atento e forte – como diz outra canção, bem mais antiga. E não conseguimos estar atentos o tempo todo. Tendemos a acreditar no que se publica, mesmo porque a principal arma de um jornal é a sua credibilidade, e além disso o hábito de ler jornal, ouvir rádio, assistir ao telejornal, está incorporado ao nosso cotidiano. Por isso tantas coisas nos escapam, e por isso também momentos de grande comoção como este servem para alertar-nos para a necessidade de um recuo que nos leve a pensar em como chegamos até aqui.
Então, tudo se encaixa: a mal disfarçada campanha da mídia em geral em favor da atuação do Exército no combate à criminalidade não poderia mesmo permitir críticas ou questionamentos diante de uma medida perfeitamente adequada a esse propósito. E as várias assessorias de imprensa – do governo, do Exército, do candidato – se aproveitam disso para "plantar" as informações de seu interesse.
Até que três rapazes um pouco mais abusados, ou um pouco menos dóceis – quem sabe ovelhas desgarradas do rebanho do "pastor" –, ousam desafiar o poder da farda e conhecem um fim trágico que detona a revolta.
Porém a "comunidade" não tem assessores. Reage à sua maneira: as mães envelhecidas e desdentadas no desespero da perda dos filhos, os amigos e vizinhos queimando ônibus e quebrando o que vêem pela frente ou empunhando cartazes improvisados, frases precárias escritas num frágil pilot sobre cartolina com uma tarja negra à volta em sinal de luto. Ou, ainda, apela a gestos tão simbólicos como a retirada da bandeira nacional hasteada no alto do morro pela força armada, ou a exibição de um boneco de Judas fardado, pendurado do lado de fora de uma casa sem reboco, num ponto mais visível do morro.
É tudo, e é pouco, porque sempre haverá quem diga que estão a serviço dos traficantes, o que é a forma mais óbvia de deslegitimar o protesto e simplificar a questão. Afinal, dois dos jovens assassinados tinham "passagem pela polícia" – quase uma regra para quem nasceu e vive na periferia social –, de modo que estavam marcados como a flor de lis no corpo dos bandidos de outrora. O outro tinha ficha limpa, mas era questão de tempo.
Agora os jornais começam a fazer perguntas, agora aparece um documento confidencial do Exército informando que a presença dos militares no morro era mesmo para policiar a área, agora os jornalistas fazem as contas e constatam que a reforma das casas custará mais de 60% do preço de uma casa nova. Mas agora é tarde.
A tragédia em "alta definição"
A força das cenas do conflito, a intensidade do drama, a aberração e o grau de barbárie que a situação expõe, nada disso foi capaz de mudar a abertura do Jornal Nacional de segunda-feira (16/6), que destacou o fato na escalada mas começou com a matéria prevista: uma reportagem sobre o câncer de mama, anunciada pela sorridente musa do noticiário, que retornava ao trabalho depois de dez dias longe das câmeras, justamente para a realização de uma pequena cirurgia nos seios, preventiva de um mal maior.
No encerramento, a mesma musa sorridente anunciava a boa nova: o início da transmissão digital da emissora no Rio de Janeiro, dali a alguns minutos, na novela das nove.
De fato é reconfortante saber que, em breve, a noite da grande fogueira desvairada poderá ser apreciada em "alta definição".

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Nota da Via Campesina de Pernambuco à sociedade brasileira

18/06/2008 PESQUISA PRA QUEM? Dia 10 de junho a Via Campesina Brasil deu inicio a sua Jornada Nacional de Luta Contra o Agronegócio e em Defesa da Agricultura Camponesa.Em Pernambuco, dentre as várias ações realizadas durante a semana passada, uma protestava contra a produção de agrocombustíveis em larga escala, em específico o avanço da monocultura da cana-de-açúcar. O ato foi realizado na EECAC (Estação Experimental de Cana-de-Açúcar) no município de Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco. A Estação Experimental é uma Parceria Público-Privada entre o Sindaçúcar (Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool), que reúne as 20 maiores usinas do Estado, e a UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), que há 38 anos desenvolve pesquisas para o desenvolvimento genético de cana, inclusive transgênica.O objetivo da ação política não foi um ataque à universidade ou às pesquisas acadêmicas em geral. Mas sim demonstrar à sociedade que os camponeses e camponesas do Brasil são contra este modelo que privilegia a monocultura exportadora, utilizando nossas riquezas naturais, nossas terras e mão-de-obra barata, destruindo o meio ambiente e produzindo trabalho escravo. Entendemos que o papel da universidade não é usar recursos públicos para pesquisas que beneficiam usineiros, mas sim, para pesquisas que construam uma alternativa de desenvolvimento para região e que possam servir à grande maioria.A Estação Experimental de Cana-de-Açúcar recebe cerca de 6 milhões de reais por ano para investir em pesquisa de “melhoramento genético” de cana-de-açúcar. Metade desse recurso - R$ 3 milhões – são provenientes de usinas ligadas ao Sindaçúcar, o que prova a estreita relação entre a Estação, a UFRPE e os usineiros. Os outros R$ 3 milhões são captados por projetos de pesquisa vinculados à UFRPE – ou seja, é dinheiro público.Segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o custo médio para o assentamento de uma família na região nordeste é de R$ 25 mil por família. Isso quer dizer R$ 6 milhões poderiam assentar pelo menos 240 famílias por ano no nordeste, que estariam produzindo alimentos saudáveis para elas e para a população local. Ao invés disso, esse dinheiro é utilizado para beneficiar 28 usinas e destilarias nos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte,e para promover ainda mais o avanço do monocultivo de cana-de-açúcar, causando a elevação dos preços dos alimentos e a concentração da propriedade da terra por empresas estrangeiras.A diminuição sucessiva da área plantada de alimento terá, em breve, conseqüências gravíssimas para toda população mundial. Hoje a população urbana já está sofrendo em função do aumento dos preços dos alimentos, conseqüência principalmente da utilização da soja brasileira para produção de biodiesel e do milho dos Estados Unidos para produção de etanol.Nós, da Via Campesina, somos aqueles que foram despojados de toda e qualquer sorte e possibilidade em conseqüência da ação devastadora da monocultura da cana-de-açúcar, concentradora de terra e riqueza. Somos pobres, fomos durante toda história escravos do setorsulcroalcooleiro, que sempre dominou a Zona da Mata Pernambucana, que chega até a ser chamada por alguns pesquisadores de ”região canavieira”. Somos filhos desta terra e ao longo da história fomos construindo a consciência de que nesta região podemos construir um outro modelo de agrícola e de desenvolvimento econômico.Queremos fazer entender que a responsabilidade da universidade publica é para com o povo e não com o agronegócio e o capital financeiro, que querem transformar os alimentos, as sementes e todos os recursos naturais em mercadoria para atender os interesses, o lucro e a ganância das grandes empresas transnacionais.Os recursos financeiros e humanos de uma instituição pública como a Universidade Federal Rural de Pernambuco devem ser usados para ajudar a resolver os problemas do povo brasileiro. E a fome é um deles. Portanto, que pesquisem desenvolvimento de milho, de feijão, de macaxeira. Se os usineiros querem fazer pesquisa para aumentar seus lucros, que façam em suas terras e contratem seus técnicos.Certamente quando a universidade pública entender seu papel social ela poderá contribuir muito utilizando o conhecimento acumulado e os técnicos servidores públicos que se apropriaram destes conhecimentos, com recursos públicos do povo brasileiro, para a melhoria das condições de vida da maioria e a produção de alimentos saudáveis e baratos. Esse é certamente o anseio da maioria do povo brasileiro e de inúmeros professores e alunos da UFRPE e da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)que nos parabenizaram pela ação e continuam nos prestando sua solidariedade. Via Campesina

terça-feira, 17 de junho de 2008

Sex and the City: sapatos, homens e estereótiposO fato de um filme produzido por mulheres ter atingido o topo das bilheterias neste fim-de-semana – num momento em que a liderança feminina está sumindo de Hollywood – deveria ser motivo de celebração. Até você ver o filme.
Jen Roesch (www.socialistworker.org)


Reprodução



Cartaz original do filme• A série de televisão Sex and the city foi, freqüentemente, descrita como um show pioneiro sobre a importância de amizades entre mulheres e aplaudida por sua discussão franca sobre a sexualidade feminina. Mas isto sempre foi um “pigmento” da imaginação pós-feminismo. Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte são virtualmente irreconhecíveis como mulheres do mundo real, onde o resto de nós vive. Suas amizades são envolvidas de discussões sem fim sobre a procura pelo “Sr. Certo” e por pares perfeitos de sapatos de grife – tudo envolto por almoços e coquetéis agendados de acordo com horários de supostos trabalhos.Mas ao menos na “telinha”, em digestíveis episódios de trinta minutos, o programa podia até ser interessante e ocasionalmente abordar assuntos reais. Por exemplo, a temporada que tratou da luta de Samantha contra o câncer de mama. Teve momentos genuínos e tocantes. Mas o filme volta a trabalhar temas pedantes e um insultante cociente, sem nenhuma das qualidades que tornavam a série digna de perdão.Desde o momento inicial do filme, fica claro que pretende tratar-se totalmente do narcisismo e consumismo, já que uma montagem de uma bem vestida – e ignorantemente magra – jovem mulher aparece cruzando as telas. Carrie diz numa narrativa que todos os anos, milhares de mulheres com seus vinte e poucos anos vêm a Manhattam em busca do “2L’s: “Labels and love” (marcas e amor).Com nossas vidas penosamente resumidas. O filme continua a nos servir duas horas (sim, duas) de estereotipos femininos. O que as mulheres querem hoje em dia? Aparentemente, elas querem sapatos de Manolo Blahnik que custam 500 dólares, coberturas, vestidos de noiva desenhados por estilistas famosos e o homem perfeito. Samantha agarra seu pedido de “independência” ao comprar um anel de 60 mil dólares para celebrar a si mesma.O conflito central do filme são os planos de Carrie de se casar com Big. O que começa como uma decisão mútua entre adultos termina no que muitos escritores hollywoodianos chamariam de o ápice da fantasia feminina. Nós gastamos aproximadamente uma hora assistindo Carrie experimentando diversas sucessões de vestidos e estilistas e planejando uma festa com 200 pessoas da alta sociedade para celebrar o coroamento de sua conquista. Aparentemente, esse é o ápice dos sonhos de todas as quarentonas bem-sucedidas.É claro, algo tem de destruir essa imagem tão perfeitinha. Por isso, as outras duas horas dizem respeito à separação de Carrie e Big e sua inevitável reconciliação – e sempre com “suas garotas” ao seu lado. Como precisavam de algo para preencher o tempo de desenvolvimento do filme, tiveram de usar alguns problemas de menor importância de suas amigas. Discussões sobre moda preenchem outras espaços em branco do filme. Uma adição para que o filme mereça ser comentado é a personagem de Louise que vem de St. Louis como sua assistente pessoal encarregada de “arrumar” a vida de Carrie. Como a única personagem central negra (e de classe trabalhadora), Louise – ou o modo como é tratada no filme – é decepcionante. Louise é inteligente e charmosa, obcecada por moda, é exposta ao “grato” papel de servente numa posição desigual a qual nós deveríamos apreciar.Para todo o desapontamento, Sex and the city é considerado o mais novo “hit” da América. E está sendo visto como um fenômeno. Assim como está gerando discussões sobre o que o filme representa, o que as mulheres querem e o que isso significa para o futuro das mulheres no cinema. É aqui que as coisas vão de irritantes e pedantes para depressivas e dignas de fúria.Há aqueles que vêem o filme como a nova face da libertação sexual feminina. A idéia de que as vidas invejadas dessas mulheres ricas representa liberdade é um insulto para as milhões de mulheres que continuam lutando por uma medida genuína de igualdade.Certamente uma coisa boa é o fato de as mulheres poderem falar abertamente sobre sua vida sexual na “telona” (mesmo que existam preciosos e curtos momentos disso no filme). Mas é algo que parece sem sentido justo no momento que os direitos de aborto estão sendo destruídos e mulheres continuam sendo tratadas como objetos sexuais.E é degradante para a qualidade e para a importância da amizade feminina retratá-las em volta de sexo e moda – como se mulheres não tivessem nenhuma outra preocupação ou objetivo.Seria interessante se o sucesso de bilheteria de Sex and the city inspirasse uma onda de filmes que realmente falassem sobre os verdadeiros problemas da vida feminina. Mas eu não apostaria nisso. Hollywood é tanto um reflexo quanto um propagador de uma cultura que difama as mulheres. Até mesmo quando um filme como Sex and the city consegue “estourar”, é porque o filme reforça essa cultura, não a desafia.Falar de amizades entre mulheres, mulheres solteiras entre seus trinta e quarenta anos, construindo suas próprias vidas na cidade, falar sobre verdadeiras relações e explorações sexuais seria bem-vindo para a cultura popular. Um retrato honesto desses assuntos hoje em dia seria, sem dúvida, pioneiro: mas, ao contrário disso, Sex and the city trabalha nas mesmas raízes antigas e estereótipos.FICHA TÉCNICA:Título Original: Sex and the City Gênero: Comédia Romântica Tempo de Duração: 148 minutos Ano de Lançamento: 2008 (EUA)Site Oficial: www.sexandthecitymovie.comDireção: Michael Patrick KingRoteiro: Michael Patrick King, baseado em personagens do livro de Candace Bushnell Produção: Eric M. Cyphers, Michael Patrick King, John P. Melfi, Darren Star e Sarah Jessica Parker Montagem: Michael Berenbaum Música: Aaron Zigman Fotografia: John Thomas Direção de Arte: Ed Check Figurino: Patricia Field Efeitos Especiais: Big Film Design Elenco: Sarah Jessica Parker (Carrie Bradshaw), Kim Cattrall (Samantha Jones), Kristin Davis (Charlotte York), Cynthia Nixon (Miranda Hobbes), Chris Noth (Mr. Big), Candice Bergen (Enid Frick), Jennifer Hudson (Louise), David Eigenberg (Steve Brady), Evan Handler (Harry Goldenblatt), Jason Lewis (Jerry “Smith” Jerrod)

Do sitio Observatorio da imprensa

QUESTÃO RACIALAnotações sobre um gesto pós-racial
Por Muniz Sodré em 17/6/2008
Nunca a grande imprensa brasileira falou tanto sobre a questão racial quanto agora. De algum tempo para cá, o tema comparece em editoriais, artigos, crônicas, reportagens, dando ou não seguimento a acontecimentos significativos, como a ida de um grupo de intelectuais ao Supremo Tribunal Federal para entregar um manifesto contra as cotas que favorecem negros nas universidades.
As posições favoráveis e contrárias já são mais ou menos conhecidas (embora não tanto as motivações profundas dos opositores). Mas uma notícia que pode ter passado despercebida é capaz de lançar uma luz nova sobre o assunto: a atriz Marília Pera convidou o ator negro Lázaro Ramos para um dos papéis principais da peça The Vortex, que será encenada no Rio. O personagem a ser vivido por Lázaro é, no texto, branco, de família tradicional inglesa (O Globo, 9/6).
O notável do fato é que, até agora, o universo ficcional brasileiro tem obedecido ao cânone da verossimilhança sócio-histórica. Este pode ser exemplificado da seguinte forma: um fictício presidente da República não seria jamais interpretado por um negro (em peça, drama televisivo, cinema, filme etc.) por infringir a regra do verossímil, que apontaria para a evidência (meia-evidência, na verdade...) de que nunca houve um primeiro mandatário negro no Brasil. Ora, se se trata de ficção, por que atender aos requisitos da realidade histórica? A televisão norte-americana tem dado uma resposta singular à questão, ao colocar um negro como presidente da República numa série policial (24 Horas). Agora, é a vez de Marília Pera romper o cânone.
O corner do binarismo
A iniciativa da atriz é de natureza "pós-racial". Primeiro, tem implícito o pressuposto – corretíssimo – de que raça só existe uma: a humana, distribuída numa miríade de cores ou fenótipos, dos claros aos escuros. Depois, a escolha obedece apenas a critérios técnicos de adequação do ator ao personagem, e não à verossimilhança fenotípica. Um ser humano de carne e osso vai viver um outro, feito de imaginação e papel, no teatro. Lázaro Ramos já havia sido protagonista do filme O Homem que Copiava, de Jorge Furtado, sem que tenha sido levantada em qualquer passagem do roteiro a questão da cor da pele. Aos olhos do espectador, um homem, simplesmente um homem, relaciona-se com outros em proximidade, desracializado.
Há uma coincidência singular entre o fato referente à peça inglesa e o momento histórico em que o negro-mestiço Barack Obama é indicado como candidato do Partido Democrata à presidência da República dos Estados Unidos. "Negro-mestiço" para nós, "negro" para o sistema classificatório norte-americano (onde vige a one drop rule, ou seja, uma gota de sangue negro define racialmente o sujeito), Obama merece, assim como Lázaro Ramos, o epíteto de "pós-racial". Isto quer dizer que não racializou a sua campanha, apesar das tentativas dos adversários no ring das primárias, de levá-lo ao corner do binarismo racial.
Análises e soluções diferenciadas
Tudo isso pode soar aos desavisados como base argumentativa contra as cotas no Brasil. Não é bem assim. Um artigo do cantor e compositor Martinho da Vila (O Globo, 10/6) no dia seguinte ao da notícia da peça também traz luz para o assunto. Martinho conta de seu espanto, na primeira viagem aos Estados Unidos, ao ver estampados em cartazes, nas ruas e em lugares de destaque, as imagens de negros socialmente proeminentes. Espantava-o o grau de visibilidade pública de cidadãos uma vez descritos pelo escritor Ralph Ellison como "homens invisíveis". Isto não se dá por acaso, nem por pura e simples graça do poder: os negros, com todas as suas contradições internas, empenharam-se durante gerações na luta por direitos civis igualitários.
Ora, dirão, esse binarismo radical que ensejou a luta por direitos mais civis nos Estados Unidos não é o caso brasileiro. O que é a mais absoluta verdade e contraria a que se apliquem aqui, sem mais nem menos, critérios válidos para a realidade norte-americana, tal como a "regra da gota única de sangue". Mas da mesma maneira não se pode invocar o "pós-racialismo" de Obama para dizer que o Brasil já dispõe há muito da fórmula agora encontrada pelo candidato democrata. São realidades diferentes, que induzem a análises e soluções diferenciadas. A boa saúde mental e cívica recomenda uma pausa nos reflexos especulares do centro do Império.
"Relação social de raça"
Uma pausa dessas pode servir para pensar que possivelmente o gesto pós-racial da atriz Marília Pera tenha sido "sobredeterminado" (uma múltipla determinação, em que o fenômeno Obama pode até ter tido algum peso) pela conjuntura sócio-político-cultural que a temática das cotas suscitou no Brasil.
Desde o Prouni, ganhou foro público a questão da cidadania de segunda classe, de sua exclusão sistemática das oportunidades historicamente concedidas aos que já nascem "cotados" ou "patrimonializados" pela cor socialmente valorizada. Mas as cotas de agora – recurso, para mim, provisório – representam uma estratégia de visibilidade mais forte, esta que os Estados Unidos de algum modo já obtiveram, sem, entretanto, resgatar a maioria negra de seus bolsões de pobreza, nem diminuir esse mal-estar civilizatório que é a discriminação racial. O conceito científico de raça acabou, mas não acabou a "relação social de raça", isto é, o senso comum atravessado pelo imaginário racialista.
Visibilidade valorizada
Os intelectuais que, em jornais ou na academia, formaram um ativo bloco orgânico para pregar contra as cotas, não desconhecem o fato de que a cidadania, conceito eminentemente político, nasce no solo da visibilidade dos membros de uma comunidade: o sujeito visível tem voz pública; o invisível, não. O escravo grego não podia ser cidadão porque não dispunha do "capital" de visibilidade suficiente (naturalidade da língua, da fratria etc.) para falar na ágora.
A decisão sobre quem pode ou não falar, ser visto e ocupar os lugares do privilégio, é de natureza estética, no sentido radical desta palavra. Na raiz, estética e política coincidem. Uma política de cotas não implica que se acredite na existência de raças, e sim que as diferenças estético-fenotípicas têm conseqüências para a igualdade dos cidadãos. Sobre a branquitude da paisagem eurocêntrica projeta-se alguma "colorização" de espaços – fonte do espanto de Martinho da Vila, ponto de partida de uma visibilidade valorizada.
Não se pode realmente acreditar que as cotas venham resgatar a situação socioeconômica dos escuros e desfavorecidos, nem resolver o problema da introjeção histórica dos estereótipos racistas. O exemplo do pós-racialismo é algo de fato desejável, pode ser uma meta. Mas não é algo que esteja aí à disposição dos interessados, como uma espécie de fruto natural gerado pela suposta boa consciência daqueles que dizem temer a "racialização" da sociedade brasileira. Em termos coletivos, será o resultado de lutas e cotas em que venham a envolver-se também empresas e outras instituições pertinentes, além do Estado. A visibilidade valorizada é um começo razoável.

sábado, 14 de junho de 2008

DA REVISTA PIAUÍ

Vocabulário do jornalismo israelense
Por Yonatan Mendel em 10/6/2008
Reproduzido da revista piauí nº 20, maio de 2008; intertítulos do OI
Há um ano, me candidatei à vaga de correspondente do jornal israelense Ma´ariv nos territórios ocupados. Falo árabe, lecionei em escolas palestinas e participei de muitos projetos judaico-palestinos. Na entrevista, o chefe perguntou como eu poderia ser objetivo. Eu havia passado tempo demais com os palestinos, e acabaria sendo tendencioso em favor deles. Não consegui o emprego. Minha entrevista seguinte foi no Walla.com, o site mais popular de Israel. Dessa vez, consegui o emprego e me tornei correspondente do Walla no Oriente Médio. Logo entendi o que Tamar Liebes, diretor do Instituto Smart de Comunicação da Universidade Hebraica de Jerusalém, quis dizer quando afirmou que "os jornalistas e editores se vêem como atores dentro do movimento sionista, e não como observadores críticos".
Isso não significa que o jornalismo israelense não seja profissional. A corrupção, as mazelas sociais e a desonestidade são perseguidas com louvável determinação por jornais, tevês e rádios. O fato de os israelenses terem sido informados do que o ex-presidente Moshe Katsav [que renunciou após ser acusado de estupro] fez ou deixou de fazer com suas secretárias prova que a mídia desempenha o papel de cão de guarda, mesmo sob risco de causar constrangimento nacional e internacional. O nebuloso contrato imobiliário de Ehud Olmert, os negócios da misteriosa ilha grega de Ariel Sharon, o romance secreto de Binyamin Netanyahu, a conta bancária secreta de Yitzhak Rabin nos Estados Unidos: tudo isso é livremente discutido na imprensa israelense.
Quando se trata de "segurança", não há tal liberdade. Só há "nós" e "eles", as Forças de Defesa de Israel, FDI, e "o inimigo". O discurso militar, o único discurso permitido, triunfa sobre qualquer outra narrativa. Não que os jornalistas israelenses cumpram ordens ou um código escrito: apenas preferem pensar coisas boas das suas forças de segurança.
Morte por engano
Na maioria das matérias sobre o conflito há duas partes em luta: as Forças de Defesa de Israel de um lado e os palestinos de outro. Quando um incidente violento é relatado, as FDI confirmam ou o Exército diz, mas os palestinos alegam: "Os palestinos alegaram que um bebê ficou gravemente ferido pelos disparos das FDI." Isso é alguma invenção? "Os palestinos alegam que colonos israelenses os ameaçaram." Mas quem são os palestinos? Todos os palestinos – cidadãos de Israel, habitantes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, as pessoas em campos de refugiados de Estados árabes vizinhos e aquelas vivendo na diáspora – fazem a alegação? Por que então uma reportagem séria relata uma alegação feita pelos palestinos? Por que tão raramente há um nome, um departamento, uma organização ou uma fonte dessa informação? Será porque isso lhe daria um aspecto mais confiável?
Quando os palestinos não estão fazendo alegações, seu ponto de vista simplesmente não é ouvido. O Keshev (Centro para Proteção da Democracia em Israel) analisou como os principais canais de televisão e jornais israelenses cobriram as vítimas palestinas num determinado mês – dezembro de 2005. Foram encontradas 48 matérias sobre a morte de 22 palestinos. Apenas oito desses relatos, no entanto, traziam a versão das FDI e uma reação palestina. Nos outros quarenta exemplos, o fato foi relatado apenas do ponto de vista dos militares israelenses.
Outro exemplo: em junho de 2006, quatro dias depois de o soldado israelense Gilad Shalit ser seqüestrado no lado israelense da cerca de segurança de Gaza, segundo a imprensa israelense, Israel deteve cerca de sessenta integrantes do Hamas, entre os quais trinta membros eleitos do Parlamento e oito ministros do governo palestino. Numa operação bem planejada, Israel capturou e encarcerou o ministro palestino para Assuntos de Jerusalém, os ministros de Finanças, Educação, Assuntos Religiosos, Assuntos Estratégicos, Assuntos Domésticos, Habitação e Prisões, além dos prefeitos de Belém, Jenin e Qalqilya, o presidente do Parlamento palestino e um quarto dos seus integrantes. Que essas autoridades tenham sido tiradas de suas camas tarde da noite e transferidas para território israelense, provavelmente para servir (como Gilad Shalit) de moeda de barganha, não fez da operação um seqüestro. Israel nunca seqüestra. Israel detém.
O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio – uma situação a qual qualquer outra organização armada invejaria. Mesmo quando uma bomba de 1 tonelada é jogada sobre uma densa área residencial de Gaza, matando um homem armado e catorze civis inocentes, inclusive nove crianças, ainda assim não são mortes intencionais nem homicídios: são assassinatos dirigidos. Um jornalista israelense pode dizer que os soldados das FDI atingiram palestinos, ou que os mataram, ou que os mataram por engano, e que os palestinos foram atingidos, ou foram mortos ou mesmo que encontraram a morte (como se estivessem procurando), mas homicídio está fora de cogitação. A conseqüência, quaisquer que sejam as palavras usadas, foi a morte, nas mãos das forças de segurança israelenses, desde o início da segunda intifada, de 2 087 palestinos que nada tinham a ver com a luta armada.
Sangue nas mãos
As Forças de Defesa de Israel, tal como são mostradas na mídia israelense, têm outra estranha capacidade: a de nunca iniciar ou decidir um ataque, nem de lançar uma operação. As FDI simplesmente respondem. Elas respondem aos foguetes Qassam, respondem aos ataques terroristas, respondem à violência palestina. Isso torna tudo tão mais lógico e civilizado: as FDI são forçadas a lutar, a destruir casas, a balear palestinos e a matar 4 485 deles em sete anos, mas nenhum desses fatos é responsabilidade dos soldados. Eles estão enfrentando um inimigo abjeto, e reagem de acordo com seu dever. O fato de suas ações – toques de recolher, prisões, cercos por mar, tiros e mortes – serem a principal causa da reação palestina não parece interessar à mídia. Como os palestinos não podem responder, os jornalistas israelenses escolhem outro verbo de um léxico que inclui vingar, provocar, atacar, incitar, apedrejar e disparar os mísseis Qassam.
Entrevistando Abu-Qusay, porta-voz das Brigadas de Al-Aqsa em Gaza, em junho de 2007, perguntei a ele sobre a razão para disparar mísseis Qassam contra a cidade israelense de Sderot. "O Exército pode responder", disse eu, sem perceber que já estava influenciado. "Mas nós estamos respondendo aqui", disse Abu-Qusay. "Não somos terroristas, não queremos matar... estamos resistindo às contínuas incursões de Israel na Cisjordânia, aos seus ataques, ao seu cerco em nossas águas e ao fechamento das nossas terras." As palavras de Abu-Qusay foram traduzidas para o hebraico, mas Israel continuou entrando todas as noites na Cisjordânia, e os israelenses não viram mal nenhum nisso. Afinal de contas, era só uma resposta.
Numa época em que havia muitas incursões israelenses em Gaza, perguntei o seguinte aos meus colegas: "Se um palestino armado cruza a fronteira, entra em Israel, dirige até Tel Aviv e atira em pessoas nas ruas, ele será o terrorista, e nós seremos as vítimas, certo? Porém, se as FDI cruzam a fronteira, dirigem vários quilômetros Gaza adentro e começam a disparar contra os atiradores palestinos, quem é o terrorista e quem é o que resiste? Como é possível que os palestinos que vivem nos territórios ocupados nunca possam recorrer à autodefesa, enquanto o Exército israelense é sempre o defensor?" Meu amigo Shay, da editoria de arte, esclareceu as coisas para mim: "Se você for à Faixa de Gaza e atirar nas pessoas, você será um terrorista. Mas quando o Exército faz isso, é uma operação para deixar Israel mais seguro. É a implementação de uma decisão do governo!"
Outra distinção interessante entre "nós" e "eles" apareceu quando o Hamas exigiu a libertação de 450 prisioneiros ligados ao grupo, em troca do soldado Gilad Shalit. Israel anunciou que libertaria prisioneiros, mas não aqueles com sangue nas mãos. São sempre os palestinos – nunca os israelenses – que têm sangue nas mãos. Isso não quer dizer que os judeus não possam matar os árabes, mas eles não terão sangue nas mãos, e se forem presos serão soltos depois de poucos anos. Sem falar naqueles que têm sangue nas mãos e chegaram a primeiro-ministro. Somos não só mais inocentes quando matamos, como também mais suscetíveis quando feridos. Em geral, a descrição de um míssil Qassam que atinja Sderot será mais ou menos assim: "Um Qassam caiu ao lado de uma residência, três israelenses tiveram ferimentos leves e dez outros sofreram um choque." Não se deve minimizar tais males: um míssil atingindo uma casa no meio da noite de fato deve causar um grande choque. Deve-se lembrar, no entanto, que o choque só vale para os judeus. Os palestinos aparentemente são uma gente muito calejada.
Detenção administrativa
As Forças de Defesa de Israel, num outro motivo de inveja para todos os outros Exércitos, matam só as pessoas mais importantes. "Um membro de alto escalão do Hamas foi morto" é quase um coro na mídia israelense. Membros de baixo escalão do Hamas nunca foram achados ou nunca foram mortos. Shlomi Eldar, correspondente de uma estação de televisão na Faixa de Gaza, escreveu bravamente sobre esse fenômeno no livro Eyeless in Gaza [Sem Olhos em Gaza], de 2005. Quando Riyad Abu Zaid foi assassinado, em 2003, a imprensa israelense fez eco ao anúncio das FDI de que o homem seria o chefe da ala militar do Hamas em Gaza. Eldar, um dos poucos jornalistas investigativos de Israel, descobriu que o homem era apenas um secretário do clube de prisioneiros do Hamas. "Foi uma das muitas ocasiões em que Israel ‘incrementou’ um ativista palestino", escreveu Eldar. "Depois de todo assassinato, cada pequeno ativista é `promovido´ a grande."
Esse fenômeno pelo qual as declarações das FDI imediatamente se traduzem em reportagens é resultado tanto da falta de acesso à informação quanto da má vontade de jornalistas em provar que o Exército está errado, ou em mostrar soldados como criminosos. "As FDI estão agindo em Gaza" (ou em Jenin, ou em Tulkarm, ou em Hebron) é a expressão oferecida pelo Exército e adotada pela mídia. Por que dificultar a vida dos ouvintes? Por que lhes contar o que os soldados fazem, descrevendo o medo que geram, o fato de que eles vêm com armas e veículos pesados e esmagam a vida urbana, aumentando o ódio, a dor e o desejo de vingança?
Em fevereiro, para tentar conter os militantes que disparavam foguetes Qassam, Israel decidiu interromper a eletricidade em Gaza durante algumas horas por dia. Embora isso significasse, por exemplo, que a energia deixaria de chegar a hospitais, foi dito que "o governo israelense decidiu aprovar essa medida como outra arma não-letal". Outra coisa que os soldados fazem é limpar – khisuf. Em hebraico comum, khisuf significa expor algo oculto, mas no linguajar das FDI significa limpar uma área de esconderijos em potencial para atiradores palestinos. Durante a última intifada, escavadeiras israelenses D9 destruíram milhares de casas palestinas, arrancaram milhares de árvores e deixaram um rastro de milhares de estufas danificadas. É melhor saber que o Exército limpou a área do que enfrentar a realidade de que o Exército destrói as propriedades, o orgulho e a esperança dos palestinos.
Outra palavra útil é coroamento (keter, que também pode ser traduzida como "cerco"), eufemismo para um cerco no qual quem sair de casa se arrisca a ser baleado. Zonas de guerra são lugares onde os palestinos podem ser mortos, mesmo as crianças que não sabem que entraram numa zona de guerra. Crianças palestinas, aliás, tendem a ser promovidas a adolescentes palestinos, especialmente quando são acidentalmente mortas. Mais exemplos: postos avançados e isolados dos israelenses na Cisjordânia são chamados de postos ilegais, talvez em contraste com os assentamentos israelenses, que são aparentemente legais. Detenção administrativa significa prender pessoas que não foram levadas a julgamento e nem mesmo receberam acusação formal (em abril de 2003, havia 1.119 palestinos nessa situação). A OLP (Ashaf) é sempre citada por sua sigla, e nunca por seu nome completo, Organização para a Libertação da Palestina: Palestina é uma palavra que quase nunca é usada – há um presidente palestino, mas não um presidente da Palestina.
O que o público quer
"Uma sociedade em crise forja um novo vocabulário para si", escreveu David Grossman no livro The Yellow Wind [O Vento Amarelo], "e gradualmente uma nova linguagem emerge, cujas palavras não mais descrevem a realidade, mas tentam, em vez disso, escondê-la." Essa "nova linguagem" foi adotada voluntariamente pela mídia, mas se alguém precisar de um conjunto oficial de diretrizes ele pode ser encontrado no Relatório Nakdi, um documento redigido pelo órgão público Autoridade de Radiodifusão Israelense. Divulgado inicialmente em 1972, e atualizado três vezes desde então, o relatório se destinava a "esclarecer algumas das regras profissionais que regulam o trabalho de uma pessoa da imprensa". A proibição do termo Jerusalém Oriental era uma delas.
As restrições não se limitam à geografia. Em 20 de maio de 2006, a emissora mais popular da televisão israelense, o Canal 2, noticiou "outro assassinato dirigido em Gaza, um assassinato que pode atenuar os disparos dos Qassam" (376 pessoas já morreram em assassinatos dirigidos, sendo 150 delas civis que não eram alvos de assassinatos). Ehud Ya’ari, um conhecido correspondente israelense que cobre assuntos árabes, no estúdio, disse: "O homem que foi morto é Muhammad al Dahdouh, da Jihad Islâmica... Isso é parte da outra guerra, uma guerra para diminuir o número dos ativistas que disparam os Qassam." Nem Ya’ari nem o porta-voz das FDI se preocuparam em noticiar que quatro civis palestinos inocentes também foram mortos na operação, e que três outros ficaram feridos, inclusive uma menina de 5 anos chamada Maria, que ficará paralítica do pescoço para baixo. Esse "descuido", revelado pela jornalista israelense Orly Vilnai-Federbush, só mostra o quanto não sabemos sobre aquilo que julgamos saber.
Uma coisa interessante é que, desde que o Hamas tomou a Faixa de Gaza, um dos novos xingamentos na mídia israelense é Hamastão, palavra que aparece no noticiário "quente", a parte supostamente sagrada dos jornais, que deveria apresentar os fatos sem editorializá-los. O mesmo vale para movimentos como Hamas ou Hezbollah, descritos em hebraico como organizações, e não como partidos ou movimentos políticos. Intifada nunca recebe o seu significado árabe de "revolta"; e Al-Quds, que quando usada por políticos é uma palavra que se refere apenas aos "lugares sagrados de Jerusalém Oriental", ou a "Jerusalém Oriental", é entendida pelos correspondentes israelenses como Jerusalém, o que efetivamente implica uma determinação palestina em tomar a capital inteira.
Foi curioso observar as reações dos jornais ao assassinato de Imad Moughniyeh, na Síria, em fevereiro. Eles competiram entre si quanto à maneira de designá-lo: arquiterrorista, mestre-terrorista, maior terrorista da Terra. A imprensa israelense levou alguns dias para deixar de louvar os assassinos de Moughniyeh e começar a fazer o que deveria ter feito inicialmente: perguntar quais as conseqüências da morte dele. O jornalista Gideon Levy acha que essa é uma tendência israelense: "A cadeia de `chefes terroristas´ liquidados por Israel, de Ali Hassan Salameh a Abu Jihad, passando por Abbas Musawi e Yihyeh Ayash até o xeque Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi (todas elas "operações" que celebramos com grande pompa e circunstância por um doce e inebriante momento), até agora apenas provocou ataques duros e dolorosos de vingança contra Israel e os judeus mundo afora."
Repórteres israelenses especializados em assuntos árabes devem evidentemente falar árabe – muitos deles, de fato, estudaram o idioma nas escolas do aparato de segurança – e precisam conhecer a história e a política do Oriente Médio. E têm de ser judeus. Visivelmente, a mídia israelo-judaica prefere contratar jornalistas com um conhecimento mediano do idioma árabe a falantes nativos, pois estes seriam cidadãos palestinos de Israel. Aparentemente, jornalistas judeus são mais bem equipados que os árabes israelenses para explicar "o que os árabes pensam", quais são "os objetivos árabes" e "o que os árabes dizem". Talvez seja assim porque os editores sabem o que o seu público quer ouvir. Ou, mais importante, o que o público israelense prefere não ouvir.
Sem licença
Se as palavras ocupação, apartheid e racismo (sem falar em cidadãos palestinos de Israel, bantustões, limpeza étnica e Nakba ["catástrofe", a palavra com a qual os palestinos se referem à criação de Israel, em 1948]) estão ausentes do discurso israelense, os cidadãos de Israel podem passar a vida inteira sem saber com o que estão convivendo. Por exemplo, racismo (Giz’anut, em hebraico). Se o Parlamento israelense legisla que 13% das terras do país só podem ser vendidas para judeus, então ele é um Parlamento racista. Se em sessenta anos o país só teve um ministro árabe, então Israel tem tido governos racistas. Se, em sessenta anos de manifestações, balas de borracha e munição de verdade só foram usadas contra manifestantes árabes, então Israel tem uma polícia racista. Se 75% dos israelenses admitem que se recusariam a ter um árabe como vizinho, então é uma sociedade racista. Ao não reconhecer que Israel é um lugar onde o racismo molda as relações entre judeus e árabes, os judeus israelenses se tornam incapazes de lidar com o problema, ou mesmo com a realidade das suas próprias vidas.
A mesma negação da realidade está refletida na recusa ao termo apartheid. Devido à sua associação com a África do Sul branca, os israelenses acham muito duro usar a palavra. Isso não quer dizer que exatamente o mesmo tipo de regime vigore hoje nos territórios ocupados, mas um país não precisa ter bancos de praça "apenas para brancos" para ser um Estado que pratica o apartheid. Afinal, apartheid significa "separação", e, se nos territórios ocupados os colonos têm uma estrada, e os palestinos precisam usar estradas alternativas ou túneis, então é um sistema rodoviário de apartheid. Se o muro de separação construído sobre centenas de hectares de terra confiscada na Cisjordânia separa as pessoas (inclusive palestinos de ambos os lados do muro), então é um muro de apartheid. Se nos territórios ocupados há dois Judiciários, um para colonos judeus e outro para os palestinos, então é uma Justiça de apartheid.
Há também os próprios territórios ocupados. Notavelmente, não há territórios ocupados em Israel. O termo é ocasionalmente usado por algum colunista ou político de esquerda, mas no noticiário ele inexiste. No passado, foram chamados de territórios administrados, para esconder o fato real da ocupação. Foram então chamados de Judéia e Samaria. E, na grande imprensa israelense de hoje, são chamados de os territórios (Ha-Shtachim). O termo ajuda a preservar a noção de que os judeus são as vítimas, o povo que age apenas em autodefesa, a metade moral da equação, e que os palestinos são os agressores, os caras ruins, as pessoas que lutam por razão nenhuma. O exemplo mais simples explica isso: "Um cidadão dos territórios foi apanhado contrabandeando armas ilegais." Poderia fazer sentido que os cidadãos de um território ocupado tentassem resistir ao ocupante, mas não faz sentido se eles forem apenas dos territórios.
Os jornalistas israelenses não estão incrustados no aparato estatal de segurança, e nunca ninguém lhes pediu que fizessem seu público se sentir bem a respeito da política militar de Israel. As restrições às quais eles se submetem são observadas voluntariamente, quase inconscientemente – o que torna sua prática ainda mais perigosa. Apesar disso, a maioria dos israelenses acha que sua mídia é esquerdista demais, insuficientemente patriota e que não está do lado de Israel. E que a imprensa estrangeira é pior. Durante a última intifada, Avraham Hirchson, então ministro de Finanças, exigiu que as transmissões da CNN a partir de Israel fossem interrompidas, sob a alegação de que eram "transmissões distorcidas e programas tendenciosos que são nada mais que uma campanha de incitação contra Israel". Manifestantes israelenses pediram o fim da "cobertura indigna de confiança e provocadora do terror feita pela CNN", reclamando em seu lugar a cobertura da Fox News. Israelenses com até 50 anos são obrigados a prestar um mês de serviço militar reservista por ano. "O civil", disse certa vez Yigael Yadin, um dos primeiros chefes das FDI, "é um

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Do observatório da imprensa

A IMAGEM FIXA (que, no entanto, se move)`Papai-Mamãe, Sim!´, diz a clientela.
Por Eugênio Bucci em 10/6/2008
Com todo o respeito, era boa. Quero dizer: a campanha das lojas C&A para o presente Dia dos Namorados era engraçada. O mote era uma palavra de ordem: "Papai-Mamãe Não!". Como não mais vivemos em clima de Maio de 68, quando as palavras de ordem é que protestavam contra o "sistema", houve protestos contra a palavra de ordem publicitária (voltarei a isso, à palavra de ordem publicitária).
Reclamaram ao Conar. Como resultado, o mote "Papai-Mamãe Não" foi suspenso antes que o Dia dos Namorados, o próprio, raiasse. Claro que havia, vejamos, uma carga libidinal, mais que libidinosa, em todas as mensagens. Vi uma coisa ali outra ali, como as fotos dos encartes e folhetos que a Folha de S.Paulo reproduziu numa reportagem (veja abaixo) e alguns filmetes que ainda estão no YouTube.
O vídeo nunca é objeto desta coluna, como bem sabe o improvável leitor, mas, excepcionalmente, cuidei de verificar esses vídeos em particular, apenas para efeitos do que eu chamaria tecnicamente de análise do discurso. Eu queria ter contato com o discurso explícito. A modelo que faz os comerciais fala, a certa altura, que o Dia dos Namorados é dia de colocar "o eu para fora", algo assim, num persistente convite à explicitação dos argumentos. Tendo-os visto devidamente explicitados, descartei os vídeos.
Não se pode dizer que haja, nesse material todo, algo de notadamente chocante ou abusivo. Perto do que temos todos os dias por aí, não é nada excessivamente pornográfico. Ainda assim, o "Papai-Mamãe Não!" é uma página do passado. Está virada. Cancelada. Uma diversão a menos.
As fotos do caderno "Cotidiano" da Folha mostram bem o ânimo geral – e a cara – da campanha.
A mesma Folha de sábado (7/6) trouxe também uma foto de vitrine na cidade de Vitória (ES), onde houve mais indignação entre os fregueses. O crédito é do fotógrafo Nestor Muller, do diário A Gazeta:
Como se vê na fotografia, as pernas (são pernas daqueles manequins de plástico que se usam em lojas de roupas) insinuam que, por baixo de algo parecido com cobertores, pessoas se dedicam à prática de algum esporte carnal que chocou a clientela. (A legenda diz apenas: "Vitrine da C&A, em shopping de Vitória, que mostra casal deitado em moitas simulando ato sexual".) A reportagem da Folha, assinada por Cíntia Acayaba, dá conta de que a C&A suspendeu folhetos e vitrines – e retirou dos filmes a alusão aos termos "papai" e "mamãe". A reportagem narra acontecidos quase que inacreditáveis:
"No Espírito Santo, a campanha foi alvo ontem de ação da Delegacia do Consumidor e do Procon. Todos os encartes e materiais da campanha, como banners e faixas, foram recolhidos nas três lojas da C&A no estado – duas em Vitória e uma em Vila Velha. Os três gerentes das lojas foram presos em flagrante por ultraje público ao pudor e propaganda enganosa e abusiva. Foram liberados após pagamento de fiança de R$ 1.000 cada um. A operação começou após denúncia de dois pais, que disseram ter flagrado filhos de seis e de 11 anos com o encarte. `Os pais encontraram as crianças manipulando dados que vinham com os encartes e que incitavam práticas sexuais´, disse Denise Izaita Pinto, gerente do Procon do Espírito Santo."
A matéria prossegue:
"Em páginas das 26 folhas do encarte aparecem bonecos que formam um casal. Em cima dos bonecos, que praticam ações como dar as mãos e passear com cães, há um sinal de proibido. Sob cenas de sexo há sinais de exclamação. `Isso foi caracterizado como uma publicidade que ofende a moral e os costumes´, disse o delegado Darcy Arruda, titular da Delegacia do Consumidor. Ao final do encarte, há `games do amor´, com dadinhos recortáveis. Em um dos dados há verbos como beijar e massagear. No outro dado, há partes do corpo, como a boca e os seios. Há também um caça-palavras para localizar expressões como orgasmo múltiplo."
Será que os fregueses, que sempre têm razão, também têm razão agora? A própria Folha destacou outra repórter, Cláudia Collucci, em São Paulo, para ouvir os responsáveis pelas peças publicitárias:
"O presidente da agência DM9DDB, Sergio Valente, não considera ofensivos nem o encarte publicitário e nem campanha de TV da C&A para o Dia dos Namorados, vetados por órgãos de defesa do consumidor. `Não fizemos uma campanha ofensiva e nem tivemos a intenção de ofender ninguém. Mas não questionamos as determinações, apenas obedecemos´, afirmou ontem. Valente disse que a campanha de TV continuará no ar, com a retirada da expressão que foi considerada ofensiva (`Papai-Mamãe Não!´). `É uma doideira. Qualquer Caras, qualquer Vale a Pena Ver de Novo, qualquer revista, qualquer jornal, você vai ver fotos mais agressivas´, alega Valente." (...) "Valente disse que não houve problemas com a campanha publicitária no resto do país. `É uma pena que aconteceu isso lá [em Vitória]. É uma pena que a propaganda esteja passado por esse exagero de censura´."
Qual dos lados está certo?
A palavra "censura", aplicada a essa situação, merece um breve comentário. Naturalmente, o termo admite esse emprego, mas, nos debates recentes sobre liberdade de expressão, a palavra "censura" vem designando cada vez mais um veto específico: um veto prévio a qualquer veiculação (ou seja, antes que o público possa conhecer a mensagem), que não admite recurso, imposto ou garantido por uma autoridade (quase sempre estatal) que não dialoga. Nesse caso, quem pleiteou a suspensão da campanha foram os clientes da loja, e as decisões foram adotadas no âmbito do Conar, o Conselho de Auto-regulamentação Publicitária, que conta com representantes de agências, de veículos de do público. O Estado não interfere no Conar. Portanto, o que houve aí não foi propriamente a reedição da velha censura.
De outro lado, é evidente que se impôs, contra a criação publicitária, algum tipo de freio. Fossem os folhetos, as vitrines e os filmes produtos de expressão puramente artística, estaríamos, sim, diante de um cerceamento indevido, imposto por uma aparente maioria contra um ou dois artistas. Indevido. Nem a mais esmagadora maioria tem o direito de impedir a livre manifestação artística. Contudo, como se trata de mensagem publicitária, de propaganda, cuja finalidade não é a arte, mas a venda, o raciocínio não é exatamente esse.
No caso de uma propaganda que irrita o consumidor, o próprio anunciante, interessado em angariar a simpatia (e as economias) da clientela, toma a iniciativa de corrigir o curso. Mas qual o critério para saber o que agride e o que não agride o público? Ora, o critério muito mais do humor dominante entre os clientes e muito menos da opinião do publicitário. Isso significa que, sempre, a deliberação final sobre o que vai ou não vai ser veiculado em matéria de propaganda decorre de um cálculo predominantemente comercial, não artístico, a partir da reação do público. Nesse sentido, embora exista aí um veto, não há um cerceamento à liberdade de expressão, quer dizer, a liberdade de expressão, como princípio, não sai agredida do episódio. A retirada do ar de campanhas publicitárias, por decisão autônoma, segundo os parâmetros da auto-regulamentação, é um ato da normalidade. Que, no limite, protege a credibilidade do mercado anunciante.
Isto posto, passemos ao que é mais interessante: as imagens fixas que mudam de lugar.
"A gente não sabe o lugar certo de colocar o desejo". Ou sabe?
É de Caetano Veloso o verso acima, entre aspas. Está na canção Pecado Original. Onde mesmo cabe o desejo? Será que a vitrine da C&A, em Vitória, é o lugar certo para que se ponha o tipo de desejo que lá se instalou? A freguesia parece acreditar que não. O publicitário, que sim. O próprio lojista, que aprovou a campanha, também pensava que sim, ao menos no início.
Qual o lugar para uma imagem mais ou menos erótica? Embora tudo mude de lugar, há pontos rituais mais ou menos fixos para isso. São postos de significação, por assim dizer. Eles parecem óbvios, à primeira vista, mas não são tão óbvios. Comportam armadilhas.
Há lugares e tempos – que são outra forma de lugar – para o desejo e para as suas representações mais explícitas. Comecemos pelos lugares que se distribuem no tempo.
Falávamos em Dia dos Namorados. Se, como comparação, pensarmos no Dia das Mães, veremos que seria um tanto deslocado que alguém, numa propaganda, sugerisse que os filhos presenteassem suas progenitoras com calcinhas excitantes. Não cairia bem. A mesma jovem senhora que recebe com um sorriso um lingerie erótico no Dia dos Namorados, gostará de ganhar algo como um colar de pérolas ou mesmo uma panela de pressão no Dia das Mães. As pessoas aí são as mesmas – a personagem que elas encarnam são outras. "Papai-Mamãe Não!" é um exemplo e tanto. Pode ser um slogan engraçado para o Dia dos Namorados, mas acarretaria uma catástrofe no Dia dos Pais. O que é óbvio.
E as armadilhas?
Talvez a loja em questão tenha, em certas cidades, uma freqüência um tanto mais familiar do que em outras. Há reclamações de mães indignadas com a situação de suas filhas que, inadvertidamente, tiveram contato com as peças impressas ditas provocantes. Essas mães deram de cara com uma imagem fixa (os folhetos, os encartes, a vitrine) fora de lugar e, aí, a mensagem que tinha a intenção de excitar o impulso de consumo acabou despertando a fúria cidadã. Em vez de se dirigir à caixa registradora, essa cliente foi impelida a buscar o Conar ou o Procon, ainda que, pessoalmente, nada tenha contra as brincadeiras íntimas de casais apaixonados. A armadilha é de lugar, não é de moral.
Na opinião de quem achou ruim, aquele não é o lugar para se colocar aquele tipo de desejo, mas nada contra o desejo. Não se pode acusar alguém assim de censor ou censora.
Há, porém, aqueles que vão chamar a polícia: "Aqui não é lugar pra esse tipo de coisa!". Aí existe uma ponta mais exacerbada de intolerância. Não nos esqueçamos de que, sempre, o moralismo se esconde atrás do argumento da adequação. E dessa vez também houve elementos de moralismo. Para muita gente, o lugar do desejo é na cadeia.
A palavra de ordem publicitária
O que leva tanta dose de desejo, em imagens concentradas, a escapar assim, a ocupar assim o lugar que não lhe pertencia? A psicanalista Maria Rita Kehl sabe responder. Eu não sei responder com a mesma propriedade, mas há algumas palavras que posso pronunciar.
Em 1968, o desejo virou pichação nos muros de Paris, como todo mundo não se cansa de rememorar. "A imaginação ao poder", dizia uma das mais famosas. Ou: "Trabalhadores do país, divirtam-se!". Outra boa: "A barricada fecha a rua, mas abre a via". O poder, naqueles tempos, tremia diante de uma boa palavra de ordem. Naqueles tempos. Naqueles tempos, o poder ordenava a contenção, a disciplina, a castração. Sublimar era a via autorizada de prazer. Hoje é diferente.
Conforme foi se fortalecendo como indústria, a lógica do consumo praticamente "tomou o poder". Agora, toda a sociedade se converteu ao espetáculo indiscriminado e generalizado. É aí que reluz a publicidade. Hoje, o próprio poder fala a língua da publicidade. Não é como doutrina ou como ideologia que os políticos se oferecem, mas como mercadorias desejáveis e, nos casos mais agressivos, desejantes.
De fato, como propunham os estudantes de 1968, a imaginação tomou o poder, mas não foi aquela imaginação romântica que tomou o poder. Quem tomou o poder foi uma imaginação industrializada ou, mais propriamente, foi a indústria do imaginário. E ela impõe o gozo em vez de interditá-lo. Parece uma loucura – e é mesmo. Mas essa é a ordem.
É por imperativos que a publicidade se dirige às pessoas e estas, que antes se sentiam culpadas quando se excediam nos prazeres, hoje amargam a culpa quando não gozam todas as possibilidades ao mesmo tempo. Foi assim que a linguagem das palavras de ordem mais aparentemente libertárias se converteu na linguagem publicitária mais automática. "No limits", por exemplo, é slogan de uma marca de cigarros. O apelo ao gozo, ou, como muitos já dizem, o imperativo do gozo, dá as cartas. São cartas irresistíveis.
E pensar que, em 68, uma das pichações dizia "A mercadoria é o ópio do povo". As ironias são infinitas. Para responder, enfim, àquela pergunta – o que leva tanta dose de desejo, em imagens concentradas, a escapar assim, a ocupar assim o lugar que não lhe pertencia? –, poderíamos dizer apenas que as imagens desejantes invadem os lugares que não lhe pertenciam porque elas, como o mercado, vivem de se expandir.
Difícil saber aonde esse trem – do desejo transformado na indústria das imagens – nos levará, mas é nele que estamos todos embarcados. Essa história da C&A era apenas uma anedota inofensiva. Uma piada de salão, digo, de vitrine.
P.S. O Brasil deve ser um dos países mais hipócritas do mundo.

Para quien todavía piensa que Cuba sigue socialista

El Gobierno cubano pagará a los funcionarios según "lo que sean capaces de producir"
"Por lo general ha existido una tendencia a que todo el mundo reciba lo mismo, y ese igualitarismo no es conveniente", aseguran los mandatarios de la isla
ELPAIS.com/AGENCIAS 11/06/2008


Aunque muchos no se fíen y otros no se lo crean, el Gobierno cubano continúa con las reformas económicas y sociales. Primero fue la posibildad de tener internet, comprar móviles y electrodomésticos o alojarse en los hoteles. Ahora, en un impulso alejado de los preceptos socialistas, el régimen ha anunciado que comenzará a pagar a sus empleados públicos según su rendimiento a partir del mes de agosto, en una nueva iniciativa del presidente, Raúl Castro, para reactivar la economía socialista de la isla.
El presidente Castro ha reconocido que los salarios estatales no alcanzan para vivir, pero exigió aumentar la productividad como única solución, según informa el diario oficial Granma. Una resolución del Ministerio del Trabajo elimina además el límite salarial.
"El trabajador ganará lo que sea capaz de producir", adelantó el viceministro de Trabajo, Carlos Mateu. "Por lo general ha existido una tendencia a que todo el mundo reciba lo mismo, y ese igualitarismo no es conveniente", añadió.
"Este sistema de pago debe verse como una herramienta que ayude a obtener mejores resultados productivos y de servicios", dijo Granma. El mecanismo ya es aplicado en algunas empresas administradas por las Fuerzas Armadas que Raúl Castro lideró .

LUCIANA E A SUA ADMINISTRAÇÃO POPULAR

Luciana Santos,prefeita de Olinda pela segunda oportunidade,deu um presente aos estudantes do município no começo do corrente ano letivo:FECHOU A ÚNICA BIBLIOTECA DA CIDADE .
Biblioteca mal estruturada,funcionando como cabide de empregos,com um só jornal diário,mas mesmo assim biblioteca,a única mantida pela prefeitura .
A biblioteca reabriu "reformada" na semana passada,mas com uma novidade:SÓ HÁ EMPRÉSTIMOS DE QUARTA A SEXTA.
Administração popular...
Só se for para o povo dela!

MOBILIZAÇÃO DOS VEREADORES

Os vereadores do Recife,junto com seus pares de todo o país,fizeram uma grande mobilização na câmara federal e estão orgulhosos do resultado.
A mobilização não era por mais verbas pra saúde,em defesa da educação ou reivindicava um novo modelo de desenvolvimento.
A mobilização era para que os mesmos não "perdessem dinheiro" com a redução da verba que os municípios repassam para a câmaras municipais, nisso todos estão juntos,de Daniel Coelho (PV e ferrenho opositor de João Paulo) até Josenildo Sinésio (PT e um dos maiores entusiastas do prefeito,inclusive defendendo aumento de salário para o mesmo).Todos estão juntos porque são,com perdão do clichê,farinha do mesmo saco!
Daniel Coelho, em entrevista ao "jornal " Folha de PE, defende que o corte de verbas ia impedir medidas democráticas da câmara como o programa televisivo (exibido pela TVU).Quem já viu o referido programa sabe que ele é só uma forma dos vereadores se promoverem sem tirar um só tostão de seus bolsos para isso.
E que paga a conta?
Nós,caro contribuinte!!!!

terça-feira, 10 de junho de 2008

SOBRE A PM O NÁUTICO E O FUTEBOL

Quando o bairrismo e a convivência com a arbitrariedade levam à burrice coletiva.
Por Breno Rocha
Eu até que gosto de “ir contra a via, cantar contra a melodia, nadar contra a maré” de vez em quando. Forjado nos “pacificamente” rebeldes anos 80, aprendi que, “de quando em vez”, é importante “nadar contra a corrente: só pra exercitar...” Mas, dessa vez, juro por tudo o que há de mais sagrado que pretendia mesmo ficar em silêncio. Acontece que não me contive...Hoje, 10.06.2008, a inculta e (penso que por isso mesmo) demagoga Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco realizou uma Sessão Especial para homenagear os Policiais Militares que atuaram no Jogo Náutico e Botafogo da semana passada. Jogo onde a desastrosa intervenção da PM pernambucana provocou, por parte do Botafogo, uma ação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, contra o Náutico..Não cabe me deter nos fatos em si; estes, todos conhecemos, pois assistimos repetidamente nos diversos canais de tv. Cabe-nos, um comentário sobre a postura de TODOS os pernambucanos (principalmente da nossa Imprensa) com relação ao ocorrido.O Estatuto do Torcedor (Lei que regulamenta os meandros do espetáculo futebolístico) é, como gostava de escrever Descartes, “claro e distinto” sobre a responsabilidade do Clube que sedia a partida com relação à segurança: do público, dos árbitros, dos atletas, da Imprensa, enfim, de todos os envolvidos no evento.Em Pernambuco, porém, os clubes esquivaram-se dessa responsabilidade. Repassaram-na para a Polícia Militar: uma das mais truculentas do país – se bem que acho que Polícia Militar truculenta é um pleonasmo. Jarbas Vasconcelos, quando Governador, criou até uma Lei que permite ao Clube pagar ao Estado pelo uso da PM nos eventos. PM que, muitas e muitas vezes, faz falta nas rebeliões das prisões, no policiamento das festas populares, etc., simplesmente porque está sendo utilizada para cumprir uma obrigação que, POR LEI, é do clube de futebol.Pois bem; usar a PM tem sido uma ótima opção para os nossos “cartolas”: eles não precisam contratar funcionários para executar as atividades de segurança – o que reduz o custo operacional do clube – e, por outro lado, têm se eximido de qualquer “incômodo” relativo a este item. Por exemplo, a “Torcida Jovem” é humilhada e violentada na entrada dos jogos? Culpa da PM. O torcedor é “atropelado” pelo cavalo na saída do estádio? Culpa da PM. No tumulto da entrada, a senhora levou uma paulada na cabeça? “O clube não tem nada a ver com isso”, mas uma vez, a culpa é da PM. Como, em Pernambuco, um Estado onde se mata, em média, mais de 300 pessoas por mês, estamos tão acostumados com a violência que achamos natural que a polícia (qualquer uma delas) seja arbitrária... Como em Pernambuco assistimos PMs jogarem meninos no rio, assassina-los com “gravatas”, invadir escolas (caso ETEPAM) para humilhar estudantes, espancar garis... Como em Pernambuco não se processa a PM por ela “agir com a força necessária” contra CIDADÃOS... e quando se processa, nossos magistrados – que estão devidamente imunes à truculência da PM graças apenas à infeliz cultura do “você sabe com quem está falando” – têm sido bastante compreensivos com o “estresse policial”... tudo passa em brancas nuvens.O torcedor pernambucano, invariavelmente, nunca foi tratado como CONSUMIDOR que é do espetáculo em questão. Do mesmo modo, nunca se comportou, também, como tal. Nunca fez um boicote sequer contra qualquer inconveniente ocorrido com freqüência nos nossos precários estádios. Nunca vimos um protesto coletivo por causa dos imundos banheiros entupidos e quebrados; nunca vimos um protesto por causa do valor dos ingressos; nunca vimos um protesto pela falta de infra-estrutura de transporte coletivo, ou até da ausência de vagas de estacionamento para os veículos particulares... Mas, quando se trata do tratamento policial dispensado a eles, não há protestos porque há, de fato, APOIO.“Alma sebosa tem que se foder!”. Desde que a “alma sebosa” não seja “eu”, é claro.E se a vítima da “força necessária” for negro e/ou pobre: então, é capaz de haver “coro” – assim como o organizado para a mitológica Geni.E assim, tudo seguia “na mais perfeita ordem” até o jogo Náutico e Botafogo.Claro que o jogador do Botafogo perdeu o equilíbrio psicológico. Claro que ele agrediu a torcida do Náutico com “gestos obscenos”. Claro que o chute que ele deu na garrafa plástica que estava no campo atingiu o torcedor do Náutico... Mas, ele foi “preso” por “DESACATO A AUTORIDADE” num espaço onde a ÚNICA E SUPREMA AUTORIDADE É A DO ÁRBITRO!!!Como explicar à PM pernambucana que há lugares onde ela está para CUMPRIR ORDENS de civis... como no campo, por exemplo, onde quem MANDA é o árbitro? E aos nossos magistrados, de plantão no estádio? Quem os avisará que a autoridade do jogo é o Arbitro?Fico pensando: que seria do Árbitro se, ao intervir na situação, expulsasse do campo a Aspirante Lúcia Helena?... Bons tempos aqueles nos quais, sendo tudo mais simples, polícia existia para prender ladrão.Hoje, os clubes pernambucanos se esquivam de suas responsabilidades e usam a PM para reprimir o torcedor que vai ao estádio PAGAR para ver o espetáculo...O Botafogo não se dispôs a aceitar a truculência da PM pernambucana e apelou ao STJD que, independente da cultura beligerante dos nossos estádios, tem que aplicar a Lei e responsabilizar o Clube.Deveríamos aprender com o Botafogo e EXIGIR portais detectores de metal nos estádios e, com eles, o fim da revista corporal. Deveríamos exigir ser tratados como CONSUMIDORES, e não como GADO. A senhora, por exemplo, já se imaginou entrando num shopping, para consumir – gastar o seu suado dinheirinho – aos empurrões de soldados mal-humorados? A senhora voltaria a um shopping desses?Precisamos APRENDER COM O BOTAFOGO... e enquanto isso não acontece, lastimar uma imprensa tão subserviente, parlamentares tão demagogos, uma polícia tão despreparadamente truculenta, um torcedor tão subserviente, clubes tão descompromissados, cartolas tão ladinos...

ATO FALHO

Agora a pouco no "jornal da cultura":

"A base do governo lula está comprando votos, recorrendo a velhas práticas"

Quem disse isso?

O representante das "Velhas práticas" ACM Neto (ARENA/PDS/PFL/DEMO-BA).

Óleo de peroba nele (que que ser prefeito de Salvador)!

O QUE O JORNAL DO COMMERCIO NÃO MOSTRA!

Ao acessar a poucos minutos o sitio jc on line do grupo JCPM li sobre a "invasão" de uma unidade da UFRPE por trabalhadores ligados a via campesina.Como de costume,estes eram tratados como marginais e não colocaram sua versão dos fatos na "reportagem".
Procurei ler o outro lado no sitio do MST e descobri uma nota bastante esclarecedora!

Trabalhadores protestam contra monocultura em PE 10/06/2008 Começou nesta terça-feira a Jornada Nacional de Luta da Via Campesina Brasil. Agricultores e agricultoras de todos os Movimentos que fazem parte da Via Campesina estão se mobilizando em todo o país por trabalho, alimento, um novo modelo agrícola e soberania nacional.Em Pernambuco, as ações da Via Campesina se concentrarão na luta contra o avanço do monocultivo de cana-de-açúcar na Zona da Mata e contra o avanço do agronegócio no Sertão do São Francisco, impulsionado pelos grandes projetos de irrigação como o projeto de transposição do Rio São Francisco e o Pontal Sul, em Petrolina.Cana-de-açúcar X alimentosNa madrugada de hoje (10/06) cerca de 200 trabalhadores rurais da Via Campesina ocuparam a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar (EECAC), no município de Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco. Os agricultores protestaram contra o avanço do monocultivo de cana-de-açúcar no local, que tem aumentado ainda mais a miséria e a concentração de terra numa região que já sofre com a pobreza e a opressão do trabalho nos canaviais.Durante a ocupação os agricultores destruíram mudas de variedades de cana, inclusive espécies transgênicas, e cortaram cerca de dois hectares dos 100 de cana-de-açúcar plantados na Estação. A Estação Experimental é uma Parceria Público-Privada entre o Sindaçúcar – Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco, que reúne as 20 maiores usinas do Estado – e a Universidade Federal Rural de Pernambuco. Com 250 hectares, a área poderia assentar cerca de 50 famílias Sem Terra e produzir alimentos para abastecer as feiras da região. Ao invés disso, ela é usada para desenvolver pesquisas de variedades de cana voltada para o setor privado, em especial para a produção em larga escala.Ao invés da Universidade Federal Rural - uma universidade pública - investir o dinheiro público em pesquisas que promovam o aumento da produção e a diminuição dos custos dos alimentos, beneficiando assim, não só os camponeses, mas toda a população brasileira, a universidade investe o dinheiro do povo em pesquisas para promover o monocultivo de cana-de-açúcar para o mercado externo. Um dos responsáveis pela elevação dos preços dos alimentos, pelo maior índice de trabalhadores em condições análogas a escravidão e pelo grande número de empresas estrangeiras que compram terras em nosso país.A Zona da Mata Pernambucana já está tomada pela cana-de-açúcar. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que 98% das terras de lavouras temporárias da Mata Norte de Pernambuco são usadas para a produção de cana-de-açúcar, e apenas 2% para aprodução de alimentos. Com o aumento da demanda do mercado internacional por agrocombustíveis, mais terras são usadas para plantação de cana, cai a produção dos alimentos, que ficam mais caros para a população. Em São Paulo, a cana substituiu lavouras de feijão, alimento que dobrou de preço nos últimos meses. Produtos agrícolas representaram 40% da inflação, como a soja, o milho e carne bovina em 2007. Além disso, a demanda internacional tem reflexos nos preços dos alimentos no país.Os impactos ambientais do monocultivo são negativos e este não tem condições de enfrentar o aquecimento global. O modo de produção vigente usa muita água, polui rios, utiliza fertilizantes nitrogenados em grandes quantidades e provoca queimadas.Agronegócio X AlimentosNo Sertão da Bahia, agricultores da Via Campesina de Pernambuco e Bahia ocuparam a barragem da usina de Sobradinho. Os agricultores protestam contra o modelo de desenvolvimento que vemsendo implantado na região, simbolizado por grandes projetos de irrigação para o agronegócio como o projeto de transposição do Rio São Francisco, o Pontal Sul, em Petrolina, e o Projeto Salitre, na cidade vizinha de Juazeiro, na Bahia.Tais projetos revelam um modelo de desenvolvimento que mantém a lógica colonialista de colocar nossas terras a serviço dos interesses do mercado internacional. Depois de altíssimo investimento publico em infra-estrutura de irrigação (no caso do Pontal Sul já foram investidos cerca de 250 milhões de reais), essa estrutura é privatizada através de acordos de Parceria Publica Privada (PPP). As terras, a água e toda a infra-estrutura é passada para as mãos de grandes empresas do agronegócio, que produzem para o mercado externo. Existe até acordos para a produção de cana de açúcar em larga escala na região desses projetos de irrigação.Os pequenos agricultores e agricultoras que vivem no entorno desses projetos servirão de reservatório de trabalhadores mal remunerados à serviço das empresas de agronegócio. E os que hoje são pequenos agricultores se tornarão futuros Sem Terra, bóia-frias, desempregados ou até mesmo, cortadores de cana, vivendo sob as condições desumanas que o povo da Zona da Mata de Pernambuco conhece tão bem.Ao contrário do que prega a propaganda oficial, esses projetos não só não levarão água para a população do Sertão, como afetarão negativamente o abastecimento de água ao público da região. A agricultura irrigada intensiva afeta diretamente o abastecimento deágua à população porque diminui a quantidade de água disponível.
(www.mst.org.br)

domingo, 8 de junho de 2008

MUY BUENO...

Mientras Brasilia nacía...Arte español en la Colección ARTIUM

Prólogo
Presentación
Mientras Brasilia nacía...


Exposición
Néstor Basterretxea -
Óscar Domínguez -
Federico de Echevarría -
Equipo 57 -
Luis Feito -
Agustín Ibarrola -
Manuel Millares -
Jorge Oteiza -
Gerardo Rueda -
Antonio Saura -
Pablo Serrano -
Joaquín Vaquero Turcios -
Rafael Zabaleta
Créditos
El Centro Virtual Cervantes presenta la exposición «Mientras Brasilia nacía», elaborada en el año 2007 para las sedes del Instituto Cervantes en Brasil con motivo de la inauguración del centro de Brasilia. Esta exposición propone una revisión del arte español coetáneo a la fundación de la capital brasileña a mediados del siglo xx. Esta muestra reúne diecisiete obras procedentes de los fondos de la Colección ARTIUM, el Centro-Museo Vasco de Arte Contemporáneo de Álava (España); los artistas elegidos son elocuentes representantes de la brecha de modernidad creativa que se abrió en España en la década de los 50 del pasado siglo.

MUITO GRAVE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Shopping de Curitiba barra 'pobres' e defende direito de restringir o acesso
Por Redação [Quinta-Feira, 5 de Junho de 2008 às 13:31hs]
Inaugurado há menos de um mês, o shopping Palladium, em Curitiba, provocou polêmica na semana passada quando seguranças barraram a entrada de um grupo de jovens da periferia, vestidos com camisas de clubes e trajes de hip-hop. No final da tarde de ontem, 3, o auxiliar de montagem E.S., 17 anos, acusou seguranças do Palladium de barrá-lo quando tentava entrar no shopping. Segundo E.S., ele estava sozinho. "Fui barrado por causa da minha cara e das minhas roupas (no estilo hip-hop). Eu me visto assim, qual o problema de ir ao shopping? Fui com R$ 150 para comprar roupa e não pude entrar. Em todos os outros shoppings entro sem problemas". A direção do shopping não quis se pronunciar sobre o caso. A proibição gerou protesto nas escadarias do shopping e suscitou um debate na cidade. O shopping Palladium - o maior da cidade - foi construído na Região Sul, onde estão concentrados os bairros mais populosos da capital e onde se concentra também a população mais pobre. A direção do shopping alega que a proibição tem por objetivo evitar o constrangimento de clientes, uma vez que alguns desses rapazes "acuam as pessoas", e que o acesso seria proibido a grupos de mais de quatro jovens. "O Palladium não faz nenhum tipo de discriminação. As restrições são em relação ao comportamento e às atitudes", afirma a gerente de marketing do Palladium, Maria Aparecida de Oliveira. Segundo ela, o uso de palavreado ofensivo ou mesmo o porte do "tubão" (refrigerante misturado com bebida alcoólica) já são considerados uma questão de segurança pela direção. No domingo passado, a cena se repetiu e a direção do shopping garante que não irá suspender a determinação. O consultor jurídico da Associação Comercial do Paraná, Cleverson Marinho Teixeira, afirmou que os shoppings têm direito de evitar a presença de grupo de pessoas que representem risco de tumulto. "Por mais que seja um local público, o shopping é também uma propriedade particular. Está no direito do empresário decidir quem freqüenta o estabelecimento, desde que haja bom senso", afirmou. O veto a grupos de jovens "suspeitos" não é uma exclusividade do shopping Palladium. Há casos registrados também nos demais shoppings da cidade, principalmente naqueles localizados nas regiões centrais.

Do sitio www.revistaforum.com.br

Lembrando do nosso maior escritor...

Nessa atmosfera as vezes tão alienada e otimista em que vivemos é sempre bom relembrar as observações de Machado de Assis,sempre tão lúcido,em sua maior obra que é Memórias Póstumas de Brás Cubas:

Capítulo CXIX Parêntesis Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto:
* * * Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
* * * Matamos o tempo; o tempo nos enterra.
* * * Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem.
* * * Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
* * * Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro.
* * * Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar.

Aliança entre muito capital e pouco trabalho!


OPERAÇÃO SANTA TEREZA 08/06/2008 15:24E-mail prova laços antigos entre Paulinho e BNDES
Agência Brasil
O deputado Paulinho da Força
Um e-mail capturado pelos peritos da Polícia Federal, datado de 26 de janeiro de 2005, faz um laço de mais de três anos entre o esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.
A mensagem, enviada por Marcos Mantovani, da Progus Consultoria, ao lobista e então conselheiro do banco estatal João Pedro de Moura informa que Gaspar (supostamente José Gaspar, vice-presidente do PDT paulista) “achava importante” apresentar o esquema da consultoria a Paulinho.
A Progus cobrava uma “taxa de sucesso” sobre financiamentos concedidos pelo BNDES e, segundo os federais, repartia o valor entre os envolvidos na liberação da verba. É o que Mantovani descreve, em outro e-mail obtido pela PF, como “um esquema de parceria típica de negócios e política”, no qual explica a sistemática da atuação da consultoria a um suposto funcionário.
Para comprovar a relação entre o parlamentar e os negócios praticados pela Progus, os federais lembram que foram encontradas, na sede da empresa, planilhas com referências a Paulinho e Gaspar. E ressaltam que, segundo conversa grampeada do réu Manuel Fernandes de Bastos, o Maneco - que é dono da casa de prostituição WE Original e está foragido -, os dois cobravam “custo político” para obter verbas do BNDES. Segundo a PF, Paulinho teria recebido mais de R$ 100 mil por três operações do banco estatal.
A mensagem que aponta o laço de mais de três anos entre o deputado e Mantovani, e pede para o lobista Moura “agitar” um encontro, é apresentada no “Relatório de Inteligência Policial - Deputado Paulinho - ‘PA’”, da PF.
O documento tem 89 páginas e relaciona ainda outras mensagens eletrônicas com teor semelhante, corroborando que houve continuidade nos contatos entre o deputado e o consultor, incluindo o período de negociação e liberação das verbas para a Prefeitura de Praia Grande (R$ 123 milhões) e as Lojas Marisa (R$ 81,4 milhões), que estão sob suspeita.
Da Agência Estado

Do blog fazendo media

PMDB, DEM, milícias e a mídia03.06.2008 13h59 Comentários (6)
As relações entre os chefões da imprensa e os partidos PMDB e DEM devem ser muito profícuas. Essa é a única explicação para que essas siglas ainda não tenha ido parar nas manchetes. Há denúncias formalizadas pelo Ministério Público e investigações da Polícia Federal que comprovam a participação vereadores, deputados estaduais, um prefeito e um ex-governador (e presidente do PMDB no RJ) dessas duas siglas em esquemas de lavagem de dinheiro, facilitação de contrabando, evasão de divisas, corrupção ativa e formação de quadrilha armada. Um deles responde até pelo assassinato do inspetor de polícia Félix dos Santos Tostes, acusado de chefiar milícia em Rio das Pedras.
Anthony Garotinho, ex-governador e presidente do PMDB no Rio de Janeiro;Álvaro Lins, deputado estadual (PMDB);Jerônimo Guimarães, o Jerominho (vereador, PMDB);Núbia Cozzolino (prefeita de Magé, RJ, PMDB);Nadinho de Rio das Pedras (vereador, DEM);Natalino Guimarães (deputado estadual, DEM).
Na quinta-feira (29/5), o ex-governador do Rio, Antonhy Garotinho, foi denunciado pelo Ministério Público e o ex-chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, foi preso pela Polícia Federal. São acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha armada. Garotinho é presidente do PMDB no estado e Lins é deputado estadual pelo mesmo partido. O Globo dedicou 6 páginas ao tema e destacou 25 repórteres para a cobertura. Entretanto... Em nenhum dos 11 títulos nas seis páginas aparece a sigla PMDB. E em apenas um dos 14 subtítulos, o da última página da série de matérias, vemos a legenda. No dia seguinte foram 9 títulos e 12 subtítulos, sem que a sigla PMDB aparecesse em nenhum deles.
Notas esparsas nos jornais de hoje sinalizam com o aumento desta lista. De acordo com a coluna do Ancelmo Góis, “autoridades do Rio identificaram dois políticos cariocas – um vereador e um deputado – que têm ligações com a milícia que domina a Favela do Batan, aquela onde dois repórteres de “O Dia” foram torturados”. Na coluna de Merval Pereira é citado o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB), que estaria envolvido com o esquema de Álvaro Lins. Essas duas colunas são publicadas pelo jornal O Globo. No JB, a coluna da Anna Ramalho anota frase do deputado federal Marcelo Itagiba, também do PMDB fluminense: “As milícias são uma boa idéia... que não deram certo”.
Houvesse jornalismo de verdade no Rio de Janeiro, o público já teria sido informado, com o devido destaque, que o partido do prefeito da cidade, César Maia (DEM), e o partido do governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), estão implicados em crimes da maior gravidade. César Maia, vale lembrar, sempre considerou que as “milícias” eram um mal menor. Chegou a chamá-las de “autodefesas comunitárias”, num elogio ao modelo de segurança colombiano, que por sua vez é bastante enaltecido pela imprensa brasileira. Os telejornais têm evitado mencionar esses partidos e os jornais não os levam para as manchetes. Quem estudou comunicação sabe que a maioria dos leitores de jornal só lê os títulos e os subtítulos e, quando muito, o primeiro parágrafo. É importante registrar que, em 2005, por muito menos o PT foi esculhambado em manchetes de jornal e em fartas reportagens de rádio e televisão. As corporações de mídia destacaram seus melhores repórteres para investigar cada detalhe do partido, que foi rotulado de “mensaleiro” pra baixo. O mesmo PT que ainda não teve coragem de enfrentar o oligopólio que controla os meios de comunicação no país.
Com esse tipo de divulgação restrita, as corporações de mídia matam dois coelhos com uma canetada só: preservam seus interesses político-financeiros (incluindo a verba publicitária), e agridem a imagem do setor público como um todo, ao fazer parecer que todos os políticos são iguais. Assim, reforçam a falsa idéia de que “público é ruim, atrasado, corrupto” e “privado é bom, moderno, dinâmico”.
Realinhamento da cobertura – O Jornal Nacional desta segunda-feira (2/6) divulgou com entusiasmo a operação cinematográfica da polícia na favela da Rocinha. Segundo a Secretaria de Segurança, foram apreendidas 2,5 toneladas de maconha, retiradas por um helicóptero, “que fez várias viagens” até remover toda a erva. Ao tratar do crime cometido contra a equipe do jornal O DIA, o telejornal evitou o termo “tortura”, substituído por “agressão”, e preferiu creditar os espancamentos, choques elétricos e sufocamentos com saco plástico a “milicianos”, embora a própria SeSeg tenha admitido que policiais participaram da ação criminosa. Só no final da matéria um texto explicativa surgia explicando que as “milícias” são compostas por policiais e ex-policiais.
Desse modo, nota-se um realinhamento gradual da cobertura segundo os parâmetros do governo estadual. Embora nunca tenha abandonado completamente este eixo, a cobertura da TV Globo, assim como a dos demais veículos da mídia hegemônica, adotaram por 48h uma incomum postura crítica em relação à violência policial. Os jornais de hoje mostram que apenas O DIA mantém essa posição firme, enquanto os demais a atenuam bastante.
É fundamental registrar que geralmente as denúncias de violência policial são ignoradas pelas corporações de mídia, que parecem só ter despertado para sua existência após a sessão de tortura contra uma repórter, um fotógrafo e um motorista do diário carioca. Quando o repórter alternativo Brad Will foi assassinado pela polícia mexicana, em Oaxaca, 2006, a imprensa não registrou, o que denota a existência de duas categorias de jornalista na avaliação das corporações. Quando brasileiros pobres, moradores de favelas, denunciam tapas na cara, espancamentos, e execuções sumárias cometidas por policiais, os diretores dos jornais não levam a sério e oferecem apenas notinhas de rodapé, quando muito, pois a regra é a omissão, o que revela a existência de duas categorias de seres humanos, novamente na avaliação das empresas capitalistas.
Lembro quando dezenas de entidades e duas centenas de pessoas assinaram, em novembro passado, o manifesto contra as políticas de extermínio do governador Sérgio Cabral. O Globo deu a notícia no final do primeiro caderno, escondida entre os obituários, sem nenhuma chamada na capa. Se a cobertura jornalística desse conta da verdadeira dimensão do envolvimento de policiais com a criminalidade no Rio, talvez os índices de violência em nosso estado não fossem tão assustadoramente elevados.
Edinho: culpado sozinho?
5 de junho de 2008 16:18 Categoria: Uma torcida com opinião
Alexandre na CHESF
Por Alexandre J. Holanda Dias, funcionário da Chesf e formando em matemática pela UFPE
Têm sido comum na mídia as tristes notícias que envolvem o nosso querido Santa Cruz Futebol Clube. Os vexames, os resultados e as situações que ridicularizam o clube e a torcida vão juntando-se de forma avassaladora. Falar de cada uma delas só nos causa tristeza e indignação. Tristeza por tratar-se de nosso clube que agoniza e indignação por não conseguirmos fazer nada para livrá-lo. Nem mesmo a mão podemos estender para acariciá-lo e dizer-lhe: “Tenha calma, pois esses malditos tiranos estão com os dias contados”. Não aceitam a ajuda de ninguém.
Será que nós somos tão incapazes de tirar o clube das mãos de pessoas tão despreparadas e ultrapassadas? Essa é uma clássica pergunta. Acho sinceramente que não. Ninguém livra o Vasco de Eurico Miranda. Ninguém livra o Flamengo do Márcio Braga, ninguém livra o Cruzeiro do Zezé Perrela e por aí vai. O problema é que ninguém fez um mal tão grande a um único clube de futebol, como essa gestão calamitosa e atrasada tem feito ao Santa Cruz.
Vai sempre existir no meio futebolístico estes casos de manutenção de poder direta ou indireta. O caso é que mesmo quando se tem pessoas comandando um mesmo clube em várias gestões, não se vê o que acontece hoje com o Santa Cruz em canto algum do universo.
A incapacidade de gerar receitas é patente. Não temos um clube dos treze e pior: nunca teremos. Falar que “o problema do Santa Cruz não é de gestão e sim de dinheiro” é uma asneira tremenda. A falta de dinheiro é conseqüência imediata da falta de gestão. Eu agora fico pensando que ainda que contássemos com os 11 milhões do Clube dos Treze, será que essas pessoas teriam visão para gastar corretamente esse dinheiro? Claro que não, pois quem não sabe gastar 11 mil também não saberá gastar 11 milhões. Isso é evidente. Não podemos nos iludir com mais esta falácia cantada pelo síndico do Santa Cruz por onde ele passa.
Por falta de seriedade e de dinheiro temos de nos humilhar aos jogadores pernas de pau. Pior ainda é levar um não deles, mesmo quando já estão treinando no clube e percebem a bagunça e a barca furada em que estão entrando logo caem fora. Quanta humilhação para o mais querido. Os melhores jogadores que o clube revela são vendidos por qualquer bagatela ou o Santa perde os seus direitos na justiça. Isso é coisa de clube amador. Esse é o nosso Santa Cruz em mãos erradas.
Qualquer administração que fracassa tem o costume de culpar a anterior. É a chamada herança maldita. Esse discurso sempre vem à tona com os maus resultados. No Santa não foi diferente. Nunca estivemos tão mal das pernas. Mesmo com as várias heranças malditas que vão sendo passadas de gestão em gestão no Santa Cruz somos o clube que mais chegou em finais de Campeonatos Estaduais.
Agora nossa briga tem sido para não cair. E olhem que o cara é um vitorioso. Gostaria de vê-lo falando das heranças malditas, mas com um clube disputando títulos e brigando na parte de cima da tabela.
Até mesmo o seu discurso ganharia Credibilidade e Competência, pois foi esse o mote de sua campanha.
(do blog do santinha)

FOLHA DE PERNAMBUCO OU FOLHA DO COMÉRCIO?

Tudo bem que os jornais precisam de publicidade para sobreviver...
Mas o que faz o tablóide sensacionalista Folha de PE é ridículo...
Na véspera dos dia das mães deste ano a manchete do jornal foi um incentivo ao consumismo,jogando todos "às compras".
E hoje,bem e hoje...
A manchete do jornal é "Namorados aquecem o comércio".
Não seria mais coerente assumir-se e trocar o verbo por "AQUEÇAM"?

P.S. Sensacionalismo é a regra da Folha de PE.Ontem a manchete foi "Incêndios ASSUSTAM o centro do Recife.Pois moro no centro e não fiquei nem um pouco assustado,pelo contrário eu e muitos vizinhos só souberam dos incêndios ao ler a malcheirosa publicação.