sexta-feira, 18 de julho de 2008

Enquanto o "ladrão de queijo " tá na cadeia...

Em Recife foi preso um pai de família por roubar dois queijos que iria vender para alimentar a família.
O aluguel estava vencido há meses,não havia praticamente comida em casa...O caso foi tão triste que os agentes da delegacia fizeram uma "cotinha" para ajudar a família do preso!
Enquanto isso...
Entenda o caso do banco Marka e de Salvatore Cacciola
(da Folha Online da Folha de S.Paulo)
Salvatore Cacciola, ex-dono do Banco Marka, foi protagonista de um dos maiores escândalos do país. O caso atingiu diretamente o então presidente do BC (Banco Central), Francisco Lopes.
Em janeiro de 1999, o BC elevou o teto da cotação do dólar de R$ 1,22 a R$ 1,32. Essa era a saída para evitar estragos piores à economia brasileira, fragilizada pela crise financeira da Rússia, que se espalhou pelo mundo a partir do final de 1998.
Naquele momento, o banco de Cacciola tinha 20 vezes seu patrimônio líquido aplicado em contratos de venda no mercado futuro de dólar. Com o revés, Cacciola não teve como honrar os compromissos e pediu ajuda ao BC.
Salvatore Cacciola, ex-dono do banco Marka, durante depoimento no Senado em 1999
Sob a alegação de evitar uma quebradeira no mercado --que acabou ocorrendo--, o BC vendeu dólar mais barato ao Marka e ao FonteCindam, ajuda que causou um prejuízo bilionário aos cofres públicos.
Dois meses depois, cinco testemunhas vazaram o caso alegando que Cacciola comprava informações privilegiadas do próprio BC. Sem explicações, Lopes pediu demissão em fevereiro.
A chefe interina do Departamento de Fiscalização do BC era Tereza Grossi, que mediou as negociações e pediu à Bolsa de Mercadorias & Futuros uma carta para justificar o socorro. O caso foi alvo de uma CPI, que concluiu que houve prejuízo de cerca de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
A CPI acusou a alta cúpula do Banco Central de tráfico de influência, gestão temerária e vários outros crimes. Durante depoimento na comissão, Lopes se recusou a assinar termo de compromisso de falar só a verdade e recebeu ordem de prisão.
Em 2000, o Ministério Público pediu a prisão preventiva de Cacciola com receio de que o ex-banqueiro deixasse o país. Ele ficou na cadeia 37 dias, mas fugiu no mesmo ano, após receber liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello --revogada em seguida. Pouco tempo depois de se descobrir o paradeiro do ex-banqueiro, o governo brasileiro teve o pedido negado pela Itália, que alegou o fato de ele ter a cidadania italiana.
No livro "Eu, Alberto Cacciola, Confesso: o Escândalo do Banco Marka" (Record, 2001), o ex-banqueiro declarou ter ido, com passaporte brasileiro, do Brasil ao Paraguai de carro, pego um avião para a Argentina e, de lá, para a Itália.
Em 2005, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, condenou Salvatore Cacciola, à revelia, a 13 anos de prisão pelos crimes de peculato (utilizar-se do cargo exercido para apropriação ilegal de dinheiro) e gestão fraudulenta.
O então presidente do BC, Francisco Lopes, recebeu pena de dez anos em regime fechado e a diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi, pegou seis anos. Os dois entraram com recurso e respondem o processo em liberdade.
Também foram condenados na mesma sentença outros dirigentes do BC: Cláudio Mauch, Demosthenes Madureira de Pinho Neto, Luiz Augusto Bragança (cinco anos em regime semi-aberto), Luiz Antonio Gonçalves (dez anos) e Roberto José Steinfeld (dez anos).

Um comentário:

Breno Rocha disse...

“Pacto Pela Vida”: “a emenda e o soneto”.

Conta-se que o poeta português Manuel Maria Barbosa Du Bocage, em sua mais prestigiosa época de poesias, recebeu de um jovem aspirante à carreira de versos um soneto para que, de bons préstimos, procedesse a sua correção, postando cruzes sobre os erros encontrados. Bocage, então, devolvera o soneto da forma que recebera – sem qualquer correção. Ao ser interpelado pelo aspirante a poeta se o grande mestre considerara o soneto tão perfeito que dispensava correções, Bocage, conhecido pelo seu apurado sarcasmo, respondera: “do contrário. É tão ruim que tive receio da emenda sair pior do que o soneto”.

Desde então se consagrara a expressão: “a emenda é pior do que o soneto”, a fim de se caracterizar, por exemplo, coisas que são tão ruins que devem ser destruídas, abandonadas, reconstruídas; refeitas totalmente, ao invés de lhes ficarmos “emendando”. É o que se sugere estar acontecendo com o Plano Estadual de Segurança Pública (PESP), mais conhecido como: Pacto Pela Vida.

No dia 18.07 a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Pernambuco encaminhou ao Governador do Estado Ofício no qual solicita “informações detalhadas” sobre o Pacto Pela Vida. O referido protocolo é oficializado um mês depois do Professor Jorge Zaverucha, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Instituições Coercitivas da Universidade Federal de Pernambuco, ter encaminhado documento similar e com os mesmos objetivos, também ao Governo do Estado.

Assim, como o documento da OAB chega ao Governador um mês após o documento do Professor Zaverucha, que, por sua vez, foi entregue um mês depois das avaliações de um ano do Pacto Pela vida, de fato, DOIS MESES APÓS O GOVERNO TER AFIRMADO PUBLICAMENTE QUE 70% DOS PROJETOS DO PACTO PELA VIDA ESTAVAM EM PLENO ANDAMENTO, ESTE AINDA NÃO CONSEGUIU INFORMAR, ENTRE OUTRAS COISAS, QUAIS DESSES PROJETOS FORAM IMPLANTADOS. (Por uma terrível “ironia” do destino, o documento da OAB foi entregue no mesmo dia em que uma criança de nove anos teve a vida ceifada ao sair de uma festa infantil, na Cidade Universitária, quando foi alvo da troca de tiros entre PMs e meliantes – tragédia que nos sugere que, se, como disse Caetano Veloso, “ a Mangueira é onde o Rio é mais baiano”, e na Segurança Pública que o Recife é mais Carioca!).

A lógica pela qual tem se regido o marketing político no Brasil, e em particular em Pernambuco, onde se inaugura – e, evidentemente, se “divulga” a inauguração de – até placas indicativas de futuras obras, nos remete a dedução de que se todos esses projetos estivessem em plena execução (ou se apenas alguns deles... ou se meramente “as placas” deles estivessem prontas), o Governo já os teria divulgado exaustivamente, em onerosas campanhas “multimídia”.

Se não o fez, então, é pelo mesmo motivo que não respondeu ao Protocolo do Professor Zaverucha... e, conseqüentemente, pelo mesmo motivo que o levará a não responder à OAB.

No dia da avaliação do Pacto Pela Vida, em 07.05, em artigo publicado por meio eletrônico, ao denunciar que ZERO POR CENTO das ações previstas no Pacto Pela Vida para o Sistema Penitenciário haviam sido de fato implementadas (o que ocorre ainda até a data de hoje), eu alertava que o referido “Plano de Segurança” não era apenas um “protocolo de intenções”, como vinha sendo tratado, até então, pela Imprensa em geral, que se fixava na cobrança da redução do número de homicídios no Estado; mas, era, principalmente, uma excelente ferramenta de avaliação da eficiência do Governo: da sua capacidade de executar as tarefas a fim de atingir as metas por si mesmo identificadas.

O Pacto Pela Vida se constituiu, então, no “soneto” do Governo. Soneto que à sociedade, no papel de Bocage, caberia avaliá-lo. Coisa que o próprio Governo não permitiu que acontecesse quando avocou para si a tarefa de emendar o próprio soneto... E, para isso, sonegou informações; permitindo assim que suspeitemos que além de sonegá-las, possa tê-las manipulado.

Para responder ao Ofício da OAB, o Governo precisa; de um jeito, admitir que mentiu à população sobre a quantidade dos projetos implantados pelo Pacto Pela Vida, o que provocaria graves repercussões políticas no que concerne ao fazer democrático; de outro jeito – que seria apresentar todas as ações implantadas, as quais perfazem 70% do planejado – restaria o constrangimento de explicar por quê a demora em apresentar resultados já efetivados; o que, por sua vez, o prejudicaria no quesito “agilidade e transparência” – este que é (também) um importante viés do fazer democrático.

Em uma encruzilhada política (ou, para usar o vernáculo nordestino), entre a cruz e a caldeirinha, ao emendar o seu próprio soneto pela ocasião das avaliações de um ano do Pacto Pela Vida, o Governo conseguiu, apenas e simplesmente, validar o axioma de Bocage, que se consagrou como sabedoria popular: eis mais um caso onde A EMENDA SAÍU PIOR DO QUE O SONETO.

(leia mais em http://perplexivo.blogspot.com/ )